O eleitor e o livro
                                                                    José Maurício Guimarães
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Dizem    que o livro tem mais de seis mil anos de história. Nossos remotos ancestrais    escreviam em placas de barro, em folhas de palmeiras e cascas das árvores.    Com o desenvolvimento da técnica, surgiu o pergaminho e mais tarde o papel.    Imaginem o esforço despendido para a redação dos textos sagrados - O Livro dos Mortos, os Vedas, os textos da Torah hebraica, osEvangelhos - e dos códigos de Manu, de Hammurabi.  
Quando    vejo pessoas indiferentes diante das bibliotecas e livrarias, pergunto-me se    elas têm ideia de como os livros eram feitos e "distribuídos" até o    Século XV.  
Cada    "exemplar" era copiado a mão e compartilhado com meia-dúzia de    pessoas dentre os poucos que sabiam ler. Tivemos de esperar até as primeiras    décadas do Século XV quando Johann Gutenberg inventou a prensa e    "lançou" a primeira Bíblia impressa entre 1450 e 1455. Hoje,    apáticos e insensíveis diante das livrarias e bibliotecas, os    consumidores estão mais preocupadas com os sapatos, com o último modelo    de celular e com a griffe; há 15 anos atrás eles possuíam pelo menos um    livro em suas casas: o catálogo de telefone - hoje, nem isso. 
 Prá que    ler?  
Por que    comprar livros ou visitar uma biblioteca?  
A tropa    dos estúpidos diz, caçoando: "burro    carregado de livros é doutor".  
Mas    quando a desinformação os faz escolher errado, o ditado vira outro: "burro que não carrega livros é um burro    mesmo".  
Costumo    avaliar as pessoas, entre outras coisas, pela abordagem que fazem dos bens de    Cultura. Fico boquiaberto quando uma "autoridade" se    gaba de ter alcançado sucesso ou as primeiras páginas dos jornais sem nunca    ter "lido um livro sequer".    Ou aquele outro, olhando de soslaio para mim – com se isso me ofendesse!    – e rosnando que "cultura não    leva a nada". 
 Não leva, mas traz. 
A    Cultura e os livros por si só não funcionam sem os dons    da inteligência, da sabedoria e da autoridade moral. Não é necessário    andar carregado de livros para aparecer nas fotos da primeira página do    jornal; essa notabilidade possuem também os criminosos, os corruptos e os    sociopatas que atingem a fama todos os dias - senão na primeira, pelo    menos na página policial.  
Há    uma semelhança entre essas duas palavras: LIVRO eLIVRE.  
O    combate ao analfabetismo rudimentar e funcional tem olhos fixos no livro e,    por extensão, no acesso aos jornais, revistas e à internet.  
O voto-de-cabresto dos dias atuais é consequência    da desinformação. Os candidatos se aproveitam da pouca leitura que os    eleitores têm dos fatos e da palavra impressa. E aqui, duas    outras palavras muito próximas: LEITOR e ELEITOR. 
 Da situação e do acervo das bibliotecas    públicas e privadas do País podemos deduzir o caminho percorrido do livro ao livre, do leitor ao eleitor. As    verbas destinadas às bibliotecas e os incentivos à indústria e comércio do    livro são compatíveis com os tristes resultados observados: num    país com 190 milhões de habitantes, temos apenas 8,5% de leitores dos    quais 4% compram livros. Mesmo assim, 9,5 milhões têm mais de 30 anos e    12 milhões vivem entre as Regiões Sul e Sudeste. Eis o retrato de uma    população desinformada e facilmente manipulável. 
 Não sou candidato a nada, nem pleiteio    cargos. Tenho profissão e meios de subsistência que me permitem, entre    outras coisas, a liberdade de pensar e expressar minha opinião.     
Preocupo-me    é com os jovens de hoje e com as futuras gerações, pois parece    quase impossível reverter o quadro educacional entre as pessoas com mais    de 30 anos, presas à televisão e aos discursos de campanha.  
Não    tenho dúvida de que a corrupção, as drogas, a violência e os maus políticos    só começarão a ser erradicados mediante uma boa Educação que inclua o hábito da leitura    e o livre exercício da inteligência.   
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