LENDA TRISTE DO BOI QUILEU E
DO PRIMO QUINÃO-O-ENTENDEU:
Passaqui, paçoca, esse boi
Boi-alado, mal e mau bolado,
Malungo do velho boi-mideu,
Foi para o baile,
estropiado,
do boi-de-manta,
Conhecido bailado de boi erado
na buscada da Santa.
Pois em festa de Jacu, boi errado não entra,
E, quando entra, é oito ou oitenta,
Vira vaca ou se espaventa.
-
Triste sina deste boi fraco:
Que caiu no samba desse balé de um boy atoleimado.
Pois foi lá qu'ele, de um boi ralado, comeu,
Ou, se ralou para comer do dito boi,
caiu n'água e morreu.
Coitado, se assim, ou se assado,
abaitolou-se e a tabuleta não leu.
Foi o boy, como um boi, que chifrou-lhe e lhe doeu.
-
Como foi qu'ele ralou um boi de mamão,
se não era sanhaço e tão pouco sofreu?
Foi com o mamão-de-boi que deu uma demão no seu quibebe,
Quando, lá, daquela água, baba de boi bebeu?
E como comeu, do que bebe e do mamão,
se foi com uma mão do boi ralado
Lá na manga, onde comia do boi de Quileu?
E como se ralou se nem Si,
nem Ré, nem Lá, sem Dó e nem Mi,
Lá não se ralaram?
E quando foi que o boi Calado,
Enganado pelo Veludinho de Canjola,
Foi-se engalanado para o Brejo
E lá se atolou, como uma vaca atoleimada
no Buraco do Córrego da Telena?
Um boi Rufino, fadado
a ser Rufiado
A ficar perdido na boca do lambe-sola,
este que ainda é um boi-do-cu-branco,
Perdido e achado nas barrancas do Fanado
Quando ele era marido da vaca de presépio,
Amasiada que lhe enfeitou a testa
com um par de cornos
e duas velas acesas no Caracu?
Ou foi o boi-da-cara-preta,
ao som do sino do Beleléu
Ao sinal da sineta
ou Maria do Sininho,
Que em dia de Natal,
sonhando com a Vaca de Linda-Teta,
Vem toda enfeitada de fita de seda
pra ver a Festa de Junho
E esta lendia não é uma peta,
Saborear do quentão
com gengibre e canela
Para comer do sobrecu do rei,
da galinha ou da sentinela,
A sete chaves guardado pela senhora rainha,
No meio do angu de caroço do Boi-Fubá
do congado a boi-bumbá?
Boi fugido quase na hora do doce e do frege,
Levando na cacunda o pote
da comida da quinta-feira do angu
não ficando nem aí, como se estivesse no ar,
O eterno roedor de pequi, carregador de defunto
Que morreu lá nos cafundós do Gravatá
Um boi sonso e insano, voador e a sonhar?
em dias de girândola, que acabou de pipocar,
(Ou seria de bombas acrobáticas de Elias Piolho, a riscar?)
Uma Catirina de Marcianinho,
ou de Chico Fogueteiro a purpurinar,
Ou essa artilharia não seria,
obrado de Nego Tiné, a estoirar?
Mas para quê teria ele, no meio de seu proibido mister,
Com um toco de braço e um pedaço de pé,
Em arriscado Espetáculo Pirotécnico
cercado pelo círculo do Centauro,
Na cornija de seu Migué,
Rezando e tomando rapé,
Mesmo não sendo boi,
de janeiro a dezembro,
mas um minotauro,
Sem fogos de artifício,
lançado ao precipício?
Quando o correto, o certo, o acertado,
foi, é e sempre será
o eterno Boi-Mideu...
Pé duro, treteiro,
Magrinho, Sem carne, Mateiro,
Sem terra, Sem dono,
Sem dinheiro
geraldo mota
http://geraldomotacoelho.blogspot.com/
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