quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

TREMA NA LINGUIÇA E A DESPEDIDA!


De: Luiz Henrique <lborgessantos@gmail.com>
Data: 8 de fevereiro de 2012 22:44
Assunto: TREMA


 Vivi amedrontado por meses no ano atrasado. A cada nova reportagem sobre a Reforma Ortográfica, me preocupava profundamente:  Como conseguiria escrever diferente palavras que sempre escrevi de um jeito?


Todos pareciam se preocupar com minhas aflições duas semanas antes de a nova ortografia entrar em vigor, em 1° de janeiro. Dias antes da mudança, surgiu num jornal um mini-guia elaborado pelo excelente repórter Nilson Mariano. Os jornais foram os primeiros a adotarem a nova forma de escrita.


Lendo bastante sobre o tema, fui perdendo o receio e queria inserir ao máximo as novas grafias das palavras, mas não consegui ir muito além de “anti-inflamatório”.
Depois, a cada texto, minha meta era buscar formas de inserir as novas palavras. De receio, o novo português virou diversão. É muito simples e muito mais que tirar a trema da linguiça que o editor de texto teima em inserir. 
A Reforma não assusta, mas parece que tem muita gente aí que está totalmente por fora.

Despedida do TREMA

Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema. Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüentas anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disseram que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé. Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I.
Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?...
A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, "Kkk" pra cá, "www" pra lá. Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que, aliás, deveria se chamar TÜITER.
Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!...
Nós nos veremos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.

Adeus,

Trema.

 Trema na LINGUIÇA – é hora de partir!

Sim, podemos dizer adeus ao trema! Este é totalmente suprimido de palavras portuguesas, bem como das aportuguesadas. 

Lembremo-nos sempre de que o trema não é um acento e sim um sinal gráfico, apesar de estar na sequência da acentuação no acordo ortográfico. Este sinal é chamado de diérese, que significa a separação de duas vogais adjacentes em sílabas diferentes.
 

Assim sendo, palavras que normalmente eram grafadas com o trema, como: lingüiça, tranqüilo, lingüística, bilíngüe, freqüentar, cinqüenta, agüenta, etc. não possuem mais o trema. 

Essa nova regra justificou-se no fato de que
 há ditongos na língua que não precisam do trema para indicar a quem lê o fato do “u” ter que ser pronunciado ou não, como em: língua e quente. No primeiro caso, sabe-se que o “u” deve ser pronunciado e no segundo não. Este fato não tem a ver com grafia e sim com fonética, ou seja, com o modo de dizer e não com o de escrever, tornando o trema desnecessário. Assim, por que continuaríamos sinalizando lingüiça, por exemplo? 
A supressão deste sinal afeta diretamente o Brasil, uma vez que os outros países que tem o português como idioma oficial não o utilizam.
 

Abaixo o trema, viva a independência do ditongo!

Uma observação a se fazer, como nos foi sugerido, é que o trema continua apenas em nomes próprios e seus derivados: Müller, mülleriano, Bündchen, Hübner, hübneriano, e assim por diante.

Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras

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