AS RUAS DE MINHA INFÂNCIA
“Minha rua tem uma palmeira
Em frente â casa de Caju
Tinha Nonô, uma aroeira,
Tinha Safina, Biela e Du."
A Rua Direita é
torta
A das Flores é
triste
A do Rosário é larga
A do Fogo é fria...
A do Pequi é limpa
A Boa Vista airosa
A São José, tão
linda
A São Gonçalo
feiosa.
A da Botica é rica
A do Resolve é rampa
A da Ponte é vinda
A de Santana é ida
A do Curral é curta
A do Corte é meia
A do Ouro é pobre
A dos Pobres, nobre.
A da Cadeia é solta
A da Pólvora,
estopim!
A do Cemitério,
começo
A da Barra, é o fim.
A Rua do Amparo é
bela
Tinha minha casa e a
de Dedé
Tem Dona Áurea na
janela
E saudades de Heli e
de Bulé.
UM PASSEIO AO LUAR
Rua Direita
A Rua Direita é torta
Com as casas sem quintal
Sem jardins e sem horta
E, nas portas, fuxical
Rua das Flores
Vovô Domingos,
uma bondade sem
fim,
Não era dono da
Santa Casa
Mas só dizia o sim.
Rua do Rosário
O ourives "Seu
Roxo"
Ranzinza de fazer
dó.
Um Santo, Edgar
Pereira!
E o saudoso Lau
Dodó.
Rua do Fogo
Zé Moreira e o
trombone
Frade, Sá Onça e
Tó,
Tião Preto e a
Cara'Bina
E o Caldo de
Mocotó.
Rua do Pequi
Dia de Jogo,
lembro-me
Das cercas de vara
Que separavam a
casa e o campinho...
E a Dona Aurora,
que nem arara,
Via acabar num
instantinho.
Um jogo que nem
começara.
Rua da Boa Vista
A estação da Rádio
Na Casa do Bangalô
As Paneleiras e
Geraldona
E um povo da raça
nagô.
Rua de São José
Mãe
Rosa Lopes Parteira,
Vizinha de Dona Nair
Modista e costureira
Que viviam a sorrir.
Rua São Gonçalo
Bené Mendes
assentado
Com sua pança de
boçal
Furando a minha
bola
Que eu ganhei pelo
Natal.
Rua da Botica
Se fosse
apenas a rima
E já seria
o bastante
A casa de Dona
Corina
Era segredo
reinante
Rua do Resolve
Até ali tudo bem...
Mas dali pá lá:
Menina boa não vá,
Não lhe fica bem.
Rua da Ponte
O tear de Zé de
Chico
As vacas de Chico
Vieira
As flores de seu
Zezinho
Os quitutes das
Ferreira
Rua Santana
O quintal de Zé
Araújo,
Um verdadeiro jardim
Tinha até caramujo
E muitas frutas prá
mim.
Rua do Curral
A récua dos
Evangelista
Ali era senhorial
Quem não abaixasse a
crista
Caía logo no
quebra-pau.
Rua do Corte
Dário Caminhoneiro
O matadouro um
chiqueiro,
Ubiraci, tesoureiro
E Humberto,
o costureiro.
Rua do Ouro
Maria Mariana
Canta,
O forno de
assapeixe estanca
A roupa engomada
passa
Sua prece é de uma
Santa
Rua da Conferência
A rua era dos
pobres
E ricos eram
os confrades
Que ficavam com os
cobres
E faziam seus
alardes
Rua da Cadeia
Nâo é assim tão
bonita
Mas bonito é que
ali não se caia
Pois fica feio na
fita
Quem vai parar na
sapucaia.
PRAÇA DA GRUTA, tendo ao fundo o centenário CEMITERIO DO MONSENHOR SEBASTIÃO AYALLA, com seu
lindo muro em arcos e, lá dentro um apaziguador jardim, com cada campa
transformada em canteiros. Hoje, com o crescimento urbano, este cemitério ficou
quase que no centro da cidade e está sendo gradativamente desativado e deve
permanecer apenas como um Memorial Histórico. Para isto, já foi construído um
novo cemitério municipal, no Bairro do Achará, dentro das modernas exigências ambientais.
No antigo cemitério estão inumados, além de meus antepassados (meus bisavós
maternos, Vovô Domingos Mota e vovó Nazinha Miranda, minha bisavó materna, Vovó
Idalina Sena, meus avos maternos, Vovô José Mota e vovó Loura, meu bisavô
paterno, Juvenato Coelho, meus avós paternos ,Vovô Durval Coelho e Vovó
Juscelina Chagas, meus pais, Zé Durval e Dona Elisa Mota, meus irmãos Durval e
Conceição, além de centena de tios, primos e amigos queridos. Muitas são as
campas, bem identificadas, de grandes personalidades de nossa história, como o
Cônego Barreiros, o Padre Emiliano, o Coronel Zé Bentão, o Coronel João André e
sua esposa Dona Cula, o Coronel Demóstenes César e sua esposa Mestra Flora
Brasileira Pires César, o Major Jose Benício, o Prefeito Luiz Leite e sua esposa
Dona Olídia, o prefeito Zé Coelho e sua esposa Mestra Maria Geralda Silva, o prefeito Rodolfo Gomes, o prefeito e farmacêutico Agenor Santos, além de muitos outros políticos e beneméritos de nossa terra, e
também são curiosos os mausoléus do “seu” Victor Nery e esposa, da Dona Alzira Maia
(primeira esposa do Dr.Pedro Anísio Maia), do Arturzinho Oliveira (filho do Dr.
Martiniano), da Tumba de "seo" Levy, da Dona Corina Badaró, do "general" João de Deus, de Frederico Roxo, da “Cigana” e da “ Sinhá Checa”, a Dona Franceska Kucuzera, que normalmente são muito visitadas até por muitos estranhos vindos de longe, muitos deles que afirmam categoricamente terem alcançado graças milagrosas por intermédio das orações e pedidos formulados com muita fé, segundo nos informou o vigilante e zelador do local.
Nenhum comentário:
Postar um comentário