Fartura de
fanadeiro
“Na roça não há fome: Na
casa de bom nome,
se faltar carne, corte
o João Gome e come”
(Dito popular)
(Lalau)
Chuva é
Bênção Divina
E quanto
mais chuva, mió:
Nesse tempo
só se amofina
Quem é
besta ou arigó.
É certo que
a couve some,
na latada
mela o chuchu;
Mas tem no
mato o João gome
Que é o
mesmo bom cariru.
No lugar de
couve, folha de taioba
Que é uma
delícia, cosida com angu.
Comida boa,
que não é gororoba,
Como diz o
indolente, o pobre jacu.
Comer bem é
sabedoria, é cultura
Onde roceiro faz açúcar mascavo
Guarda o melaço, a doce rapadura
Além do mel
puro, a cera e o favo
Na horta tem
beldroega e serralha
Que são
folhas boas pra digestão
Orapronobis
subindo cerca de vara
Laranja brava,
figo, pitanga e algodão
No caqueiro
o alecrim e o manjericão
A salsinha,
o coentro, alho e cebolinha
No
chiqueiro o porco gordo e o leitão
No cercado
o ovo e a sagrada galinha.
Do mamão aproveita-se
o tronco,
A flor, o
fruto, o talo, a folha, a fruta,
Morre de
fome o peão que é bronco
O preguiçoso,
lelé, indolente ou biruta
CHUVA NA
ROÇA
Pingo
d’água não machuca pé de jiló
Nem
atrapalha as ramas da abóbora
Quiabo e
caxuxa crescem de fazer dó
E matam a
fome de quem na roça mora
No mato tem
a palma e o pequi
Tem
mangaba, gabiroba e cambui
Tem ananás,
murta, cagaita e murici
Tem jatobá,
mucuna, caju e bacopari
E diante de
tanta fartura,
Prá ninguém
ficar jururu.
Tenha paz,
alegria e candura
Comendo
torresmo com andu.
E pra quem
não gosta de rima
Ou de
versos de pé quebrado
Digo-lhes
não ser minha sina
Tolerar besta,
quem é aperreado
E então vá
plantar batata,
Quem não
gosta de urucu
Vá catar coco,
amolar a vaca
Quem gosta
de caçar tatu.
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(Lalau)
Riquezas da
Natureza,
São a água,
o fogo, o ar:
Com eles,
tudo é beleza,
Mas também
podem matar.
Grota é
lugar de vazante
Água não
sobe espigão
Só quem é
muito vacilante
Não sabe
escolher o chão
Prá fazer
sua morada
É preciso
ter atenção
Corra de
barrancada
De morro de
aluvião
Beira de córrego e ribeirão
São calhas
que se deve olhar
Como um leito
de tradição
Pra depois
não se reclamar
É na seca
que se constrói
(Veja com
muita atenção!)
Pra não ter
“meu pé me dói”
Depois de
uma destruição
Pois água não
tem cabelo
Nem breque,
nem noção
Faço deste
verso um apelo
Não
facilite com água, não.
Observe o
João Garrancho
Faça o
ninho com segurança
Mesmo que
seja um rancho,
Onde a água
nunca alcança.
Água é
Dádiva de Deus
É com ela
que há abastança
Seja vivo,
proteja os seus
E tenha fé
e esperança.
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