domingo, 15 de fevereiro de 2009

CARNAVAL EM MINAS NOVAS


Tem razão o nosso conterrâneo ZÉ PINHEIRO quando nos recorda de como era saudável o carnaval de nossa cidade, até bem pouco tempo atrás. Quanto a isto, esclareço que nada tenho contra as pessoas que preferem a "muvuca", mas lamento pelo mau gosto dos que preferem o "axé", o "Olodum", a "pagodeira" e o horrível "funk", mesmo durante o carnaval que deveria, segundo a tradição, ser festa de luxo, fantasia e cultura. Tudo bem, que exista, em nosso meio, a desculpa de que a cidade é pobre, isto e aquilo mais. O fato, porém, é que não se pode deixar instalar, em definitivo, o sentimento de atraso, do marasmo e do conformismo. Uma sociedade que se preza há de lutar para evoluir e se adequar ao progresso, ao desenvolvimento e à modernidade, até por que existe espaço suficiente para a convivência democrática de tendências e de várias outras opções, além daquelas que, lamentavelmente, são as únicas que se têm oferecido, nos últimos tempos, aos jovens de nossa maltratada terra. Por isto mesmo é que seria injusto, de nossa parte, se exigíssemos dessa pobre gente, obrigada à viseira, que deixasse, assim de abrupto, de gostar dessa poluição sonora que infelizmente, por culpa maior da administração municipal, vem desbancando o samba, o frevo, a marcha-rancho e as saudosas marchinhas que, antes, alegravam e abrilhantavam os memoráveis carnavais minas-novenses, motivos pelos quais devemos, de bom grado, com paciência e sem mágoa, indicar-lhes outras e melhores alternativas.

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Na verdade, o que poderia ser feito – se assim o desejassem as lideranças locais a quem compete a organização do Carnaval – seria, a priori, convencer-se pelo incentivo aos músicos (que em nossa terra existem em abundância) possibilitando-lhes o aprimoramento profissional, exigindo-se deles a contrapartida de dedicação, esmero e qualidade em seus repertórios, priorizando ainda a execução daquelas canções tradicionais que revelam, sem dúvida, o verdadeiro encanto e o sentido lúdico das festas carnavalescas, fazendo realçar, no exercício de sua arte, a beleza, a tradição e a preferência pelos valores a serem resgatados. Destarte, além de sanear os costumes, enriquecendo nossa cultura, haveria de trazer – também – os benefícios econômicos decorrentes da geração de renda para nossos artistas (músicos, cantores e outros agentes do segmento de diversões) que, a cada ano, ao contrário do que se deseja, têm-se sentido desprestigiados diante da preferência, repetidamente demonstrada pela Prefeitura, em trazer de fora e a peso de ouro, esses deletérios "trios elétricos" e conjuntos barulhentos de DJ's que, de carnaval mesmo, eles nada sabem oferecer, deixando pairar dúvidas, no ar, quanto às possíveis falcatruas nos contratos com eles firmados, muitas delas já denunciadas de super-faturamento, cuja finalidade seria a de cobrir rombos eleitoreiros. Entretanto, não vindo aqui com estes propósitos especulativos, apenas no intuito de colaborar com ideias, é que de qualquer forma analiso a questão de nosso Carnaval e, neste sentido, se de bom alvitre entendessem os governantes atuais de satisfazer a todos os gostos, poderiam viabilizar estruturas mais econômicas, através da criatividade -- o que já tão bem foi experimentado pelos nossos conterrâneos, a exemplo do saudoso Jojó, além do empreendimento que merecidamente deveria ser valorizado como o brilhantismo inegável de um Preto de Jacu ou de um Zé de Inocêncio, para citar apenas estes que, como ninguém, além da incrível boa-vontade, sempre tiveram o espírito aberto e descontraído para serem úteis a essa boa causa.
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Além do mais, no contexto das festividades, voltando a se organizarem os corsos momescos, os desfiles carnavalescos, os bailes a fantasia, os concursos de reis e sua corte, e também os saudáveis matinês, atendendo a demanda infanto-juvenil, sendo esta preferentemente em ambientes fechados, haveria de se instalar a tranqüilidade e reinar a paz no meio de nossa gente, em benefício das famílias, sabendo-se que seus filhos estariam aproveitando a festa com segurança, no conforto de salões amplos como os do SEC, dotado de instalações higiênicas e decentes, ou mesmo nas quadras do Ginásio Poliesportivo, onde seriam menores os riscos de tumultos, arruaças, pisoteios, atropelamentos e onde inexistiriam os inconvenientes que são comuns aos carnavais de rua, tais como os reflexos negativos da exposição das pessoas à poluição de toda ordem, da contaminação das águas da Barragem e de outros locais do rio Fanado, o inconveniente da fedentina que exala dos becos, praças e logradouros afastados, sem se falar na neutralização dessa promiscuidade que vem se avolumando e da triste depredação dos bens, públicos e particulares, como se tem verificado após o surgimento, no município, de hordas de vândalos, malandros, maconheiros, traficantes e malfeitores que a cada ano se multiplicam nesses dias de momo, vindos de longe, no rastro da fama de nosso carnaval, atender ao chamamento da impunidade e da permissividade.
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MINAS NOVAS merece voltar a ser uma cidade ordeira, pois a vocação de seu povo é pela hospitalidade, pelos bons costumes, pela cultura, haja vista seu invejável folclore, seu belo artesanato, seus sítios naturais ainda bem conservados, muito embora o seu patrimônio histórico esteja a clamar por cuidados, além do claro e veemente apelo, que deve ser bem interpretado, agora emitido pelo grande esforço que ultimamente se verifica, por parte da iniciativa privada, em dotar o município de investimentos consideráveis no setor de serviços, como oferta de meios de transportes mais adequados, bons hotéis e pousadas, razoável disponibilidade de bares, restaurantes, auto-postos e comércio de bens e atendimentos em geral.
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Desta forma me harmnonizo e vejo com esperanças, e não com pessimismo, que algum dia possamos todos ter, novamente, em MINAS NOVAS, um carnaval a que poderemos chamar de BOM DEMAIS, a exemplo daqueles do passado, como ilustram essas antigas fotos nas quais podemos conferir a beleza de nossas crianças, a descontração alegre e o bom-gosto demonstrado em suas fantasias:

E todo este esforço teria um desfecho agradável, se o destino assim o permitisse e se a clarividência em nossas lideranças imperasse no sentido de conservar nossas riquezas culturais, na revitalização das energias dos foliões de bom gosto e amantes da natureza, comparecendo depois das festas às deliciosas duchas como aquela que existia (ou ainda existe?) lá no Balneário da Barragem do Fanado, a exemplo desse banho gostoso que se estampa na foto abaixo:

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