sábado, 20 de fevereiro de 2021

A MULA SEM CABEÇA

A MULA-SEM-CABEÇA ================= Afirmava Vicente Nicho, que era o encarregado de acender os lampiões da antiga iluminação pública, que certa vez ele próprio teria visto de bem perto a figura assombrosa e terrível da famosa Mula. Segundo sua narração, estava ele abastecendo de carbureto um dos lampiões que se localizavam próximos à Casa da Câmara, os únicos que tinham de permanecer acesos durante toda a noite, quando tudo, de repente, ocorrera e daquela visão ele nunca se esqueceu. Já eram "mortas as horas" e o restante da cidade já se encontrava totalmente às escuras e em absoluto silêncio. Os outros lampiões, já apagados, eram abastecidos com querosene. O carbureto, naquele horário, tinha como razão o fato de produzir uma claridade mais intensa - necessária à melhor proteção do local - com o inconveniente do cheiro forte e desagradável que não só não perturbava a saúde dos moradores, porque as casas de residências ficavam mais afastadas daquele local. De repente, notou o funcionário foguista que a chama das lâmpadas iam aumentando, num crescendo descomunal, em direção ao animal - ali surgido como por encanto - e que o monstro possuía, no lugar da cabeça, um grande cadinho, para o qual o enorme bicho sugava, para dentro de si, toda a luminosidade emanada do carbureto, como se este fosse o seu combustível. Depois de sorvida toda a luz que emanava dos lampiões a gás de carbureto, a mula sem cabeça, com sua imensa tocha flamejante como se fosse um maçarico andante, saiu veloz e trotando pela Rua Direita, tirando fogo na calçada, quando aplicou um violento coice na altura da última janela do Sobradão, derrubando-lhe um pedaço do beiral do telhado, seguindo em direção do largo das Cavalhadas e, no que ele pôde perceber, a fantasmagórica figura, como se conhece muito bem o caminho, buscou seu refúgio e alojamento na estrebaria da antiga Pousada, cuja porteira já estava aberta como se a esperasse e para acolher. Segundo o antigo funcionário municipal, naquela mesma data e no exato momento da estranha visita, acabava de falecer, na cidade, uma senhora "de boa família", que as más línguas diziam ter sido "mulher do padre", ou seja, camareira piedosa do antigo vigário. Assim, ficou esclarecida a origem da aterrorizadora personagem que ainda hoje, nas sextas-feiras sem lua, apavora e amedronta a população de Minas Novas. * * * * *

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