VIVA O AMOR... e abaixo a hipocrisia, a burocracia, as formalidades e as intransigências sociais!
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Antigamente, em Minas Novas, viviam dois “doidinhos de rua”, mansos e muito queridos, que eram eternos namorados, eram sempre vistos juntos, solícitos, alegres, como dois “pombinhos” e comparecendo em todos os locais, na igreja, nas reuniões festivas, cívicas e religiosas, de forma respeitosa e sem qualquer reparo por parte de beatos e beatas de plantão.
As famílias de ambos, as quais se diziam tradicionais, como “pessoas de bem” no meio da sociedade, faziam vistas grossas e levavam “numa boa” aquele idílio como algo pueril e sem grandes consequências, até o dia em que o dito casal resolveu que deveria procurar o padre para fazer-lhes o casamento, dentro do que preconizava o Código Canônico e os ensinamentos da Sacrossanta Mãe Igreja Católica. Foi, então, aquele “deus-nos-acuda”, como se estivesse chegando ao “juizo final”, pois isto seria uma coisa sem propósitos, algo impossível e que jamais as duas famílias haveriam de permitir tal absurdo.
Mas, os tais “doidinhos”, que de malucos tinham somente a aparência e a fama, insistiram nesse desiderato e certo dia santo dedicado a a “Corpus Cristhi”, estando exposto solenemente o Santíssimo Sacramento no altar principal da Igreja Matriz, depois da chegada da procissão, o circunspecto JOAQUIM QUEIMADO (muito bem vestido em um terno escuro e de chapéu na mão), tendo ao lado sua amada NORINDA (devidamente vestida de noiva, com véu, grinalda e etc), irromperam de mãos dadas pelo templo, adentro, sob o ar admirado de todos os presentes e, chegando ambos perante o sacrário, ajoelharam e em voz alta e em bom som, assim se declararam: “- Em nome de Deus e do Grande Amor que nos une e fortalece, consideramo-nos, a partir deste momento, devidamente casados, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
E, sendo, assim, não havendo outro recurso, o jeito foi o Cônego Barreiro abençoar aquela maravilhosa união, a partir de quando os dois nubentes passaram a coabitar numa linda casinha à beira do Ribeirão Bom Sucesso, um verdadeiro lar onde viveram feliz por muitos e muitos felizes anos, sem perturbar quem quer que seja ou atentar contra a moral e os bons costumes da tradicional sociedade que não lhes queria permitir a felicidade tão sonhada.
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