A resposta é: Ele entrou mato adentro.
Adentro é uma palavra só: “porta adentro, país adentro, noite adentro”. “A dentro”, escrito separadamente, não existe. Você poderia “ir para dentro”, mas não “ir a dentro”.
É bom lembrar que “entrar para dentro” não está errado, mas é uma redundância, já que ninguém pode “entrar para fora”.
Na frase “O Santos adentrou o campo de jogo”, temos o correto uso do verbo adentrar. O problema desse verbo é sua idade. Seu uso é um tanto antiquado. Hoje em dia, é melhor, dependendo do caso, substituí-lo por “entrar, ingressar ou penetrar”.
A resposta é: Se acaso você viesse à reunião, poderíamos discutir o novo projeto.
Com a conjunção condicional se, só podemos usar acaso: “Se acaso você chegasse…”; “Se acaso o diretor quiser, podemos antecipar a reunião para as 10h”.
As conjunções se e caso são sinônimas. Ou usamos a conjunção se ou a conjunção caso. Ou uma ou outra: “Irei ao jogo se não chover” (=caso não chova); “Se você chegasse mais cedo…” (=Caso você chegasse mais cedo).
É possível usar acaso sem a conjunção se: “Acaso te disseram alguma coisa?”; “Isto aconteceu ao acaso”; “Ele veio por acaso”.
A resposta é: Andou pelo país afora.
Afora, numa palavra só, significa “para o lado de fora” ou “ao longo” (tempo e espaço): “Saiu pela porta afora” (=para o lado de fora); “Estudou noite afora” (ao longo da noite = tempo); “Andou pelo país afora” (ao longo do país = espaço).
A fora, escrito separadamente, só existe em oposição a “dentro”: “De dentro a fora”.
A palavra afora também pode ser usada com o sentido de “à exceção de” ou “além de”: “Afora o diretor, todos estavam presentes na reunião” (=exceto o diretor, menos o diretor); “Compareceram todos os convocados, afora alguns curiosos” (=além de alguns curiosos).
A resposta é: O governo deve tomar medidas anti-inflacionárias.
Segundo o Novo Acordo Ortográfico, agora é assim mesmo que se escreve: anti-inflacionárias (com hífen e com dois “is”). Com o prefixo “anti”, só usamos hífen quando a palavra seguinte começa por “h” ou “vogal igual”: anti-higiênico, anti-herói, anti-imperialista, anti-inflamatório… Se a palavra seguinte começar por qualquer outra letra, devemos escrever “tudo junto”, como se diz popularmente: antiético, antiaéreo, antivírus, antipopular, antirracista, antissocial…
Essa mesma regra se aplica ao prefixo “arqui”. Assim sendo, o correto é arquirrival, porém arqui-inimigo.
A resposta é: Era uma criança mal-educada.
O hífen é obrigatório pois se trata de um adjetivo: “Ele é um sujeitinho muito mal-educado”. Para ser adjetivo, é necessário qualificar um substantivo: mal-educada é a criança, mal-educado é o sujeitinho.
Bem e mal se tornam advérbios quando indicam o modo como alguém é educado: “A criança foi mal educada pelos pais”. Nesse caso, não há hífen. Poderíamos dizer que “a criança foi educada mal pelos pais”.
Fato semelhante ocorre com o adjetivo malcriado e o advérbio mal criado: “Era uma criança malcriada”; “A criança foi mal criada pelos pais”. A forma adverbial continua separada sem hífen. A novidade é que a forma adjetiva deve ser escrita junta, sem hífen. A regra diz que só devemos usar hífen quando o adjetivo é formado pelo elemento “mal” seguido de palavra que começa por vogal ou “h”: mal-educado, mal-agradecido, mal-intencionado, mal-humorado… Com as demais letras, salvo algumas exceções, devemos escrever “tudo junto”: malcriado, maldizer, malfalado, malquisto…
A resposta é: Os decotes deixavam quase tudo à mostra.
A locução “à mostra” significa “visível, patente”. As locuções adverbiais femininas devem receber o acento indicativo da crase: à toa, às claras, às pressas, à vista, à tarde, às vezes, à mão, à deriva, à beça, à tona…
Amostra pode ser o “ato ou efeito de amostrar(-se), pequena porção de alguma coisa, fragmento representativo de algo ou exemplo perfeito, completo”: “Ganhou uma amostra do perfume”; “Estes versos são uma amostra do talento do poeta”; “Ele é uma amostra notável de um grande anfitrião”.
Você sabia que mostra e amostra podem ser sinônimos? Podemos dizer “Isto é apenas uma mostra (ou uma amostra) do seu trabalho”; “Visitamos uma mostra (ou amostra) de fotografia”. E você sabia que o verbo amostrar também existe? Que é uma forma variante do verbo mostrar? Sem dúvida, a forma mais utilizada por nós é o verbo mostrar. A variante amostrar parece errada ou inexistente, mas existe e não está errada. É apenas uma forma menos usual e mais característica da linguagem popular.
A resposta é: O gerente afirmou que sua empresa só trabalha com produtos antipoluentes.
Os prefixos “ante” e “anti” são bem diferentes. O prefixo “ante” denota “anterioridade, precedência, o que vem antes”: antebraço, anteontem, antepenúltimo, anteprojeto, antecâmara, antemão, antediluviano, antepor… O prefixo “anti” significa “contra, em oposição a”: antiácido, antialérgico, anticaspa, anticoncepcional, anticorpo, antidepressivo, antidoping, antiético, antivírus, antipoluente…
Só devemos usar hífen após os prefixos “ante” e “anti” quando a palavra seguinte começa por “h” ou “vogal igual”: ante-histórico, anti-herói, anti-higiênico, anti-hipnótico, anti-horário, anterreal, anterrosto, antirracista, antirrepublicano, antirroubo, antirrugas, antessacristia, antessala, antissemita, antisséptico, antissocial, antissoviético…
(Assim as pessoas autorizadas não podem entrar então???)