DECIO MOTA

De: Carlos Mota <carlosmotacoelho@gmail.com>
Data: 8 de fevereiro de 2012 11:28
Assunto: DECIO MOTA
Para: Carlos Mota Gmail <carlosmotacoelho@gmail.com>, GERALDO MAGELA MOTA COELHO <geraldomagelamotacoelho@gmail.com


DECIO MOTA

Hoje, assim que me levantei, contei a Meire uma passagem que muito me marcou em minha primeira ida a BH, num dia do inicio do mes de novembro de 1974. Em Diamantina nao havia orgao emissor de carteiras de identidade, e foi a necessidade de portar uma que me levou a capital. E bem verdade que a inspiracao oculta daquela viagem era o filme O Exorcista que acabara de estreiar em BH e que demoraria meses para arrepiar a plateia tijucana. Mas voltemos a causa aparente de eu empreender a minha primeira visita a uma grande cidade. Pois bem! Cheguei a BH com o dinheiro contado, principalmente o da volta, mas a fotografia que apresentei ao burocrata da Secretaria de Seguranca Publica nao correspondia aaquele meu visual. Na foto um cara de cabelos excessivamente longos, mas bem penteados e o rosto moldurado por uma barba rala, enquanto o eu que estava diante do burocrata tinha a cabeca rapada a Principe Danilo, por conta do Serviço Militar. Além do dinheiro inexistente para tirar nova foto, eu tinha que retornar a diamantina no dia seguinte e fotografias nao eram entregues no mesmo dia, exceto as tiradas nos lambelambes da Pca da Estacao, bem mais caras, por conta da instantaneidade, porem pessimas. A sorte eh que meu primo Afonso Mota me ciceronava e lembrou na hora que um outro primo nosso poderia contornar aquele problema, que alem do aspecto financeiro, possuia uma agravante que eu desconhecia: o regime proibira fotos de barbados e cabeludos em documentos. O primo poderoso era Decio Mota, Delegado de Carreira da Capital. Fomos imediatamente a ele e expusemos o nosso grave dilema. E, solicito como sempre foi, Decio nos levou a seu irmao muito mais graduado, Delmo Mota, que presidia o Instituto de Identificacao, justo o orgao responsavel pela emissao de carteiras de identidade. E, naquele mesmo dia, obtive a minha, com um carimbo de "emissao especial"' onde eu contrariando regra da ditadura, ostentava a minha basta e longa cabeleira e a minha rala barba. Essa foi a historia que contei a Meire na manha de hoje, na suite do hotel em que nos hospedamos em Teresina. Cerca de tres horas depois, ja na sala de embarque rumo a Brasilia, abri a minha caixa de mensagens e soube, pelo blog de meu irmao Geraldo Mota, do falecimento do primo que me quebrou aquele galhao! Nao tenho duvida de que algo de paranormal me fez lembrar de um primo sobre quem fazia muito tempo eu nao me lembrava, apesar de todo carinho por sua pessoa. E o mais instigante e impressionante dessa historia toda eh que ontem, como ha muito tempo eu nao fazia, passei bom tempo na cobertura do hotel assistindo noYoutube videos antigos de Bob Dylan e acabei por salvar neste Ipad varias fotos dele, inclusive uma bem parecida com a que, gracas a Decio, consegui enfeitar ou, para maioria, inclusive ele, enfeiar a minha carteira de identidade!

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