terça-feira, 4 de agosto de 2015

FOGO NO CASTELO D'ÁGUA !!!




PRÉDIO ANTIGO

INCÊNDIO NA CAIXA D’ÁGUA DO BANCO DO BRASIL.

O prédio onde funciona a agência do Banco do Brasil, em Minas Novas, foi construído em 1980, seguindo a linha arquitetônica do antigo sobrado que havia no mesmo local, histórico imóvel que pertenceu, originalmente, lá no final do século XVIII, ao minerador JACINTO CRISTIANISMO, mais conhecido como JACINTO ACARAJÉ, avô do Cônego José Barreiro da Cunha. Este religioso, para ser nomeado Vigário Coadjutor da Paróquia de São Pedro do Fanado, sendo principal herdeiro de grande parte do acervo de seu avô, fez doações de vários imóveis à Mitra Diocesana da Bahia, que na época jurisdicionava a antiga Vila do Fanado das Minas Novas, dentre eles aquele que foi transformado em sua residência, passando denominar-se de “Casa Paroquial” e assim permanecendo, aquele sobrado, até o ano de 1979 quando foi vendido ao Banco. É lógico que a construção, em seu estilo colonial, teve suas proporções dilatadas, de forma a atender às necessidades de seu novo proprietário dentro das finalidades a que se destinava, tanto no sentido horizontal como na linha vertical (pé direito). E o arquiteto, ao fazer as plantas do projeto, teve a sensibilidade de dotar, ao conjunto, até mesmo o antigo “castelinho” que havia no quintal, com a caixa de amianto para fornecer água para o único banheiro que havia no porão da antiga cozinha. 
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Mas, o novo “CASTELO D’ÁGUA” no final da obra revelou-se como um toque diferente na construção, identificando-a, na perspectiva aérea e na paisagem da cidade, como mais uma torre entre as demais que já existiam, das igrejas do Amparo e do Rosário, oferecendo um cenário de considerável beleza plástica. Na realidade, essa torre tem no seu subsolo uma cisterna com capacidade de armazenamento de 20.000 litros, volume suficiente para abastecer todo o prédio, mesmo em caso de racionamento, sendo que a água é bombeada para outra caixa, de 10.000 litros, situada na parte superior, um pouco acima do nível do telhado da agência. E para fazer o bombeamento, havia um conjunto elétrico de moto-bombas, de acionamento automático na medida em que se abaixava o nível da caixa superior, ficando, por assim dizer, constantemente ligada durante quase todo o dia. O interior da torre, dotado de uma grande escada em espiral, é todo um espaço oco e sem qualquer outra finalidade a não ser produzir o eco que ali tem um curioso efeito. Contudo, ali, eventualmente, no local ocioso, armazenavam-se material de limpeza, restos de tintas e até mesmo pneus usados, que os funcionários da agência guardavam como reservas daqueles em uso em seus veículos.
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No ano de 1982 o Banco do Brasil, em plena expansão de suas atividades interioranas, convocou concursos externos, regionalizados, para a dotação de funcionários em suas novas agências. E a agência de Minas Novas foi selecionada para sediar um daqueles eventos, em cuja oportunidade foi tão grande a demanda de candidatos, que a organização do concurso, com a devida antecedência foi obrigada a providenciar o remanejamento de grande contingente deles para outras localidades, como Diamantina, Montes Claros e Teófilo Otoni, de vez que, se assim não procedesse, a cidade não comportaria receber e hospedar tanta gente. Mesmo assim, nunca houve na cidade um evento daquelas proporções.  E na data da realização das provas, com todo o rigor da fiscalização para não haver fraudes, tudo corria tranquilo nas diversas salas da Escola Costa e Silva, num dia de domingo, quando todos os funcionários estavam trabalhando como monitores, quando o silêncio reinante foi rompido por gritos de alarme anunciando que a “caixa d’água do Banco do Brasil estava pegando fogo”. E, de fato, havia era muito fogo que ameaçava todo o prédio, cujas labaredas e tufos de fumaça eram vistos de longe. Foi aquele corre-corre, uma azáfama geral, da qual os participantes, que vieram de longe,  que também não conheciam a cidade e nem a agência, portanto nada entendiam, pois não podiam saber que havia uma caixa d’água, daquele estilo e proporções, o que, aliás, era uma novidade para qualquer um naquela situação. E a confusão ficava ainda maior na medida em que muitos dos funcionários estavam aflitos com a possibilidade do prejuízo de seus pertences (carros, pneus, câmaras, capotas, isopor e apetrechos de camping) que estariam ali guardados de forma irregular, sem nada poderem fazer para acudir. Mas, o recurso, para não revelar a irregularidade, era a de ficar com o bico calado. E o fogo, encontrando todo aquele volume de material inflamável, foi aumentando e jogando as chamas para o sentido do vácuo, até atingir o alto da torre e sair pelas janelinhas, lá em cima, de onde se lançavam para fora do “Castelo” como línguas incandescentes e tufos de fumaça, provocando estampidos como se fossem fogos de artifício. O tétrico espetáculo se assemelhava a uma girândola da festa junina e não havia mangueiras que alcançassem aquela altura. As chamas ameaçavam atingir o corpo principal do prédio, do qual fica separado por apenas dois ou três metros.
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E no meio daquela bagunça que se formou, com a intervenção de populares e policiais que surgiam com o objetivo de acudir para apagar o incêndio, de repente, não se sabe como ele ali conseguiu subir, munido de baldes e uma grossa mangueira conectada na própria bomba inferior que não havia, ainda, parado de funcionar, apareceu lá em cima do telhado do prédio principal, a figura de um “neguinho”, bem esperto e serelepe que conhecia ali tudo como a palma de sua mão, que graças a sua coragem, teve a ousadia de iniciar, de cima para baixo, o controle das chamas que já o chamuscava. E o incêndio foi logo se aplacando, não restando grandes prejuízos, senão o maior deles, que foi a perda total de um conjunto de pneus novinhos em folha, do tipo mais moderno de banda-larga com rodas de magnésio, da propriedade particular de um certo colega, muito amante de sua novíssima S-10 de cabine dupla, que planejava, naquele mesmo dia que ali havia guardado para fazer a substituição, pelos pneus comuns, logo depois de terminadas as referidas provas daquela data. Mas, a trepidação provocada pela moto-bomba friccionou os pneus contra a parede, daí surgindo as faíscas que passaram para o estoque de material de limpeza, altamente inflamável, ali em grande quantidade, quando o fogaréu se espalhou como num rastilho de pólvora.
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Mas a sorte grande foi que as chamas, mesmo que violentas, não seguiram para o lado contrário, onde havia um imenso motor estacionário de Scania, que acionava o conjunto gerador de energia para o prédio, que era alimentado por um tanque de 200 litros de óleo diesel, a poucos metros do local do fogo. Se assim tivesse ocorrido, não teria sobrado nada de toda aquela belíssima agência e suas adjacências, o que, certamente não ocorreu, graças à providencial intervenção e a esperteza de um rapazinho chamado JOSÉ MARQUES, o nosso saudoso FEIJOADA que, àquela altura, quando todos chegaram para ver o resultado daquela quase que uma imensa tragédia, já estava ele dando os últimos retoques nas pinturas dos diversos carros que ele sempre, ali mesmo naquele estacionamento,  cuidava diariamente, com um tamanho zelo, como se fossem todos os veículos de sua particular coleção.
 

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