Você, como verdadeiro
cidadão, sabe identificar, entre seus amigos e conterrâneos, aqueles que de
fato tenham alguma condição moral, intelectual, técnica, profissional e
cultural, no sentido de, numa eventualidade, ser escolhido, convocado, convidado
ou eleito para um cargo político, como seu prefeito ou um representante na
Câmara ou na Assembleia?
No seu entendimento, qual deve ser o perfil ideal
de um candidato ao cargo de prefeito, de vereador ou de deputado?
Você considera como um
bom candidato, ou boa candidata, uma pessoa que não se preocupa com sua própria
imagem de honestidade, com a dedicação ao trabalho honesto e produtivo, com a
proteção e a dignidade de sua própria família, com o bom relacionamento no lar
e no emprego, com a consideração aos colegas de serviço e aos conterrâneos, com
o fiel cumprimento com obrigações sociais, com o respeito e o acatamento que se
deve ter às leis, que não saiba ou não goste de viver harmoniosamente, com
dignidade e respeito, dentro da comunidade em que vive?
Você escolheria, como
seu representante político, uma pessoa arrogante, que se julga superior a todo
mundo, que não visita ninguém, que mantém as portas de sua casa sempre fechadas
para o público, que não frequenta os eventos promovidos pela comunidade, que
não vai à igreja, que não exerce a caridade, que não ajuda a promover a
cultura, que não colabora na geração de emprego e renda, que mora na comunidade
apenas para explorá-la comercialmente sem oferecer qualquer retorno à
população?
Você escolheria, para
ser seu representante, uma pessoa que não respeita as normas sociais (como o
casamento, a religião, etc.), e que prefere manter relações de bigamia, com mais
de um parceiro (a) em lugares diferentes, como se casado fosse, com mais de um
cônjuge?
Você concorda em apoiar
um cidadão que não demonstra qualquer consideração pela cidade onde vive e que
prefere manter seus relacionamentos de amizade e de entretenimento em outra
cidade de região, onde não esconde sua ojeriza pela comunidade que o elegeu?
A liderança
comunitária tem um papel decisivo no processo de desenvolvimento local. Com
efeito, uma comunidade, coordenada e gerenciada por um líder, é capaz de desenvolver-se
de modo sustentável, tendo consciência da interdependência de seus membros,
sabendo que sucesso de todos depende do sucesso de cada um e que o sucesso de
cada um depende do sucesso de todos. E essa consciência não acontece espontaneamente.
É preciso, contudo, esclarecer que o surgimento de um processo de liderança não
irá resolver todos os males da comunidade, mas é inegável que a capacidade de
pessoas serem agentes de sua história, empreendedoras, criativas, inovadoras, buscando
a realização de suas necessidades e a cooperação da comunidade, criando laços.
de
confiança, organizando-se em redes e em parcerias, em torno de valores e
objetivos comuns, vai depender fundamentalmente de sua liderança.
O
desenvolvimento local existe quando se pensa na possibilidade de organizar-se
em grupos sociais, relativamente homogêneos, motivando em cada membro uma consciência
de seus problemas históricos, fazendo com que as pessoas acreditem que a.
ação
provoca uma mudança e buscando despertar em cada um a sua importância na solução
desses problemas: esse é o papel do líder. Nesse sentido, o líder comunitário deverá,
dentre outras, praticar, junto com a comunidade, as seguintes ações:
a)
Reunir as
pessoas que participam da comunidade, buscando desenvolver em cada uma, a
responsabilidade pela a melhoria das condições de vida, tanto de ponto de vista
individual, como principalmente coletivo;
b) Estabelecer a visão da comunidade;
c) Diagnosticar as ameaças (atuais e
futuras) e oportunidades da comunidade;
d) Identificar as alternativas de solução para
minimizar ou eliminar as ameaças e traçar ações no sentido de robustecer as
oportunidades identificadas;
e) Formular os objetivos em função
das ações estabelecidas, procurando combinar fatores econômicos, ambientais e socioculturais
e sempre incorporando o conceito de sustentabilidade;
f) Posicionar as estratégias dentro
das perspectivas analisadas, buscando proporcionar vantagens competitivas á
comunidade;
g) Definir, em função dos objetivos
estabelecidos, os projetos que farão parte do plano global. Cada projeto deverá
ter sua identificação, justificativa, ações, sendo definido seu coordenador e
os demais membros da equipe, uma planificação conceitual e uma análise de exequibilidade,
suas etapas de realização, seu cronograma, seu financiamento, se houver, os
recursos materiais, logísticos e financeiros para sua realização e sua forma de
acompanhamento e avaliação;
h) Estabelecer planos de ação,
alocando pessoas nas diversas etapas do plano, atribuindo a cada uma delas uma
fatia de responsabilidade na consecução das metas estabelecidas;
i) Definir as estratégias de ação,
procurando envolver não só toda a comunidade, mas também outros segmentos da
sociedade, dentro da concepção de um pacto de cooperação;
j) Aprovar um cronograma de
execução, enfatizando os prazos para reavaliação do plano ora proposto; e.
k)
Estabelecer
os critérios de reavaliação dos planos de ação, sua periodicidade e metodologia.
Mais do
que nunca, a liderança comunitária deve ser uma liderança de equipes, onde cada
um dos seus integrantes deve ter o direito de expressar-se e deve ser reconhecido
como elo de cadeia que se tornará cada vez mais forte, com a maior participação
de todos os seus membros em prol do desenvolvimento da localidade.
LIDERANÇA
COMUNITÁRIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL
Segundo a
concepção do desenvolvimento local sustentável, a realização das etapas acima descritas
deve obedecer a certos padrões que são fundamentais para a obtenção de seu
sucesso no planejamento global, conforme um entoque, cujas características são:
1.
Contínuo
e flexível, adaptando-se ás circunstâncias que provocam mudanças, sem perder de
vista os objetivos de desenvolvimento e os conceitos de sustentabilidade.
2. Ambientalista e sustentável, já
que os planos devem ser formulados observando-se os critérios ambientais, de
modo que os recursos naturais e culturais não degradem, e que o desenvolvimento
não gere impactos ambientais ou socioculturais e que os benefícios obtidos pelo
plano sejam repartidos entre todos, procurando-se um maior nível de satisfação entre
os membros da comunidade.
3. Comunitário, á medida em que se
deve procurar a máxima participação de todos os que fazem a comunidade na
elaboração dos planos.
4. Realístico e exequível.
5.
Planejando
e estratégico, não permitindo que os projetos se apresentem apenas como
imediatistas.
Como
todos essas características e através de uma liderança comunitária e eficaz, o processo
de desenvolvimento local sustentável deverá contemplar, segundo Sureda e Canals
(2000, p. 23)3 três condições. A primeira
relaciona-se a otimizar a gestão e a utilização de recursos; a segunda sugere ordenar
eficientemente o território e suas atividades para, por fim, distribuir equitativamente
os bens, serviços e oportunidades entre a população.
Para
otimizar a gestão e a utilização de recursos, ainda segundo Sureda e Canals (2000)4 O líder comunitário deverá, dentre outras ações,
orientar a comunidade a:
1.
Procurar
conhecer os recursos materiais e energéticos locais.
2. Analisar o ciclo de vida de todos
os recursos materiais e energéticos.
3. Discutir para priorizar a
utilização de recursos locais e renováveis.
4. Racionalizar o uso de matérias
primas.
5.
Valorizar
a biodiversidade do território.
É inegável
que, para uma execução tida como mais eficaz na condução de uma comunidade, é
preciso que o líder apresente as três características básicas definidas por Bass
(1985)5:
a.
Seja
carismático, na medida em que possibilite às pessoas uma visão mais atraente
para a comunidade;
b. Dedique aos membros dessa
comunidade uma atenção individualizada, buscando adequar as necessidades de
cada um com a realidade dessa comunidade;
c. Estimule, em cada membro, a consciência
dos problemas comunitários e suas soluções.
Dentro
desse espírito, é necessário que o líder comunitário, ou definir o eixo de desenvolvimento
da comunidade, estabeleça os planos de ações, delegue autoridade compatível com
a responsabilidade que será atribuída a cada membro, trace os mecanismos de
acompanhamento de cada projeto, estabeleça a periodicidade de reavaliação dos
planos, procure sempre avaliar o impacto ambiental de cada projeto e examine
desde seus possíveis e efeito ambiental até os impactos econômicos e
socioculturais obtenha programas que visem á melhoria de qualidade de vida da
população, além de propiciarem a geração de trabalho e renda para a comunidade.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
E como toda
a comunidade, além de suas necessidades, possui seus ativos, o papel do líder
comunitário é, com base nesses resultados, direcionar os esforços dos membros
da comunidade para seu eixo de desenvolvimento, obtendo, com isso, não só uma melhor
condição de vida, mas também procurando elevar nível de Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) dessa comunidade e, principalmente, os níveis de autoestima e de
realização de cada um dos seus
membros.
Daí
porque o líder comunitário deve ser visto como uma mola propulsora nesse processo;
razão pela qual sua ação dentro desse contexto não é só necessária, mas, muitas
vezes, imprescindível.
O
VERDADEIRO LIDER AMA SEU POVO, ANTES DE PEDIR AO POVO QUE O AME,