sábado, 21 de março de 2009

Fwd: "O TEMPO É UM RIO"


A LINGUA PÁTRIA, BEM CUIDADA E ENSINADA COM ZELO E PATRIOTISMO,  AO LADO DO ERÁRIO, DO PARLAMENTO E DO POVO, É FUNDAMENTAL NA AFIRMAÇÃO E GARANTIA DA IDENTIDADE NACIONAL
 
Aprender uma lingua estrangeira não é imprescindível mas é muito importante para que uma pessoa, nos dias atuais, tenha mais oportunidades no mercado de trabalho. O saber não ocupa lugar, aumenta as chances e alarga os horizontes. Digo que não seja imprescindível pelo fato de que o pensamento de todos os bons escritores, as obras clássicas e os grandes feitos da humanidade são produzidos nas diversas partes do mundo, em que se falam linguas diferentes e predominam outros custumes, sendo que tudo se espalha e se divulga pelas versões e traduções, em todas as linguas mais conhecidas do Planeta. Considero o estudo de outros idiomas como um esforço adicional que se pode adotar, mas jamais deixando em segundo plano o dever e o direito que cada cidadão tem de acessar e dominar os conhecimentos de sua lingua pátria. Hoje, com o apoio da tecnologia, pode-se ter acesso facilidado à produção cultural de qualquer parte do mundo e são muitos os instrumentos do saber, da ciência, da cultura e da fé que possabilitam ao homem simples compreender e valorizar a pesquisa e a busca incessante do conhecimento de outras civilizações, para assimilar seus avañços e benefícios, sem perder o foco de seu próprio berço. Exemplo do que afirmo é a internet, que bem utilizada, constitui-se ferramenta poderosa e cada vez mais necessária na rotina de qualquer cidadão. Veja a beleza da literatura inglesa que, no programa de pouwerpoint, pode ser lida, entendida e admirada, nos dois idiomas.
 
Veja, também, o que disse EÇA DE QUEIRÓS, através de seu heteronomio Fradique Mendes:

"A Correspondência de Fradique Mendes"

"Um homem só deve falar, com impecável segurança e pureza, a língua da sua terra: - todas as outras as deve falar mal, orgulhosamente mal, com aquele acento chato e falso que denuncia logo o estrangeiro.

Na língua verdadeiramente reside a nacionalidade; - e quem for possuindo com crescente perfeição os idiomas da Europa, vai gradualmente sofrendo uma desnacionalização.

Não há já para ele o especial e exclusivo encanto da fala materna, com as suas influências afectivas, que o envolvem, o isolam das outras raças; e o cosmopolitismo do Verbo irremediavelmente lhe dá o cosmopolitismo do carácter.

Por isso o poliglota nunca é patriota.

Com cada idioma alheio que assimila, introduzem-se-lhe no organismo moral modos alheios de pensar, modos alheios de sentir.

O seu patriotismo desaparece, diluído em estrangeirismo.

Rue de Rivoli, Calle d'Alcalá, Regent Street, Willelm Strasse - que lhe importa?

Todas são ruas, de pedra ou de macadame.

Em todas a fala ambiente lhe oferece um elemento natural e congénere, onde o seu espírito se move livremente, espontaneamente, sem hesitações, sem atritos.

E como pelo Verbo, que é o instrumento essencial da fusão humana, se pode fundir com todas - em todas sente e aceita uma Pátria.

Por outro lado, o esforço contínuo de um homem para se exprimir, com genuína e exacta propriedade de construção e de acento, em idiomas estranhos - isto é, o esforço para se confundir com gentes estranhas no que elas têm de essencialmente característico, o Verbo - apaga nele toda a individualidade nativa.

Ao fim de anos esse habilidoso, que chegou a falar absolutamente bem outras línguas além da sua, perdeu toda a originalidade de espírito - porque as suas ideias, forçosamente, devem ter a natureza, incaracterística e neutra, que lhes permita serem indiferentemente adaptadas às línguas mais opostas em carácter e génio.

Devem, de facto, ser como aqueles «corpos de pobre» de que tão tristemente fala o povo - «que cabem bem na roupa de toda a gente».

Além disso, o propósito de pronunciar com perfeição línguas estrangeiras, constitui uma lamentável sabujice para com o estrangeiro.

Há ai, diante dele, como o desejo servil de não sermos nós mesmos, de nos fundirmos nele, no que ele tem de mais seu, de mais próprio, o Vocábulo.

Ora isto é uma abdicação de dignidade nacional.

Não, minha senhora!

Falemos nobremente mal, patrioticamente mal, as línguas dos outros!

Mesmo porque aos estrangeiros o poliglota só inspira desconfiança, como ser que não tem raízes, nem lar estável - ser que rola através das nacionalidades alheias, sucessivamente se disfarça nelas, e tenta uma instalação de vida em todas, porque não é tolerado por nenhuma.

Com efeito, se a minha amiga percorrer a Gazeta dos Tribunais, verá que o perfeito poliglotismo é um instrumento de alta escroquerie."


 



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geraldo mota
http://geraldomotacoelho.blogspot.com/

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