Igreja Católica condena "baixo nível moral" dos "reality-shows"
18.02.2011 - 15:40 Por Luísa Teixeira da Mota
Numa nota divulgada ontem pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Igreja Católica, no Brasil, condenou os "reality-shows" televisivos por considerar que "atentam contra a dignidade humana".
No Brasil, o "reality show" Big Brother já vai na 11ª edição (Adriano Miranda)
Os bispos brasileiros manifestaram-se sobre o assunto no âmbito do Conselho Episcopal Pastoral, que decorreu de 15 a 17 de Fevereiro em Brasília, depois de terem recebido diversos pedidos para se pronunciarem "a respeito do baixo nível moral que se verifica em alguns programas televisivos, particularmente nos (...) 'reality-shows'".
Esta crítica atinge diretamente programas como o Big Brother, que no Brasil vai já na sua 11ª edição", e "A Fazenda", o "reality-show" da rede Record, em que um conjunto de participantes conhecidos do público (humoristas, autores, modelos...), enfrentam as dificuldades e os prazeres de uma vida no campo.
A Igreja brasileira destaca no comunicado "o papel desempenhado pela TV no nosso país e os importantes serviços por ela prestados à sociedade", mas lamenta que esses serviços sejam, muitas vezes, "ofuscados" por outros programas, como é o caso dos "reality-shows", que serão, segundo eles, atentatórios da dignidade humana, tanto dos seus participantes, como do "público receptor que é a família brasileira".
A CNBB classifica os "reality-shows" como um "mal na sociedade" e, apesar de a nota publicada no "site" da Conferência expressamente se referir ao respeito pela "legítima liberdade de expressão", os bispos entendem que essa liberdade "não assegura a ninguém o direito de agressão impune aos valores morais que sustentam a sociedade".
Ao longo de toda a nota, a Igreja faz pedidos e sugestões a vários sectores da sociedade: "Uma reflexão mais profunda sobre seu papel e seus limites, na vida social, tendo por parâmetro o sentido da concessão que lhes é dada pelo Estado" é o pedido feito pela CNBB às emissoras de televisão.
Ao Ministério Público a Igreja pede que tome providências quanto à programação televisiva e que se identifiquem os "evidentes malefícios" que ela traz violando a Constituição.
Dos pais e professores os bispos querem um diálogo que crie nos filhos e alunos o "senso crítico indispensável" que os proteja da "exploração abusiva e imoral" que a televisão, de acordo com a sua visão, promove.
A anunciantes e agentes publicitários, a CNBB alerta-os sobre o significado da associação que existe entre as marcas que promovem e o "processo de degradação dos valores da sociedade".
De acordo com a imprensa brasileira, tanto a Rede Globo como a Rede Record já se terão pronunciado sobre os ataques aos seus programas de televisão. A TV Globo informou que é "uma emissora laica, com uma visão de cultura e mesmo de comportamento social e moral que não segue preceitos religiosos", e a Record desvalorizou a nota referindo que a declaração não se refere aos seus programas.
No final do seu comunicado, o episcopado brasileiro pede a Deus, através da intercessão da Nossa Senhora da Aparecida, "luz e proteção a todos os profissionais e empresários da comunicação".
geraldo mota
http://geraldomotacoelho.blogspot.com/
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