sábado, 29 de novembro de 2008

COMENTÁRIO SOBRE ARTIGO DE MURILO BADARÓ PUBLICADO NO "O TEMPO" DESTA DATA

MURILO BADARÓ

 

A quase tricentenária cidade de Minas Novas foi, até a segunda década do século 20, a única cidade do Vale do Jequitinhonha, além de Diamantina, a contar com uma Escola Normal e a oferecer o curso de formação de professores. Aquele famoso educandário funcionava no imponente "Sobradão" que continua em pé, porém desocupado já passados quase 100 anos da lamentável decisão de um coronel em impedir que a juventude da região tivesse acesso à educação, ao ensino e à cultura. A esdrúxula  iniciativa da extinção dessa escola foi de Francisco Duarte Coelho Badaró (avô do ex-senador biônico Murilo Badaró), que era o juiz municipal daquele antigo termo judiciário e, ao mesmo tempo, presidente da Câmara, naquele indigitado tempo, e se fundamentou na justificativa encaminhada ao Presidente João Pinheiro, alegando estar defendendo o interesse do povo do município e afirmando estar preocupado com a crescente diminuição de oferta da necessária mão de obra das pessoas mais simples para os serviços domésticos nas casas abastadas e também nas lides rurais, em imperdoável prejuízo aos fazendeiros, de vez que até mesmo ex-escravos (e os filhos destes) estavam tendo a oportunidade de ingressarem no Curso Normal e se transformando em professores.

 

Nessa histórica e lamentável decisão, que era ato normal e próprio dos coronéis de patente comprada, não se levou em consideração a Abolição da Escravatura no país e a grande importância do ensino e da educação para o progresso social e comunitário.

 

Mesmo assim, são se pode deixar de esclarecer que são conhecidos inúmeros mestres que se formaram naquele educandário, a maioria de negros e pardos, que ao longo dos exercícios anteriores ao triste fechamento da referida Escola Normal se espalharam por todo o Vale do Jequitinhonha, fundando outras escolas e ministrando seus trabalhos de missionários e se transformando em verdadeiros apóstolos do ensino por todo Estado de Minas, como foram os professores José Gomes da Silva, Ritinha Gomes, João Bicalho, Maria Elisa Matos, Ester Silva, Jason Morais, Jacinto José, Flora Brasileira, Edith Pires César, Américo Barbosa, Monsenhor Mendes, Monsenhor Bernardino, Cônego Barreiros, Cônego Figueiró, e muitos outros cidadãos ilustres de nossa história, muito deles que se tornaram vultos mineiros como Dom João Pimenta, Desembargador Tito e os famosos coronéis Fulgêncio Antônio, Manoel Fulgêncio, José Barral, Álvaro Pimenta, Demóstenes César, João Amaral, João André da Costa, Orozimbo Cunha, etc.

 

Sucedeu politicamente ao Coronel Francisco Duarte Badaró, no comando do então vasto e poderoso município de Minas Novas, o seu filho Dr. Francisco Badaró Júnior (Dr. Chico Promessa) que, por sua vez, permaneceu mais de 20 anos no governo, na condição de interventor nomeado pela Ditadura de Getúlio Vargas e Benedito Valadares, período de estagnação política, ostracismo econômico e opressão social em que jamais foi inaugurada qualquer escola naquele que se transformou no mais pobre e explorado município de todo o decantado Vale do Jequitinhonha.

 

Desde o período anterior à extinção da referida Escola Normal de Minas Novas, e no decorrer de quase todo o século vinte, a família Badaró dominou com mãos de ferro a política, não só em Minas Novas, mas, de resto, na maioria das cidades do Vale do Jequitinhonha onde o analfabetismo ainda hoje se apresenta como o maior entrave ao progresso e ao desenvolvimento de uma das regiões brasileiras que vem se esforçando herculeamente para melhorar seus índices, livrando-se de vez do domínio dos coronéis e, conseqüente, desvencilhando-se do vergonhoso e irrisório IDH que atualmente ostenta, para não aceitar jamais, em pleno século 21, o lamentável epíteto de Vale da Miséria.

 

No recente ano de 2006 o ex-senador biônico MURILO BADARÓ, ovo de uma serpente escondido nas cinzas do vil carrancismo, sucessor político daqueles algozes de Minas Novas, esta que já foi a invejável VILA DO FANADO, após concorrer em uma eleição reconhecida pela corrupção e eivada pelo indisfarçável uso e abuso dos poderes econômico e de comunicação de massa, por parte de seu grupo, elegeu-se para ser o prefeito daquele empobrecido município que vive ainda o caos administrativo por ele implantado. Na sua folclórica administração municipal implantou na cidade de Minas Novas o mais lamentável sistema de governar através de jagunços, prepostos e de paus-mandados, de vez que o tempo todo de seu expediente permanecia na capital, cuidando de seus negócios particulares e no comando de uma academia, de onde, via das emissoras de sua rádio ou através do precário sistema telefônico, dizia estar exercendo seu mandato de prefeito.

 

O fato lamentável, de toda esta trama, resume-se que, não cumprindo o Badaró nem a metade do tempo previsto pela lei, de forma irresponsável e lamentável, viu-se o ex-biônico na triste condição de apresentar sua renúncia ao cargo de prefeito de sua maltratada cidadezinha, tudo por força do enorme apelo popular que assim lhe exigia e diante da forte e esmagadora constatação de que nada fez em benefício daquele sofrido povo, quando o que, de fato produziu, entre variadas e desastrosas atitudes de improbidade administrativa, foi justamente o fechamento de várias escolas rurais criadas pelos seus antecessores recentes, deixando novamente o município desestruturado no setor que sempre foi o mais sensível: o da educação.

 

Aos mineiros e brasileiros de bem que lêem os artigos assinados pelo atual presidente da Academia Mineira de Letras, em crônicas vazadas pela demagogia e pela falsa impressão tratar-se de um político identificado com a cultura, com a educação, com a responsabilidade social e com a ética, seria aconselhável observar até onde vai o poder de enganar, desse famigerado político egresso do regime militar, quando ousa o mesmo tecer considerações e críticas mordazes ao democrático e insuperável Governo do Presidente Lula, a exemplo daquela sua cretina observação, hoje estampada no jornal "O Tempo", onde disfarça sua origem coronelística e não consegue esconder sua tradicional e clara aversão aos negros e aos pobres, esta sim que é uma IRRESPONSÁVEL SEMEADURA DE VENTOS.

 

(Vide matéria citada, no "O Tempo" – pag 19, desta data)

 



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geraldo mota
http://geraldomotacoelho.blogspot.com/

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