quarta-feira, 28 de abril de 2010

Reportagem que bem define o oportunismo pseudo-religioso...


 
Dízimo de evangélicos vão pras campanhas politica milionárias de seus pastores - Doações de evangélicos superam R$ 1 bi por mês
 
O Estado de S. Paulo
 
Com mais adeptos, a Igreja Católica arrecada menos dinheiro, que tem como um dos destinos as campanhas politicas, segundo especialistas
 
De Márcia Vieira:
 
As igrejas evangélicas no Brasil recolhem por mês entre seus fiéis mais de R$ 1 bilhão - precisamente R$ 1.032.081.300,00 num único mes. A Igreja Católica, que tem mais adeptos espalhados pelo País, arrecada menos: são R$ 480.545.620,00 em doações. Os números estão na pesquisa sobre religião realizada pelo Instituto Análise com mil pessoas em 70 cidades brasileiras.
 
Entre os evangélicos, as igrejas que mais recolhem são as pentecostais, como a Assembleia de Deus, e neopentecostais, como a Universal do Reino de Deus. Cada fiel doa em média R$ 31,48 - mais que o dobro das esmolas que os católicos deixam nas suas paróquias (R$ 14,01).
 
E para onde vai tanto dinheiro?
 
Alberto Carlos Almeida, diretor do Instituto Análise, aposta que os políticos evangélicos são um dos destinatários. "Parte desse dinheiro é usada para financiar campanhas, sem que os próprios fiéis dêem conta dessa destinação. É só reparar no aumento dos candidatos evangélicos e no fato de os não-evangélicos cortejarem as igrejas nas campanhas."
 
O cientista político Cesar Romero Jacob, autor do Atlas da Filiação Religiosa e Indicadores Sociais no Brasil, se diz surpreso com a queda de "15 pontos porcentuais" no número de fiéis da Igreja Católica. Mas não tem dúvida sobre a força dos pentecostais e neopentecostais no voto do brasileiro.
 
Nas periferias, acordos com pastores e partidos populistas. "O debate político é intenso sobretudo na classe média das grandes cidades. Nos grotões e na periferia o que funciona é a máquina. Seja ela das igrejas pentecostais, dos populistas ou das oligarquias."
 
Doações de evangélicos superam R$ 1 bi por mês
 
Figura polêmica, o Bispo Macedo, fundador da Universal do Reino de Deus, é conhecido pela maioria dos brasileiros. Mas sua imagem não é das melhores. Para 70% dos entrevistados, "ele usa o dinheiro da Universal para enriquecer, comprar empresas de comunicação e ampliar seu domínio político-econômico". Entre os próprios evangélicos, 57% têm essa impressão. Apenas 18% de seus próprios seguidores dizem que "ele é bom e tudo o que faz com o dinheiro da Universal é para o "bem" de seus fiéis".
 
É o paradóxo da fé cristã e da religiosidade em geral, onde um sacerdote é visto com maus olhos pelos seus fiéis, mesmo assim concordam com suas práticas mercantilistas.
 
A pesquisa mostra que a estratégia de recolher doações funciona muito bem, sobretudo na Universal. "Os pastores falam de dinheiro o tempo todo", constata a antropóloga Diana Lima, do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio, o Iuperj. "Além do dízimo, os fiéis são estimulados a fazer propósitos com Deus e pagam por isso."
 
O Bispo Macedo, que responde a processo criminal por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, levou ao máximo a Teologia da Prosperidade, criada por americanos no início do século 20. "A relação com Deus é de contrato. Não se espera a salvação para depois da morte. O que interessa é o aqui e agora", analisa Diana, que há cinco anos frequenta cultos, para entender o que move uma pessoa pobre a doar o pouco que tem para Macedo e seus pastores.
 
Diana defende a tese de que a Universal estimula o empreendedorismo dos fiéis. "Não é aquele negócio de pedir uma casa a Deus e ficar esperando que caia do céu. Não. Eles querem oportunidades. E sobretudo não querem mais ser humilhados."
 
Ela destaca que os pastores falam muito nisso. "Quem tem dinheiro se locomove confortavelmente no seu carro, não passa pela humilhação de andar no trem." - O discurso se baseia na lógica do dinheiro. "Os fiéis investem agora, dando dinheiro à igreja nesse acordo com Deus, para ter o lucro lá na frente." Um tipo de "carnet da felicidade" para apostar a sorte contra Deus. Nessa "Teologia da Prosperidade", a espiritualidade humana é renegada a último plano em benefício de um selvagem modelo de competição capitalista, onde Deus é entendido como um mero caixeiro do "jogo do Bicho". Quanto mais se aposta, mais supostas chances de "ganhar". E se o fiel não ganha, a culpa não é da roleta, mas sim da falta de "fé" do próprio fiel-apostador. Na perda econômica do fiel, não há "culpados" nem fraudes visíveis, e a igreja continua aumentando seu caixa.
 
Diana comprovou que os fiéis não se incomodam com o enriquecimento dos pastores. "Uma das explicações é que o pastor está num lugar "santificado". Então, faz sentido estar economicamente bem." Quando ouvem acusações de desvio de dinheiro, como a que levou o casal Estevam e Sonia Hernandes, líderes da Igreja Renascer, para a cadeia, preferem não julgar. "Os fiéis acham errado, mas defendem que cada um tem de se preocupar com seu compromisso econômico diante de Deus. Isso não desautoriza a igreja."
 
Enfim, grande parte desse dinheiro arrecadado vai manter campanhas politicas de pastores para aumentar a representação evangélica no Congresso, e muito além da proporcionalidade do número de evangélicos no Brasil.
 
Mas essa representação política é uma faca de dois gumes. Com o poder político nas mãos os pastores deputados criam mais leis que privilegiam suas práticas abusivas de enriquecimento e inocentam o uso mercantilista da fé, transformando a religiosidade dos fiéis no negócio mais rentável do país, livres não só dos impostos que recaem sobre todos os demais empresários e trabalhadores, como também desobriga de declarações ao fisco, o que causa injusto protecionismo com esse tipo de negócio diante de todas as outras camadas produtivas da sociedade.
VOZ DO BRASIL é um boletim que discute questões polêmicas na sociedade, no Estado e na cultura brasileira 

geraldo mota
http://geraldomotacoelho.blogspot.com/

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