quarta-feira, 12 de agosto de 2015

HISTÓRIA DA IGREJA NA AMÉRICA LATINA





HISTÓRIA DA IGREJA NA AMÉRICA LATINA
(Subsídios úteis)

Indico-lhe os links abaixo, que você deve acessar e analisar com muita atenção, mas não pode ser de afogadilho. Leia um, depois do outro:













FÉ E SOCIABILIDADE NA MINAS GERAIS DO SÉCULO XVIII

Quando nos deparamos a pensar na religiosidade presente na Minas Gerais do século XVIII, logo imaginamos à grande quantidade de belas e suntuosas Igrejas existentes na região. Talvez pudéssemos interpretar como responsável incontestável deste cenário, a influência do catolicismo. Porém, é importante entendermos que naquela época, tanto o Estado como a Igreja Católica exerceram papéis secundários (entendamos aqui no sentido institucional) com relação às práticas religiosas. Leigos e instituições sem envolvimento com o catolicismo fundaram e desenvolveram uma “religiosidade peculiar”, as irmandades. Um espaço que aceitava todos: homens, mulheres, negros e brancos. 

A própria Coroa Portuguesa mostrou-se despreocupada com a religiosidade na região mineira, diferentemente de outras terras colonizadas. Na capitania do ouro não se construíram mosteiros e conventos durante todo o século XVIII.
Em outras localidades, a Igreja Católica funcionava como uma referência, um guia a serviço de seus fiéis. Por outro lado, em Minas Gerais – como mencionamos – não havia este vínculo entre a instituição e seus devotos. O papel de referência era desempenhado por diversos santos protetores, que eram escolhidos à vontade pelos irmãos. Desta forma, a carência religiosa e o relacionamento com o sobrenatural eram realizados por meio de diferentes oragos como: Rosário, Conceição, Carmo, Mercês, Francisco, Gonçalo, José, Benedito, etc.
As irmandades se forjaram em meio à insegurança e instabilidade contidas no cenário mineratório. A sociabilidade se transformou em associações leigas que consagravam as imagens padroeiras. 

Esse fenômeno revela uma fundamental presença social inserida nas práticas religiosas daquela região. No comércio local, já havia tempo para se falar do divino, enquanto que em espaços dedicados a prática religiosa achava-se oportunidades para sociabilidade. Em 1711, quando se desenvolveram as primeiras vilas mineiras, o número de agremiações já superava dez unidades. Sem dúvida, estudar este fenômeno é essencial para entender e compreender a cultura a história locais. 

As irmandades não encontraram barreiras por parte das autoridades e por esta razão, seguiram seu processo de expansão. Ao final do período colonial do século XVIII o número de irmandades ultrapassava três dezenas.

LONGE DA IGUALDADE SOCIAL
 
Se por um lado, as confrarias contribuíram sensivelmente em melhorias urbanas, como obras públicas e configuração do comércio local, de outro, não podemos afirmar que fora capaz de igualar a consideração entre brancos e negros. A igualdade perante Deus não se estendia à vida terrena. Os homens brancos conscientemente, proporcionavam esta agregação religiosa, produzindo um falso entendimento de igualdade entre eles.

A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos é uma confraria de culto católico, criada para abrigar a religiosidade do povo negro, que na época da escravidão era impedido de frequentar as mesmas igrejas dos senhores. Mantém em seu calendário uma devoção secular a Nossa Senhora do Rosário.

Origens da devoção a Nossa Senhora do Rosário

A devoção a Nossa Senhora do Rosário tem sua origem entre os dominicanos, por volta de 1200. São Domingos de Gusmão, inspirado pela Virgem Maria, deu ao Rosário sua forma atual. Isto pode ser comprovado em episódios revelados em sua iconografia. A primeira irmandade do rosário foi instituída pelos dominicanos em Colônia (Alemanha), em 1408. Logo a devoção se propagou, sendo levada também por missionários portugueses ao Reino do Congo.

A irmandade de Nossa Senhora do Rosário no Brasil

A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário chegou ao Brasil no século XVI. Em Santos, a igreja matriz já tem como padroeira Nossa Senhora do Rosário. No século XVII, esta mesma imagem de Nossa Senhora é a padroeira principal de Itu, Parnaíba e Sorocaba.

A partir do fim do período colonial, as irmandades do Rosário passam a ser constituídas pelos "homens pretos".

No Brasil, ela foi adotada por senhores e escravos, sendo que no caso dos negros ela tinha o objetivo de aliviar-lhes os sofrimentos infligidos pelos brancos. Os escravos recolhiam as sementes de um capim, cujas contas são grossas, denominadas "lágrimas de Nossa Senhora", e montavam terços para rezar.

Antes de lhe repassar alguns trechos de minha autoria, devo esclarecer que, embora seja católico-apostólico-romano, não sou simpático à Teologia da Libertação (tenho severas críticas aos ensinamentos de Leonardo Boff e outros teólogos que defendem essa esdrúxula ideia, que a meu ver são muito nocivas em razão da carga idológica de marxistas-comunistas-bolivarianos-petistas). 

A Igreja Católica, legitimada como a que foi fundada pelo próprio Filho de Deus e outorgada a sua administração aos primeiros apóstolos (São Pedro, São Paulo....)  tem como princípio os ensinamentos dos Evangelhos de JESUS CRISTO, na sua divina expressão do amor, do perdão, da caridade e da justiça, não podendo aceitar ideologias que pregam a desagregação da família, que fazem apologia ao aborto, ao homossexualismo, ao uso indiscriminado de drogas e toda uma política nefasta que é contrária ao bom senso, à cidadania e à democracia. Jamais podemos ser contra a VIDA PLENA e SAUDÁVEL que é compatível com a própria natureza, obra e propriedade de Deus que precisa ser respeitada por todas as criaturas dotadas de inteligência e de livre-arbítrio.

Muitos erros históricos marcaram a nossa Igreja, em toda a história da civilização, sendo um deles – e talvez o maior – o abominável período da Idade Média, com a INQUISIÇÃO (Santo Ofício, de triste memória). E na América Latina são muitos os erros que foram cometidos, em nome da Igreja, cuja repercussão ainda se faz sentir nos nossos dias.

Contudo, não se pode negar que, depois do CONCÍLIO VATICANO II (Carta de Medelin, de Puebla, etc), muitos avanços positivos podem ser considerados e a Igreja Católica tem seguido, admiravelmente, no caminho da LUZ e da SABEDORIA indicadas pela Bíblia, sempre amparadas e reforçadas pelas Tradições que provam a fraqueza dos argumentos de quem defende a SOLA SCRIPTURA.

Considero pura falácia a afirmação de que a Igreja Católica tem perdido fieis a favor do crescimento de outras denominações religiosas que vão surgindo nos dias atuais. Nesse sentido até posso admitir que não se verifica, como antigamente, uma predominância de católicos, mas a cada dia pode-se notar que há mais qualidade e mais compromisso de cada um de nós, na condição de verdadeiros cristãos, pois a verdade é algo que deve ser translúcido, cristalino e impoluto – sem subterfúgios e segundas intenções. A fé deve ser objetiva e traduzir, de fato, a essência do que carregamos na alma e no pensamento. JESUS espera de cada Cristão que, antes de tudo, até mesmo do conhecimento científico e filosófico, nós tenhamos FÉ ABSOLUTA na sua Divindade, sem precisar recorrer-se a artifícios exteriores para prova ou conhecimento dessa insofismável VERDADE, a qual é inerente ao ser humano, um atributo natural e original que é decorrente do Sopro do Espírito Santo. Esse deveria ser o “dogma” principal a orientar cada Católico. 

No Brasil houve casos de genocídio, com a extinção de várias nações indígenas, exclusivamente porque alguns “catequistas” não conseguiram tirar daqueles seres humanos que aqui já viviam há milhares de anos, antes do propalado “Descobrimento” pelos portugueses e espanhóis, seus costumes e suas crenças em divindades consideradas pagãs pelos empedernidos conquistadores.

A IRMANDADE DO ROSÁRIO EM MINAS NOVAS E EM ALGUMAS CIDADES DA REGIÃO (Chapada do Norte, Berilo, Francisco Badaró, Araçuai, Itamarandiba, Diamantina, Serro, Conceição do Mato Dentro)

Quase que em cada uma das cidades que teve origem durante o período da mineração do ouro, e algumas que surgiram depois daquele ciclo mas que, mesmo assim, receberam a influência das antigas vilas auríferas, têm elas uma Capela e uma confraria chamada de Irmandade do Rosário. 

Durante o tempo da mineração do ouro, o duro trabalho de abertura das catas, das minas e das lavras era feito pela mão-de-obra dos escravos, sob o comando de um feitor rigoroso que os vigiava e os forçava ao trabalho árduo e impiedoso, obrigando-os a regimes desumanos de exploração e flagelo. Muitos daqueles escravos, de origem africana, trouxeram lá de suas nações os antigos costumes, sendo que alguns tinham conhecimentos rudimentares da mineralogia, principalmente para lidar com o ferro, com o ouro e a prata mas, em razão da barreira cultural e da falta de conhecimento da língua português, eles pouco podiam aprender ou transmitir o que sabiam a respeito de suas habilidades. Esse conhecimento, porém, era disseminado entre eles, mesmo que fossem originários de nações diferentes, mas que guardavam entre si muitas das características básicas de raízes na negritude, como a crença em divindades idênticas, semelhanças na culinária,  uso de conhecimentos do curandeirismo e da medicina caseira. Muitos dos escravos, aparentemente incultos e selvagens, na verdade eram detentores de conhecimentos que os próprios colonizadores desconheciam ou menosprezavam por considerarem-nos rudes ou simplesmente ingênuos.

E entre os cativos, no interior das cafuas, dos calabouços e das senzalas, de forma calculada e velada, existiam hierarquias e se evidenciavam os líderes que se preocupavam em buscar saídas para o sofrimento de seus familiares, amigos e companheiros. Essa situação, muitas das vezes, já se verificava no interior dos navios negreiros e tinha continuidade no ambiente em que eram introduzidos como animais de serviço. Muitos eram dotados de inteligência que lhes permitia um autocontrole de suas reações às adversidades, possibilitando o fortalecimento de estratégias e de recursos de sobrevivência e de conquista de espaços dentro do meio em que viviam, seja pela atração de simpatias, de confianças, de consideração e até mesmo de piedade por parte dos senhores, dos mineradores, das autoridades e das demais pessoas com quem conviviam.

Não era difícil, portanto, que muitos escravos tivessem a capacidade de ludibriar a vigilância de seus algozes, no sentido de ocultar veios auríferos e de armazenar, em locais ocultos e seguros, o resultado de extrações que eles não declaravam e que ficavam reservadas para uma futura necessidade, em caso de fuga ou de se conseguir a alforria ou libertação. Esse procedimento era muito comum, tanto é assim que, até hoje, em alguns locais podem ser descobertos verdadeiros tesouros que foram enterrados em caniços, em potes, canudos de madeira, chifres de animais e gretas de pedras, mas que ficaram esquecidos ou abandonados pelos desertores. São conhecidos relatos sobre  escravos que, depois de engolirem grande quantidade de ouro, para depois recolhê-los pela lavagem de suas próprias fezes, foram vítimas de sangramentos e de problemas digestivos que os levavam à morte. E para evitarem tal procedimento, os feitores colocavam os escravos suspeitos dessa prática em observação, após os serviços, durante um prazo que consideravam ser necessário para transcorrer todo o ciclo metabólico, desde o momento da ingestão dos alimentos até a defecação. Também obrigava, a cada escravo, a lavagem dos cabelos e de seus trapos que usavam como vestimenta, para verificarem se não havia ouro neles escondidos.  Mesmo assim, grandes quantidades de ouro eram escondidas e, na medida que iam conseguindo alguma oportunidade, essa “poupança”, de alguma forma, era destinada a várias finalidades. Uma delas era a de conseguirem a própria liberdade, através da compra da Carta de Alforria. E nesse objetivo, contavam com a ajuda de pessoas bem intencionadas, religiosos e, por incrível que pareça, até mesmo de judeus (sefarditas) que não eram adeptos da escravidão, por questões de sua origem religiosa.

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