sábado, 6 de junho de 2009

O Brasil explicado - EXCELENTE!!!

 




O BRASIL EXPLICADO  EM GALINHAS

Pegaram o cara em  flagrante roubando galinhas de um galinheiro e o levaram para a delegacia.

D-  Delegado                               L - Ladrão

D - Que vida mansa,  heim, vagabundo? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai para a cadeia!

L - Não era para mim  não. Era para vender.

D - Pior, venda de  artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido.  Sem-vergonha!

L - Mas eu vendia  mais caro.

D - Mais caro?

L - Espalhei o boato  que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas galinhas não. E que as  do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.

D - Mas eram as mesmas galinhas, safado.

L - Os ovos das minhas eu pintava.

D - Que grande  pilantra... (mas já havia um certo respeito no tom do delegado...)

D - Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega...

L - Já me pegou. Fiz  um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as galinhas  dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem  iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiros a entrar no nosso  esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um ovigopólio.

D - E o que você faz  com o lucro do seu negócio?

L - Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados.  Dois ou três ministros. Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e  ovos para programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.

O delegado mandou  pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável,  se ele não queria uma almofada.

Depois perguntou:

D - Doutor, não me  leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?

L - Trilionário. Sem  contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.

D - E, com tudo  isso, o senhor continua roubando galinhas?

L - Às vezes. Sabe  como é.

D - Não sei não,  excelência. Me explique.

L - É que, em todas  essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. O risco, entende? Daquela sensação  de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só  roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é  excitante. Como agora fui preso, finalmente vou  para a cadeia. É uma experiência nova.

D - O que é isso,  excelência? O senhor não vai ser preso não.

L - Mas fui pego em  flagrante pulando a cerca do galinheiro!

D - Sim. Mas  primário, e com esses antecedentes...


Luis  Fernando Veríssimo.




 
 


Geraldo Mota
http://geraldomotacoelho.blogspot.com/

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