segunda-feira, 31 de maio de 2010

PIADA NERD!


"Data maxima venia", como diria um latinista que advogou -- de forma bissexta e canhestra -- lá pelas bandas do Fanado, submeto à sua apreciação o "coloquium" abaixo descrito. Trata-se de um "instantâneo" tendo como cenário os corredores de um forum gaúcho, a nos indicar que  os profissionais da "Ciência" do Direito são complexos, mas conseguem nos distrair.
 
Rafael Berthold,
advogado (OAB-RS nº 62.120)
 
Leia o diálogo do juiz e de sua íntima advogada:


"Desajeitado, o magistrado Dr. Juílson tentava equilibrar em suas as
mãos, a cuia, a térmica, um pacotinho de biscoitos, e uma pasta de
documentos.

Com toda esta tralha, dirigir-se-ia para seu gabinete, mas ao dar meia
volta deparou-se com sua esposa, a advogada Dra. Themis, que já o
observava há sabe-se lá quantos minutos. O susto foi tal que cuia,
erva e documentos foram ao chão. O juiz franziu o cenho e estava
pronto para praguejar, quando observou que a testa da mulher era ainda
mais franzida que a sua.
 
Por se tratarem de dois juristas experientes, não é estranho que o
diálogo litigioso que se instaurava obedecesse aos mais altos padrões
de erudição processual.

– Juílson! Eu não agüento mais essa sua inércia. Eu estou carente,
carente de ação, entende?

– Carente de ação? Ora, você sabe muito bem que, para sair da inércia,
o Juízo precisa ser provocado e você não me provoca, há anos. Já eu
dificilmente inicio um processo sem que haja contestação.

– Claro, você preferia que o processo corresse à revelia. Mas não
adianta, tem que haver o exame das preliminares, antes de entrar no
mérito. E mais, com você o rito é sempre sumaríssimo, isso quando a
lide não fica pendente... Daí é que a execução fica frustrada.

– Calma aí, agora você está apelando. Eu já disse que não quero
acordar o apenso, no quarto ao lado. Já é muito difícil colocá-lo para
dormir. Quanto ao rito sumaríssimo, é que eu prezo a economia
processual e detesto a morosidade. Além disso, às vezes até uma
cautelar pode ser satisfativa.

– Sim, mas pra isso é preciso que se usem alguns recursos especiais.
Teus recursos são sempre desertos, por absoluta ausência de preparo.

– Ah, mas quando eu tento manejar o recurso extraordinário você sempre
nega seguimento. Fala dos meus recursos, mas impugna todas as minhas
tentativas de inovação processual. Isso quando não embarga a execução.

Mas existia um fundo de verdade nos argumentos da Dra. Themis.
 
E o Dr.Juílson só se recusava a aceitar a culpa exclusiva pela crise do
relacionamento. Por isso, complementou:

– Acho que o pedido procede, em parte, pois pelo que vejo existem
culpas concorrentes.  Já que ambos somos sucumbentes vamos nos dar por
reciprocamente quitados e compor amigavelmente o litígio.

– Não posso. Agora existem terceiros interessados. E já houve a
preclusão consumativa.

- Meu Deus! Mas de minha parte não havia sequer suspeição!

– Sim. Há muito que sua cognição não é exauriente. Aliás, nossa
relação está extinta. Só vim pegar o apenso em carga e fazer remessa
para a casa da minha mãe.

E ao ver a mulher bater a porta atrás de si, Dr. Juílson fica tentando
compreender tudo o que havia acontecido. Após deliberar por alguns
minutos, chegou a uma triste conclusão:

E eu é que vou ter que pagar as custas... 
 
A final das contas, toda advogada ativa acaba militando em outras varas... 



--
geraldo mota
http://geraldomotacoelho.blogspot.com/

Um comentário:

Unknown disse...

Olá meu amigo dileto aqui estou para comentar sobre seu blog nota 10 meus parabens pelo bom gosto

um grande ABRAÇO

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