OAB lança projeto por reforma política
Primeiros Estados a registrar os cidadãos que apoiam o anteprojeto serão o Distrito Federal e o Pará.
A   Ordem dos Advogados do Brasil no Estado do Pará (OAB-PA) começa hoje a   coletar assinaturas em prol do anteprojeto de lei, de iniciativa   popular, para a reforma política do Brasil. A proposta foi lançada ontem   na sede da OAB nacional, em Brasília, pelo presidente do Conselho   Nacional da OAB, Marcus Vinícius, durante o ato público que inaugurou a   campanha por eleições limpas no Brasil, concebida pela própria entidade.   As assinaturas para o anteprojeto serão coletadas em todas as   seccionais da Ordem no País. O objetivo são 1,5 milhão de nomes para que   a proposta seja levada ao Congresso Nacional. Os primeiros Estados a   registrar os cidadãos que apoiam o anteprojeto serão o Distrito Federal e   o Pará. 
As assinaturas serão enviadas por via online, nos sítios virtuais das respectivas seccionais e na página www.eleicoeslimpas.org.br .   A OAB deve iniciar nos próximos dias uma campanha para que todos os   brasileiros participem da iniciativa. Hoje, Marcus Vinícius entregará à   presidente Dilma Rousseff um documento oficial com a proposta de reforma   política proposta pela OAB. "Esse ato público é fruto de muito estudo e   do pensamento das entidades que integraram o movimento que brigou pela   lei da Ficha, com o apoio integral da OAB. Agora vamos evoluir. Chegou a   hora de construirmos eleições limpas para nosso país", disse o   presidente da OAB. 
O presidente da OAB-PA, Jarbas Vasconcelos,   acredita que a proposta da OAB nacional soma continuidade à onda de   manifestações populares que tomou as ruas do País nas últimas semanas.   "Chegou a hora de começarmos a pensar em objetivos, propor algo mais   concreto. E o que a OAB está fazendo é sugerir uma mudança, a mudança na   política, que é fundamental para as transformações no País. O fim da   corrupção começa na reforma política", explicou. "Se nós conseguirmos   propor mudanças no financiamento de campanha, por exemplo, modificando a   forma como ele é feito hoje, estaremos dando um passo gigantesco no   sentido de acabar com a corrupção", disse. "Essa é a alternativa   concreta e correta para tirar o Brasil desse impasse em que ele se   encontra", completou. 
O financiamento democrático se resume em   duas medidas, segundo explicou o presidente nacional da OAB ao longo da   divulgação da campanha pela reforma política: primeiro, barateamento das   campanhas, de tal modo que o atual recurso utilizado para o   financiamento de partidos no Fundo Partidário seja utilizado nas   campanhas eleitorais, como recursos do orçamento; mas com a contribuição   de pessoas físicas no limite de até R$ 700,00. Marcus Vinícius entende   que as empresas não podem ter partidos políticos, nem ideologia; as   empresas não podem participar da definição dos rumos do País. O conceito   de povo constante na Constituição Federal,   segundo ele, não admite que ele seja integrado por empresas. Povo é   constituído pelas pessoas que compõem nosso País, de modo que somente as   pessoas podem contribuir para as campanhas eleitorais, e não as   empresas. 
Ao conduzir o ato na sede da OAB, Marcus Vinícius   ressaltou que de nada adianta se queixar da corrupção sem combater a   raiz do problema, que é a forma atual de financiamento das campanhas   eleitorais no Brasil. Segundo o presidente da OAB, o anteprojeto ataca   efetivamente as causas da corrupção administrativa, uma vez que seu   germe está na corrupção eleitoral. "A relação incestuosa entre empresas e   candidatos em campanhas eleitorais se repercute em contratos   superfaturados, licitações dirigidas e na má versação dos recursos   públicos", afirmou. "Nunca teremos educação e hospitais de qualidade no   Brasil se não houver uma mudança profunda no sistema político eleitoral   brasileiro", acrescentou. 
O anteprojeto de lei de reforma   política democrática e popular, elaborado há cerca de cinco meses após   várias reuniões e audiências públicas envolvendo uma série de movimentos   sociais, tem três temas principais: a defesa do financiamento   democrático das campanhas, para que os candidatos ingressem ou   permaneçam na política sem que tenham que se submeter a financiamentos   espúrios por parte de empresas; do voto transparente e da liberdade de   expressão na Internet. 
O objetivo agora, segundo acrescentou o   presidente da OAB, é partir para a coleta das assinaturas e apresentar o   anteprojeto à Câmara e ao Senado, aos presidentes das Comissões de Constituição   e Justiça e aos lideres partidários. "Junto com a mobilização social,   queremos o diálogo com o Congresso Nacional porque sabemos que não há   democracia sem representação pública. Ela é fundamental para que sejam   aprovados institucionalmente os anseios da sociedade", disse. 
Em   seu discurso, o presidente da OAB ainda chamou a atenção para as   manifestações de rua e protestos que vêm ocorrendo em todo o país, tendo   como protagonista a sociedade civil. Segundo ele, por meio das faixas e   cartazes, a população tem dito que não aceita mais o sistema eleitoral   atual. "Temos que evoluir a democracia para um Estado que cuide do   cidadão, que ofereça saúde adequada, educação de qualidade e transporte   coletivo que realmente possibilite à população uma integração e   desenvolvimento social. Tudo isso só conseguiremos a partir de uma   reforma política urgente", comentou. 
Questionado sobre o que é   mais importante para o projeto e sobre como ficará a questão do   financiamento de campanha, Marcus Vinícius respondeu: "É hora de   mudarmos o Brasil, acabando com a corrupção administrativa, que começa   com a corrupção eleitoral. Vamos retirar qualquer incentivo para que   relações indevidas entre candidatos e empresas possam influenciar no   resultado das eleições. Sem isso, nunca iremos combater as causas da   corrupção em nosso País, que começa com a corrupção eleitoral. Portanto,   o financiamento democrático de campanha é fundamental para que tenhamos   eleições limpas e para que desestimulemos práticas indevidas de   corrupção eleitoral", completou. 
O presidente da OAB ainda   chamou a atenção para outros temas a serem também defendidos pelo   movimento. O primeiro deles é a criação de comitês de controle social de   gastos públicos para impor efetividade às leis de acesso à informação e   da transparência. "Precisamos pressionar para que essas duas leis   constituam instrumentos de controle da sociedade, aí incluídos os gatos   referentes à Copa do Mundo. As planilhas devem ser tornadas públicas e   auditadas pela sociedade civil brasileira. São uma resposta importante,   imediata e necessária para conter a corrupção no país", disse. 
Outra   pauta destacada foram os projetos de lei de iniciativa popular do   Saúde+10, que obriga o governo federal a reverter pelo menos 10% do   orçamento geral da União na saúde, e o que determina a aplicação de 10%   do PIB Nacional em educação. O ultimo ponto que o movimento também   abordará será a aplicação do Código de Defesa do Consumidor   em favor dos usuários dos serviços públicos. Segundo destacou o   presidente da OAB, há quinze anos o Congresso está em mora com a   sociedade brasileira na obrigação de editar uma lei de proteção aos   usuários dos serviços públicos no Brasil. "Temos que criar os Procons   dos serviços públicos e fazer com que a população, ao ser mal tratada em   hospitais e ao receber educação sem qualidade, tenha como canalizar sua   justa reclamação", acrescentou. 
por Rafael Querrer, da Sucursal Brasília
Fonte: Neldson Neves (O Liberal)
 
 
 
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