quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

PARA QUEM SABE LER ...

Voltando ao tema "gostar de escrever" que caracteriza minha compulsão, ouvi do Professor Aluisio Pimenta que esta é uma das melhores maneiras de uma pessoa, de forma autoditada, conseguir aprender sua própria língua-pátria, e mais ainda, se a esta prática salutar de escrever o interessado associar o seu hábito da leitura, de ler bons e consagrados escritores de nossa literatura portuguesa. Segundo ele, adotando-se esta combinação de "ler e escrever" os resultados serão sempre muito positivos, talvez muito mais consideráveis que o aproveitamento apurado na maior parte dos freqüentadores de cursinhos e faculdades que existem por aí.

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Ainda sob a ótica desse dedicado e insuperável Mestre Aluisio Pimenta, que já foi ministro de educação, foi reitor da UFMG e que continua lúcido e ativo no seu trabalho de lecionar, confirmando ser um dos mais respeitados educadores de todo o país, a grande vilã que está prejudicando o ensino no Brasil, é a péssima qualidade dos cursos oferecidos, em sua maioria, por escolas que visam apenas o lucro, como tem acontecido com o grande número delas que vão se espalhando pelo interior de Minas Gerais, até mesmo em lugares de difícil acesso e que não contam com a presença de professores universitários (habilitados e competentes) para atuarem no sagrado exercício do magistério, naquelas infelizes plagas onde perduram o drama do analfabetismo e mandam os prefeitos sem preparo cívico e moral, que nada fazem para reduzir os altos índices de evasão escolar no curso fundamental das poucas escolas sob sua jurisdição.

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Nesse sentido, o preclaro e admirável Professor Aluísio tem debatido à exausão de suas forças e combatido vigorosamente, não o afã em se criarem diversas escolas por todas as partes, o que a priori seria louvável, mas o fato de se esquecerem de investir, com seriedade, no ensino básico e preferirem a prática lamentável de se instalar – no interior do estado – tantas escolas de nível superior, desses cursos improvisados, funcionando precariamente em rede física desestruturada, sem planejamento pedagógico, sem um ideal apoio logístico, desprovida de corpo docente adequado, sem qualquer programa de acompanhamento, produzindo assim os formandos sem base suficiente de aprendizagem, por não cumprirem a carga horária em regime presencial em sala de aula, ali "bacharelando", pois, profissionais incompletos, sem as mínimas condições de ministrar uma simples aula, pois não aprenderam redigir corretamente nem mesmo um bilhete, derivando desse quadro a perigosa inoculação, nas classes menos favorecidas (sempre os mais carentes, os mais afetados!) do virus avassalador do falso eruditismo (doutorismo e bacharelismo), com os negativos reflexos em nossos brios e o consequente prejuízo na avaliação externa de nossa cultura, quando esses pseudo-professores, ou pseudo-professoras, vítimas destas espeluncas, saem daqueles antros brandindo seus "deplomas" de pedagogia, adquiridos "a nível superior", para assumirem "cátedras" até mesmo em faculdades similares, desta forma propagando o nível de seu saber embrutecido, ou seja, irradiando imbecilidade institucionalizada, no ridículo da sua grosseria e no analfabetismo funcional.
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Estão aqueles indigitados empresários do ensino enchendo suas burras à custa dos desavisados, utilizando-se deste engodo perigoso, praticando este tipo de assalto contra todos, nos sentidos material e moral, inclusive assacando diretamente aos pobres desses alunos que frequentam esses arremedos de faculdade, pois na condição de cidadãos de bem, em sua maioria movidos pela esperança e pela boa fé, está esta simples gente gastando sua sofrida economia, pensando estar investindo no futuro, sempre na iludida expectativa de aprender, pois o bom propósito deles, primeiro é o de aprender; mas, o que lá aprendem, não é o saber acadêmico, pois não logram de ali receber as tão esperadas luzes da ciência, pelo contrário, recebem sim as lições de malandragem, que é o ato vil de se burlarem as leis, de tapearem a sociedade e o de se permitirem servir como "mulas", neste lamentável crime continuado.
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O mais interessante, porém, do que vejo em toda esta hercúlea e comovente batalha, encetada pelo nobre professor Aluisio, que visa tão-somente o bem do Ensino Público, primeiramente é o descaso que tem demonstrado o Governo de Minas Gerais, (que é do PSDB, partido que tem o seu democrático apoio) em não dar ouvidos aos apelos de seus argumentos, tão preocupantes e bem fundamentados, ainda mais quando se sabe que, por força da Lei Maior, somente o Conselho Nacional de Educação tem prerrogativas para reconhecer instituições privadas; em segundo lugar, vem o fato de que a maior parte das escolar superiores – toda irregulares – que foram autorizadas pelo Estado, continuam em pleno funcionamento e abrindo suas ramificações até em escolas rurais; em terceiro lugar – mas que em ordem de absurdo deveria ser a primeira – é a curiosa constatação de que todos esses cursos denunciados são de escolas controladas pela UNIPAC, tradicional indústria particular sediada em Barbacena e de propriedade do Deputado Bonifácio Andrada, velho e matreiro político que faz parte de uma FAMÍLIA NOBILIÁRQUICA, clã famosa que vem mandando e desmandando na administração dessa república e deste país, desde a época do Império e que em Minas tem parentes estrategicamente encastelados nos principais órgãos governativos.

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Bem ... confesso que já não estou entendendo quase nada ou, estando escrevendo sem o saber, já esteja também assimilando diferente tudo aquilo que os escritos querem dizer, pois tenho lido que o presidente dessa academia seja membro efetivo (ou sócio?) daqueles ditos empreendimentos "educacionais", o que não duvido, baseado em fatos que não fogem nem mesmo à simples observação de qualquer leigo ou analfabeto que mora em uma das pequenas cidades onde a UNIPAC atua, como as muitas que existem lá nos sofridos e expoliados vales do Jequitinhonha e Mucuri.


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Outra curiosidade está relacionada a outro fato: como é que pode um falecido resolver escrever suas "memórias póstumas" depois de quase 100 anos de abduzido, com a finalidade de pedir aos "desafetos" que o deixem em paz?

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Lendo o tal livro que me caiu às mãos, pelo bom e amigo livreiro Amadeu Rossi, nesse opúsculo não visualizei relatos - que são públicos na terra do Fanado - cuja omissão me leva a acreditar que o biografado, considerando-se que no gênero de memórias, ainda que póstumas, os fatos devam ser relatadas com sinceridade e sem subterfúgios como soe ocorrer com os escritores fidedignos; foi através de uma atenta leitura desse bissexto autopanegírio, escrito pelas mãos de seu neto, o ex-senador biônico Badaró, que cheguei à conclusão que o livro deixa o defunto muito a desejar quanto ao seu expresso desejo de se imortalizar como político sério e homem de escol, como o contradiz as declarações de alguns escritores famosos que foram contemporâneos do antigo ministro, a não ser que no próximo capítulo, nesse admirável esforço encomiástico do seu sucessor de glórias, seja publicada, na íntegra, toda sua biografia, nos detalhes, principalmente com referência àqueles verificados durante a nobre (o) missão, lá na Itália, que resultou no seu retorno (digamos assim, ab-rupto e compulsório) ao Brasil, deixando para traz todo o esplendor do cargo de Ministro Plenipotenciário junto ao Estado do Vaticano.

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"Note Bene": Apenas para registrar, a Academia Mineira de Letras, que está completando o centenário, foi fundada lá em Juiz de Fora, pertinho de Barbacena, duas importantes cidades da zona da mata mineira onde a UNIPAC impera soberana e lucrativa no mercado do ensino, lançando a cada semestre suas prodigiosas safras de bacharéis e mestres de todas as ciências, no mesmo nível daqueles que também produzem suas filiais espalhadas por quase 200 município do interior e grotões do nosso Estado.

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Finalmente, vejo que o incansável Mestre e Professor Aluisio, que é um homem digno, bom e respeitável, sendo um acadêmico que faz jus e está a merecer uma vaga na ABL, aparece-me no meio de todos estes personagens não menos merecedores de imortalidade, mesmo que seja em nível paroquiano, pois afinal todas as academias, curiosamente, abrigam figuras exponenciais de várias feições, quilates e tendências, havendo nesta aqui de BH ainda três vagas a serem preenchidas, sendo que uma delas, certamente, será reivindicada pelo Deputado Federal Edmar Moreira, que é, a exemplo dos Andradas, tambem um nobre representante daquela fantástica e agora folclórica região, tendo como argumento à sua admissão, a sua obra que ficou imortalizada como "Conto de Vigário Poético no Castelo Monalisa"; uma outra vaga, seria disputada pelo Deputado Federal Juvenil Alves, defendida com base em sua competência em transitar (ou seria transgredir?) impunemente pelos labirintos sombrios do TRE (especialidade em que se rivaliza com o presidente da Casa); e a terceira vaga, talvez vá para o auditor do T.C.E., Dr. Édson Arges, outro brilhante advogado, sutilmente arranchado pelos amigos no "Castelo Ruy Barbosa", pelo tanto que tem contribuído com suas boas letras, através da comovente divulgação da obra imortal de Manoel Bandeira, demonstrando sua preferência por "Pasárgada", cujo título - poético, sonoro e sugestivo, em homenagem à sua turma (ou seria bando?), igualmente está sendo batizado aquele Museu de Minas Novas, localizado no histórico prédio conhecido como "Sobradão".

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Como se sabe, há pouco tempo esse prédio de Minas Novas (foto), considerado o "arranha-céus" mais antigo de Minas - uma construção mais que bicentenária - foi novamente inaugurado solenemente (inclusive com a honrosa presença do Governador Aécio) pelo ex-prefeito da cidade (que logo depois se renunciou do cargo para dele não ser cassado pelo povo da cidade) e, finalmente, vai ser ocupado depois de tanto tempo servir "apenasmente"como palco iluminado dos fantasmas de uma família, também eternamente governativa, do ramo genealógico dos Carranos (ou o gentílico mais adequado seria "Marranos"?), egressos do Piranga, que descem daquelas fraudas mal-cheirosas e vertem no Paraibuna ou poluem, uma minoria desgarrada, as águas - antes tão cristalinas e salutíferas - do nosso hoje tão maltratado FANADO.

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geraldo mota
http://geraldomotacoelho.blogspot.com/

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