"DAS COISAS, DO TEMPO E DA RAZÃO"
A faca que corta o pão,
Também corta a carne:
Fere e sangra!
E dilacera o coração
O bisturi que salva
É arma violenta,
Que sangra e mata,
Dependendo da mão.
A água que é fonte de vida,
Gera energia,
Irriga a planta,
Afoga e mata, na inundação.
O vento que apaga uma vela
É o mesmo que derruba a mata
Acende uma queimada
Açoita os fios e causa a escuridão.
A chave que abre
É a mesma que fecha.
A porta que solta e abre caminho
Não é diferente daquela da prisão.
O sol que ilumina,
Fecunda a terra,
Cega-nos a vista
E mata de insolação.
A estrada que trás de volta,
É a mesma que leva
Para bem longe
O nosso irmão.
O raio que clareia,
Que descortina o tempo,
Também assusta
No troar rouco do trovão.
A mão carinhosa que afaga,
É a mesma que manipula,
Que engana e esgana,
Que mata sem compaixão.
O olho que apaixonado flerta
Também faísca de inveja,
Queima de ódio, se afoga em lágrimas!
Quando chora de dor ou de emoção.
A mata que é vida,
É lenha, é flecha, é carvão,
É fonte de oxigênio,
Calor, veneno e combustão.
A flor na mata é cheirosa,
Bela no jardim, alegra a vida,
Mas será sempre triste
Na frieza dum caixão.
O Deus supremo que criou o mundo,
Deu-nos a vida, a inteligência e a animação,
--tudo em apenas um breve segundo-
É o único que nos salva da eterna perdição.
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