Depois do grande sucesso editorial do DICIONÁRIO FANADÊS - JEQUITINHONHÊS - MINERÊS, o ex-deputado federal CARLOS MOTA lança o seu novo livro "eu e Marilyn Monroe & o Outro".
eu e Marilyn Monroe & o Outro
Texto da orelha
“Servidor público que sempre fui e enquanto sou.” Esta é a personagem principal de eu e Marilyn Monroe & o Outro, o protagonista de um livro, eu-narrador da própria história em confronto com o Outro. Abstém-se da comunicação, autoensimesmando-se, mas cumpre o ritual da rotina na frequência ao bar, ao sebo, na jornada de trabalho e no malviver na pensão barata em que mora sozinho. Consome cervejas, petiscos (os tira-gostos) e livros do cânone universal, mas escraviza-se aos arquivos assolados por ácaros, poeira e outros bichos. Cabe-lhe preencher infinitamente fichas e mais fichas, com o histórico de cada funcionário. Seu envolvimento é tal com a tarefa de preencher cada ficha com uma máquina de escrever, que dela se faz íntimo: “Querida Ficha”. Torna-se epistolar o seu relato da vida do estereótipo de um amanuense, um barnabé que conhece as intrigas de todas as carreiras que armazena indefinidamente, entre vivos, mortos e afastados, em seu Arquivo de Pessoal. Mas prevalecem seus Arquivos do Cérebro, os livros que leu, pagando-os pela leitura, sem comprá-los.
Onde entra Marilyn Monroe nesta vida obscura e ensimesmada, escravizada ao mesmo do mesmo nos subterrâneos dos papéis velhos e ácaros, em tempo ainda pré-digital? Um Outro, que se abre do espelho, insinua-lhe que ele seduziu Marilyn Monroe; ou poderá seduzi-la? Ao mesmo tempo que o incomoda, move-o a elucubrações com essa Vênus da modernidade, ameaçando-lhe com o próprio fato de que “Marilyn não havia morrido”: “Quando a espreitei pela primeira vez, um frio me subiu pela espinha, pois a tomei por Marilyn Monroe.”
Tal dilema leva-o a ansiar por um dilúvio particular. O dilúvio particular de um funcionário público e seu Outro. O que Marilyn Monroe poderá fazer com ele? Ou ele com ela ao evocá-la em sua angústia rude? O seu poder de sedução irá massacrá-lo mais que a escravidão burocrática que ele mesmo cria com sua Máquina de Escrever e sua Ficha infinitamente a preenchê-la?
Só o texto e seu contexto, criação do autor, poderão nos fazer ver o real retrato desse anônimo funcionário público, num tempo passado, porém ainda presente. A essência burocrática é a mesma, em quer que plataforma se opere cada anotação, infinitamente.
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