FORMIGAS
CARREGADEIRAS
Parábolas – Afrânio Peixoto (17.12.1876 -- 12.01.1947)
No convento de S. Antônio, do Maranhão, houve,
no começo do século XVIII, famoso processo-crime, pelos religiosos movido
contra ... as formigas.
A acusação eram “os roubos, que as formigas
faziam na despensa da comunidade, minando-a e afastando a terra debaixo dos
fundamentos da casa, com que ameaçava ruína”.
Foi dado curador às rés, fez-se autuação, seguiriam-se
outras diligências, requereram os autores instauração de instância perempta,
foram citadas as formigas “em sua própria pessoa”, pelo competente escrivão do
foro eclesiástico... terminado o processo em que 20 de juho de 1714.
À causa aludiu em tempo o Padre Manuel
Bernardes. Os autos foram levados, muito mais tarde, a Portugal, por João
Francisco Lisboa, que lá se perdeu.
Divertimento sem graça, de frades desocupados.
Completamente sem ironia, àquele formidável libelo que mais de meio século
antes, na mesma terra, fez da mesma tribuna sagrada o Padre Antônio Vieira aos
peixes, -- rêmoras, voadores, tubarões, roncadores e polvos... que infestavam o
Maranhão; aludira em tempo outras formigas-carregadeiras, os governadores
capitães-mores, um que “não tem nada”, outro que “não lhe basta nada”, donde não
saber “qual é a maior tentação, se a necessidade, se a cobiça”.
No “Sermão do Bom Ladrão” contou como se conjugavam
por todos os modos e tempos o verbo “rapio”. Reis e príncipes mal servidos, se
quereis salvar a alma e recuperar a fazenda, introduzi, sem exceção de pessoa,
as restituições.”
Não é, pois, de agora, que existem
formigas-carregadeiras nos conventos, como nas administrações no Brasil. E não
cessarão, enquanto o Povo não seguir o conselho do missionário, não lhes tomar
dura conta, ao menos para exemplo, do mal tirado e mal gastado.
(Atentem-se
pelo fato que o texto acima foi escrito ainda no início do século passado,
portanto há mais de 100 anos, sendo o assunto da mais expressiva realidade
atual)
TIÃO CARREIRO E
PARDINHO.... A COISA TA PRETA
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