sábado, 28 de fevereiro de 2009

PARA QUEM SABE LER ...

Voltando ao tema “gostar de escrever” que caracteriza minha já comentada compulsão, ouvi do Professor Aluísio Pimenta que esta é uma das melhores maneiras de uma pessoa, mesmo na condição de auto ditada, conseguir dominar a língua-pátria, mais ainda, se a esta prática saudável o interessado associar o hábito da leitura de bons livros e conceituados autores. Segundo ele, adotando-se esta combinação de “ler e escrever” os resultados serão sempre muito positivos, talvez muito mais consideráveis que o aproveitamento que se observa na maior parte dos frequentadores de cursinhos e de muitas das faculdades que existem por aí. Ainda sob a severa ótica do insuperável Mestre Aluísio Pimenta, que já foi Ministro da Educação, foi reitor da UFMG e que continua lúcido e ativo em seu árduo trabalho de lecionar, confirmando ser um dos mais respeitados educadores de todo o país, a grande questão que está prejudicando o ensino no Brasil reside na péssima qualidade dos cursos oferecidos, em sua maioria, por escolas que visam apenas o lucro, como está acontecido com o grande número delas espalhadas pelo interior do Estado de Minas Gerais, até mesmo em lugares de difícil acesso e que não contam com a presença de professores habilitados e competentes ao sagrado exercício do magistério.

Nesse sentido, o Professor Aluísio tem debatido à exaustão e combatido vigorosamente, não o fato de se criar diversas escolas, o que em si constituiria procedimento louvável, mas a prática lamentável de se instalar – no interior do estado – tantas escolas improvisadas, de orientação duvidosa, tristemente desestruturadas, funcionando precariamente em rede física inadequada e carente de todos os recursos pedagógicos, cenário em que se vão “bacharelando” profissionais do ensino sem a menor condição de ministrar uma aula, de servirem como simples regentes de classe, pois não aprenderam nem mesmo redigir um bilhete, daí derivando a perigosa contaminação generalizada da cultura em nosso país, onde um pseudo-professor ou pseudo-professora, brandindo seu “deploma” de pedagoga, “a nível superior”, assume uma “cátedra” em faculdades congêneres e, desta forma, vão propagando o lamentável saber embrutecido, ou seja, perpetuando a imbecilidade institucionalizada, o ridículo da grosseria e do analfabetismo funcional.

O mais interessante, do que vejo em toda esta hercúlea batalha do nobre professor, em defesa da ética e do bom ensino público, primeiramente é o descaso que o Governo de Minas Gerais, que é do PSDB, partido que tem o seu democrático apoio, em não lhe dar atenção aos alarmantes e bem fundamentados argumentos. Acrescente-se a este, a razão ainda maior desde descaso com a administração pública quando se sabe que, por força da Lei Maior, somente o Conselho Nacional de Educação tem prerrogativas para reconhecer instituições privadas. A seguir, em segundo lugar, vem o fato de que a maior parte dessas escolas superiores – todas irregulares – que foram autorizadas pelo Estado, continuam em pleno funcionamento e abrindo suas metástases, ramificações infecciosas, até em escolas rurais. Em terceiro lugar – mas que em ordem de absurdo deveria figurar em primeira – é a curiosa constatação de que todos esses cursos denunciados são de escolas controladas pela UNIPAC, tradicional indústria particular sediada em Barbacena e de propriedade do Deputado Bonifácio Andrada, velho e matreiro político que faz parte de uma FAMÍLIA NOBILIÁRQUICA a qual vem mandando e desmando na República e na administração de nosso país desde a época do Império e que em Minas tem parentes estrategicamente encastelados nos principais órgãos governativos.

Bem ... , confesso que já não estou entendendo quase nada ou, estando escrevendo sem o saber, já esteja também entendendo diferente tudo aquilo que vejo nos escritos ou o que seus autores querem dizer, pois tenho lido que o presidente dessa academia, em que o Mestre Pimenta é membro efetivo, também seja aquele um empresário capitalista nestes ditos empreendimentos “educacionais”, o que não duvido, baseado em fatos que não fogem à simples observação de qualquer leigo que convive com a miséria das pequenas cidades localizadas nos espoliados vales do Jequitinhonha e Mucuri, onde os Badarós sempre foram os “donos” dos votos e do poder.

Outra curiosidade de minha parte, de ordem metafísica, está relacionada a outro fato: como é que pode um ilustre falecido, que viveu no início de nossa República, resolver escrever suas “memórias póstumas” depois de quase 100 anos de ter sido abduzido, com a confessa finalidade de pedir aos “desafectos” que o deixem em paz?

Lendo o livro que foi recentemente lançado, sob aplausos da crítica local, em concorrido evento no "Castelo de Letras" da Rua da Bahia, opúsculo que me caiu às mãos através do bom amigo e livreiro Amadeu Rossi, também um grande mestre e cidadão ouro-pretense, quase centenário, que conhece bem a História de Minas e do Brasil, pois na citada obra badarônica não logrei satisfazer a curiosidade de ler, entre o monótono autopanegírico, alguns relatos que tenho na lembrança de tê-los ouvido de meus bisavós e dos quais ainda se comentam lá em Minas Novas, onde são públicos e notórios, cuja omissão naquelas páginas me leva a acreditar que o defunto, como memorialista, deixa muito a desejar, conquanto no seu gênero, mesmo na condição de memórias-póstumas, tais reminiscências não poderiam deixar de ser sinceras e verdadeiras , pois neste esforço encomiástico que foi escrito pelas mãos do ex-senador biônico Murilo Badaró, verifica-se cristalinamente o ansioso desejo do neto em ver o avô bissextamente imortalizado como político sério e homem de escol, qualidades morais que são duramente contestadas por escribas sagrados que lhe foram contemporâneos – aqui, talvez, identificados os alegados desafetos. – o que não justifica, agora, pois o correto seria apenas esclarecer aqueles atos praticados, que estão registrados nos anais daquela época, principalmente no decurso de sua (o) missão, lá na Itália, que resultou no retorno inglório ao Brasil (digamos assim, de forma ab-rupta ou compulsória), deixando para traz todo o esplendor da Europa e das benesses como Ministro Plenipotenciário junto ao Estado do Vaticano, governado pelo justo e piedoso Papa Leão XIII.

“Note Bene”: Apenas para registrar, a Academia Mineira de Letras, que está completando o primeiro centenário, foi fundada lá em Juiz de Fora, próxima à histórica Barbacena, de onde governou “Fanfarrão Minésio”, urbes importantes da Zona da Mata Mineira, onde a UNIPAC impera soberana e lucrativa no mercado do ensino, lançando a cada semestre suas prodigiosas safras de bacharréis e mestres de todas as ciências, no mesmo nível daqueles produzidos como tijolos crus sapecados de qualquer jeito nas olarias universitárias dos Vales da Miséria, onde as filiais desse empreendimento especulativo, em consórcio com figuras de proa daqueles feudos, onde os badarós sempre foram os donos dos votos e do poder, se espalham por quase 200 municípios do interior e grotões do nosso Estado, em plena claridade do século XXI.

Finalmente, vejo que o Professor Aluísio, que é um homem digno, bom e respeitável, sendo um acadêmico que está a merecer e faz jus a uma vaga na ABL, vê-se no meio destes personagens menores que são merecedores de imortalidade, mesmo que seja a nível paroquiano, pois afinal todas as academias, curiosamente, abrigam figuras exponenciais de vários perfis, quilates e tendências, havendo nesta aqui de BH ainda três vagas a serem preenchidas. Creio que uma delas certamente será oferecida ao Deputado Federal Edmar Moreira, que é, a exemplo dos Andradas, um nobre representante daquela rica região mineira da “zona” Política, pela obra a imortalizar-lhe o nome, na autoria de “Contos de Vigários Patéticos no Castelo Monalisa”.

Outra vaga, a segunda, seria ocupada pelo Deputado Federal Juvenil Alves, pela indiscutível competência deste político em transgredir impunemente as leis, transitando pelos labirintos sombrios do TRE (especialidade em que se rivaliza com o presidente da Casa); e a terceira vaga talvez vá para o auditor do T.C.E., Dr. Édson Arges. A respeito deste é importante frisar ser ele um grande menestrel, paladino do Castelo de Ruy Barbosa, localizado na Raja Gabáglia, onde foi estrategicamente introduzido para defender interesses de seus patronos, sendo brilhante advogado destes, dos quais é aluno preferencial das boas letras de Manoel Bandeira, imortalizadas nas delícias de “Pasárgada”, título poético e sugestivo que, em homenagem a sua récua, igualmente está sendo batizado o Museu de Minas Novas, localizado no prédio conhecido como “Sobradão” (foto acima), o histórico "primeiro arranha-céus" de Minas Gerais, que foi tombado pelo IPHAN e que, finalmente, será ocupado pelo recém criado "Museu do Jequitinhonha", depois de tanto tempo servir “apenasmente” como habitação dos fantasmas de uma família, dita governativa, originada lá das bandas do Piranga, fraudas mal-cheirosas e vertentes do Paraibuna, de onde desceu, no apagar das luzes do século XIX, a triste figura daquele que foi contaminar as águas, antes límpidas e salutíferas, do hoje esquálido e poluído Rio Fanado.

Outro "P.S." - O romântico prédio histórico do Sobradão, num curto período serviu para o funcionamento da antiga Escola Normal de Minas Novas, na época uma das poucas existentes em todo o norte-nordeste de Minas Gerais, a qual foi fechada por determinação do Dr. Francisco Duarte Coelho Badaró, por razões que também deveriam constar do referido livro de "memórias póstumas". Ainda em relação a este prédio - considerado com o "ícone do atraso que assola os Vales", em razão da sua tradicional inutilidade e ociosidade -- apesar de ter sido construído para sediar o governo da Província do Fanado, criada mas que não foi instalada, lá pelos idos de 1811, recentemente foi inaugurado, novamente, com todas as pompas e circunstâncias, na presença do augusto Governador Aécio, pelo então prefeito Murilo Badaró, que logo depois, no dia 23.12.2007 foi obrigado a renunciar do cargo, movido pela pressão popular e pela ameaça de ser cassado pela Câmara Municipal, estando os vereadores em Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), em consenso dos presentes à reunião, já determinados neste propósito, robustamente convencidos da responsabilidade do alcaide em vários atos ilícitos que lhe são atribuídos e que estão denunciados, em ação civil que lhe foi impetrada , pelo zeloso e competente "parquet", representante do Ministério Público daquela Comarca, no aguardo de julgamento final.

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