sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

LENDA TRISTE DO BOI QUILEU E


DO PRIMO QUINÃO-O-ENTENDEU:



Passaqui, paçoca, esse boi
Boi-alado, mal e mau bolado,


Malungo do velho boi-mideu,



Foi para o baile,

estropiado,

do boi-de-manta,


Conhecido bailado de boi erado

na buscada da Santa.


Um famoso boi que não era o seu.
-
Mas vamos dançar este boi?


Pois em festa de Jacu, boi errado não entra,

E, quando entra, é oito ou oitenta,

Vira vaca ou se espaventa.

-

Triste sina deste boi fraco:

Que caiu no samba desse balé de um boy atoleimado.


Pois foi lá qu'ele, de um boi ralado, comeu,


Ou, se ralou para comer do dito boi,

caiu n'água e morreu.


Coitado, se assim, ou se assado,

abaitolou-se e a tabuleta não leu.



Foi o boy, como um boi, que chifrou-lhe e lhe doeu.

-

Como foi qu'ele ralou um boi de mamão,


se não era sanhaço e tão pouco sofreu?


Foi com o mamão-de-boi que deu uma demão no seu quibebe,


Quando, lá, daquela água, baba de boi bebeu?


E como comeu, do que bebe e do mamão,

se foi com uma mão do boi ralado


Lá na manga, onde comia do boi de Quileu?


E como se ralou se nem Si,

nem Ré, nem Lá, sem Dó e nem Mi,

Lá não se ralaram?


E quando foi que o boi Calado,

Enganado pelo Veludinho de Canjola,


Foi-se engalanado para o Brejo

E lá se atolou, como uma vaca atoleimada

no Buraco do Córrego da Telena?


Ficando com Berola, pelas ventas,
o boi do mugido amofino,
Amorfo e mal falado?

Fugido e mal pago,

Um boi Rufino, fadado

a ser Rufiado

A ficar perdido na boca do lambe-sola,

este que ainda é um boi-do-cu-branco,

Perdido e achado nas barrancas do Fanado

Quando ele era marido da vaca de presépio,

Amasiada que lhe enfeitou a testa

com um par de cornos

e duas velas acesas no Caracu?


(ou seria um cabresto, ou espora,
ou botas perdidas de Judas
ou de chinelas lhe enfiadas nas fuças?)


Mas, afinal, quem dançou o nove,
o Mundinho que foi no dobrado
da Banda de Taquara com o Careta

Requebrando o trote pelas Pinguelas
de Maria Gorda o estafeta?

Ou o Zé do Gró que roubou o rosário de Nossa Senhora?


Ou foi o Pontão, ou foi Zezão,
foi Pascoal, foi Tiago com o tição,
na Rua da Pepeta, sobrinha de Cesária?

Dançando no salão de molas
Ou Zé Goteira de opas
Recolhendo as esmolas


Ou foi o boi-da-cara-preta,

ao som do sino do Beleléu

Ao sinal da sineta

ou Maria do Sininho,

Que em dia de Natal,

sonhando com a Vaca de Linda-Teta,


Vem toda enfeitada de fita de seda

pra ver a Festa de Junho

E esta lendia não é uma peta,


Saborear do quentão

com gengibre e canela


Para comer do sobrecu do rei,

da galinha ou da sentinela,


A sete chaves guardado pela senhora rainha,

No meio do angu de caroço do Boi-Fubá

do congado a boi-bumbá?

Boi fugido quase na hora do doce e do frege,

Levando na cacunda o pote

da comida da quinta-feira do angu


não ficando nem aí, como se estivesse no ar,

O eterno roedor de pequi, carregador de defunto

Que morreu lá nos cafundós do Gravatá


Mata Dois, Macuco ou Tamanduá?

Um boi sonso e insano, voador e a sonhar?


Primo, vizinho de João Pio
e Zé Louro, aquele que ficou perrengue,
de defluxo, sem nunca d'antes conhecer o caboclo do beira-mar.


Com uma bomba nas mãos e os zóios até embasbacar
olhando o palácio do provedor da Irmandade,

em dias de girândola, que acabou de pipocar,



(Ou seria de bombas acrobáticas de Elias Piolho, a riscar?)


Uma Catirina de Marcianinho,

ou de Chico Fogueteiro a purpurinar,


Ou essa artilharia não seria,

obrado de Nego Tiné, a estoirar?


Mas para quê teria ele, no meio de seu proibido mister,

Com um toco de braço e um pedaço de pé,


Em arriscado Espetáculo Pirotécnico

cercado pelo círculo do Centauro,


Na cornija de seu Migué,

Rezando e tomando rapé,


Mesmo não sendo boi,

de janeiro a dezembro,

mas um minotauro,


Sem fogos de artifício,

lançado ao precipício?


Quando o correto, o certo, o acertado,

foi, é e sempre será

o eterno Boi-Mideu...

Pé duro, treteiro,

Magrinho, Sem carne, Mateiro,

Sem terra, Sem dono,

Sem dinheiro


Mas um boi fino,
Firme, Fiel e todo seu?

Mas, agora, Óia o tulete,
CALUNGA:
Paran-golé!!!

Quem não é panda nem onintorrinco
de eucalipto ou formigueiro:

É um Boi doido,
um boi sem tino,
Sem destino:

um Boi Fanadeiro,
que si-fu ou se foi...
Fogoapagou
Carvão queimou
Quero ver carvão queimar.
Feneceu!


geraldo mota
http://geraldomotacoelho.blogspot.com/

Nenhum comentário:

CONFIRA AQUI OS LIVROS DE MINHA BIBLIOTECA FÍSICA

Cursos Online é Cursos 24 Horas

LIVROS RECOMENDADOS

  • ANÁLISES DE CONJUNTURA: Globalização e o Segundo Governo FHC - (José Eustáquio Diniz Alves /Fábio Faversani)
  • ARTE SACRA - BERÇO DA ARTE BRASILEIRA (EDUARDO ETZEL)
  • AS FORÇAS MORAIS - (José Ingenieros)
  • CONTOS - (Voltaire)
  • DICIONÁRIO DE FANADÊS - Carlos Mota
  • DOM QUIXOTE DE LA MANCHA - (Cervantes)
  • ESPLÊNDIDOS FRUTOS DE UMA BANDEIRA VENTUROSA - (Demósthenes César Jr./ Waldemar Cesar Santos)
  • EU E MARILYN MONROE & O OUTRO- CARLOS MOTA
  • FRAGMETOS - (Glac Coura)
  • HISTÓRIAS DA TERRA MINEIRA - (Prof. Carlos Góes)
  • http://www.strategosaristides.com/2010/12/cronicas-do-mato.html
  • IDAS E VINDAS - (Rosarinha Coelho)
  • MOSÁICO - (Glac Coura)
  • O CAMINHANTE - (José Transfiguração Figueirêdo)
  • O DIA EM QUE O CAPETA DESCEU NA CIDADE DE MINAS NOVAS - (João Grilo do Meio do Fanado)
  • O MITO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO - (Celso Furtado)
  • O NOME DA ROSA - (Umberto Eco)
  • O PRÍNCIPE - (Maquiavel)
  • O SEGREDO É SER FELIZ - ROBERTO SHINYASHIKI

ORIGEM DOS ACESSOS PELO MUNDO

Arquivo do blog