HISTÓRIA DA IGREJA NA AMÉRICA LATINA
(Subsídios úteis)
Indico-lhe os links abaixo, que você deve acessar e analisar
com muita atenção, mas não pode ser de afogadilho. Leia um, depois do outro:
CARTA DE PUEBLA:
CARTA DE MEDELLIN:
FÉ E SOCIABILIDADE NA MINAS GERAIS
DO SÉCULO XVIII
Quando nos deparamos a pensar na religiosidade presente na Minas Gerais do século XVIII, logo imaginamos à grande quantidade de belas e suntuosas Igrejas existentes na região. Talvez pudéssemos interpretar como responsável incontestável deste cenário, a influência do catolicismo. Porém, é importante entendermos que naquela época, tanto o Estado como a Igreja Católica exerceram papéis secundários (entendamos aqui no sentido institucional) com relação às práticas religiosas. Leigos e instituições sem envolvimento com o catolicismo fundaram e desenvolveram uma “religiosidade peculiar”, as irmandades. Um espaço que aceitava todos: homens, mulheres, negros e brancos.
Quando nos deparamos a pensar na religiosidade presente na Minas Gerais do século XVIII, logo imaginamos à grande quantidade de belas e suntuosas Igrejas existentes na região. Talvez pudéssemos interpretar como responsável incontestável deste cenário, a influência do catolicismo. Porém, é importante entendermos que naquela época, tanto o Estado como a Igreja Católica exerceram papéis secundários (entendamos aqui no sentido institucional) com relação às práticas religiosas. Leigos e instituições sem envolvimento com o catolicismo fundaram e desenvolveram uma “religiosidade peculiar”, as irmandades. Um espaço que aceitava todos: homens, mulheres, negros e brancos.
A própria Coroa Portuguesa
mostrou-se despreocupada com a religiosidade na região mineira, diferentemente
de outras terras colonizadas. Na capitania do ouro não se construíram mosteiros
e conventos durante todo o século XVIII.
Em outras localidades, a Igreja
Católica funcionava como uma referência, um guia a serviço de seus fiéis. Por
outro lado, em Minas Gerais – como mencionamos – não havia este vínculo entre a
instituição e seus devotos. O papel de referência era desempenhado por diversos
santos protetores, que eram escolhidos à vontade pelos irmãos. Desta forma, a
carência religiosa e o relacionamento com o sobrenatural eram realizados por
meio de diferentes oragos como: Rosário, Conceição, Carmo, Mercês, Francisco,
Gonçalo, José, Benedito, etc.
As irmandades se forjaram em meio à
insegurança e instabilidade contidas no cenário mineratório. A sociabilidade se
transformou em associações leigas que consagravam as imagens padroeiras.
Esse fenômeno revela uma
fundamental presença social inserida nas práticas religiosas daquela região. No
comércio local, já havia tempo para se falar do divino, enquanto que em espaços
dedicados a prática religiosa achava-se oportunidades para sociabilidade. Em
1711, quando se desenvolveram as primeiras vilas mineiras, o número de
agremiações já superava dez unidades. Sem dúvida, estudar este fenômeno é
essencial para entender e compreender a cultura a história locais.
As irmandades não encontraram
barreiras por parte das autoridades e por esta razão, seguiram seu processo de
expansão. Ao final do período colonial do século XVIII o número de irmandades
ultrapassava três dezenas.
LONGE DA IGUALDADE SOCIAL
Se por um lado, as confrarias
contribuíram sensivelmente em melhorias urbanas, como obras públicas e
configuração do comércio local, de outro, não podemos afirmar que fora capaz de
igualar a consideração entre brancos e negros. A igualdade perante Deus não se
estendia à vida terrena. Os homens brancos conscientemente, proporcionavam esta
agregação religiosa, produzindo um falso entendimento de igualdade entre eles.
Origens da devoção a Nossa Senhora do Rosário
A devoção a Nossa Senhora do Rosário tem sua origem entre os dominicanos, por volta de 1200. São Domingos de Gusmão, inspirado pela Virgem Maria, deu ao Rosário sua forma atual. Isto pode ser comprovado em episódios revelados em sua iconografia. A primeira irmandade do rosário foi instituída pelos dominicanos em Colônia (Alemanha), em 1408. Logo a devoção se propagou, sendo levada também por missionários portugueses ao Reino do Congo.A irmandade de Nossa Senhora do Rosário no Brasil
A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário chegou ao Brasil no século XVI. Em Santos, a igreja matriz já tem como padroeira Nossa Senhora do Rosário. No século XVII, esta mesma imagem de Nossa Senhora é a padroeira principal de Itu, Parnaíba e Sorocaba.A partir do fim do período colonial, as irmandades do Rosário passam a ser constituídas pelos "homens pretos".
No Brasil, ela foi adotada por senhores e escravos, sendo que no caso dos negros ela tinha o objetivo de aliviar-lhes os sofrimentos infligidos pelos brancos. Os escravos recolhiam as sementes de um capim, cujas contas são grossas, denominadas "lágrimas de Nossa Senhora", e montavam terços para rezar.
Antes de lhe repassar
alguns trechos de minha autoria, devo esclarecer que, embora seja
católico-apostólico-romano, não sou simpático à Teologia da Libertação (tenho
severas críticas aos ensinamentos de Leonardo Boff e outros teólogos que
defendem essa esdrúxula ideia, que a meu ver são muito nocivas em razão da
carga idológica de marxistas-comunistas-bolivarianos-petistas).
A Igreja Católica, legitimada como
a que foi fundada pelo próprio Filho de Deus e outorgada a sua administração
aos primeiros apóstolos (São Pedro, São Paulo....) tem como princípio os ensinamentos dos
Evangelhos de JESUS CRISTO, na sua divina expressão do amor, do perdão, da
caridade e da justiça, não podendo aceitar ideologias que pregam a desagregação
da família, que fazem apologia ao aborto, ao homossexualismo, ao uso
indiscriminado de drogas e toda uma política nefasta que é contrária ao bom
senso, à cidadania e à democracia. Jamais podemos ser contra a VIDA PLENA e
SAUDÁVEL que é compatível com a própria natureza, obra e propriedade de Deus
que precisa ser respeitada por todas as criaturas dotadas de inteligência e de
livre-arbítrio.
Muitos erros históricos marcaram a
nossa Igreja, em toda a história da civilização, sendo um deles – e talvez o
maior – o abominável período da Idade Média, com a INQUISIÇÃO (Santo Ofício, de
triste memória). E na América Latina são muitos os erros que foram cometidos,
em nome da Igreja, cuja repercussão ainda se faz sentir nos nossos dias.
Contudo, não se pode negar que,
depois do CONCÍLIO VATICANO II (Carta de Medelin, de Puebla, etc), muitos
avanços positivos podem ser considerados e a Igreja Católica tem seguido,
admiravelmente, no caminho da LUZ e da SABEDORIA indicadas pela Bíblia, sempre
amparadas e reforçadas pelas Tradições que provam a fraqueza dos argumentos de
quem defende a SOLA SCRIPTURA.
Considero pura falácia a afirmação
de que a Igreja Católica tem perdido fieis a favor do crescimento de outras
denominações religiosas que vão surgindo nos dias atuais. Nesse sentido até
posso admitir que não se verifica, como antigamente, uma predominância de
católicos, mas a cada dia pode-se notar que há mais qualidade e mais
compromisso de cada um de nós, na condição de verdadeiros cristãos, pois a
verdade é algo que deve ser translúcido, cristalino e impoluto – sem
subterfúgios e segundas intenções. A fé deve ser objetiva e traduzir, de fato,
a essência do que carregamos na alma e no pensamento. JESUS espera de cada
Cristão que, antes de tudo, até mesmo do conhecimento científico e filosófico,
nós tenhamos FÉ ABSOLUTA na sua Divindade, sem precisar recorrer-se a
artifícios exteriores para prova ou conhecimento dessa insofismável VERDADE, a
qual é inerente ao ser humano, um atributo natural e original que é decorrente
do Sopro do Espírito Santo. Esse deveria ser o “dogma” principal a orientar
cada Católico.
No Brasil houve casos de genocídio,
com a extinção de várias nações indígenas, exclusivamente porque alguns
“catequistas” não conseguiram tirar daqueles seres humanos que aqui já viviam
há milhares de anos, antes do propalado “Descobrimento” pelos portugueses e
espanhóis, seus costumes e suas crenças em divindades consideradas pagãs pelos
empedernidos conquistadores.
A IRMANDADE DO ROSÁRIO EM MINAS
NOVAS E EM ALGUMAS CIDADES DA REGIÃO (Chapada do Norte, Berilo, Francisco
Badaró, Araçuai, Itamarandiba, Diamantina, Serro, Conceição do Mato Dentro)
Quase que em cada uma das cidades
que teve origem durante o período da mineração do ouro, e algumas que surgiram
depois daquele ciclo mas que, mesmo assim, receberam a influência das antigas
vilas auríferas, têm elas uma Capela e uma confraria chamada de Irmandade do
Rosário.
Durante o tempo da mineração do
ouro, o duro trabalho de abertura das catas, das minas e das lavras era feito
pela mão-de-obra dos escravos, sob o comando de um feitor rigoroso que os
vigiava e os forçava ao trabalho árduo e impiedoso, obrigando-os a regimes
desumanos de exploração e flagelo. Muitos daqueles escravos, de origem
africana, trouxeram lá de suas nações os antigos costumes, sendo que alguns
tinham conhecimentos rudimentares da mineralogia, principalmente para lidar com
o ferro, com o ouro e a prata mas, em razão da barreira cultural e da falta de
conhecimento da língua português, eles pouco podiam aprender ou transmitir o
que sabiam a respeito de suas habilidades. Esse conhecimento, porém, era
disseminado entre eles, mesmo que fossem originários de nações diferentes, mas
que guardavam entre si muitas das características básicas de raízes na negritude,
como a crença em divindades idênticas, semelhanças na culinária, uso de conhecimentos do curandeirismo e da medicina
caseira. Muitos dos escravos, aparentemente incultos e selvagens, na verdade
eram detentores de conhecimentos que os próprios colonizadores desconheciam ou
menosprezavam por considerarem-nos rudes ou simplesmente ingênuos.
E entre os cativos, no interior das
cafuas, dos calabouços e das senzalas, de forma calculada e velada, existiam
hierarquias e se evidenciavam os líderes que se preocupavam em buscar saídas
para o sofrimento de seus familiares, amigos e companheiros. Essa situação,
muitas das vezes, já se verificava no interior dos navios negreiros e tinha
continuidade no ambiente em que eram introduzidos como animais de serviço.
Muitos eram dotados de inteligência que lhes permitia um autocontrole de suas
reações às adversidades, possibilitando o fortalecimento de estratégias e de
recursos de sobrevivência e de conquista de espaços dentro do meio em que
viviam, seja pela atração de simpatias, de confianças, de consideração e até
mesmo de piedade por parte dos senhores, dos mineradores, das autoridades e das
demais pessoas com quem conviviam.
Não era difícil, portanto, que
muitos escravos tivessem a capacidade de ludibriar a vigilância de seus
algozes, no sentido de ocultar veios auríferos e de armazenar, em locais ocultos
e seguros, o resultado de extrações que eles não declaravam e que ficavam
reservadas para uma futura necessidade, em caso de fuga ou de se conseguir a
alforria ou libertação. Esse procedimento era muito comum, tanto é assim que,
até hoje, em alguns locais podem ser descobertos verdadeiros tesouros que foram
enterrados em caniços, em potes, canudos de madeira, chifres de animais e
gretas de pedras, mas que ficaram esquecidos ou abandonados pelos desertores.
São conhecidos relatos sobre escravos
que, depois de engolirem grande quantidade de ouro, para depois recolhê-los
pela lavagem de suas próprias fezes, foram vítimas de sangramentos e de
problemas digestivos que os levavam à morte. E para evitarem tal procedimento,
os feitores colocavam os escravos suspeitos dessa prática em observação, após
os serviços, durante um prazo que consideravam ser necessário para transcorrer
todo o ciclo metabólico, desde o momento da ingestão dos alimentos até a
defecação. Também obrigava, a cada escravo, a lavagem dos cabelos e de seus
trapos que usavam como vestimenta, para verificarem se não havia ouro neles
escondidos. Mesmo assim, grandes
quantidades de ouro eram escondidas e, na medida que iam conseguindo alguma
oportunidade, essa “poupança”, de alguma forma, era destinada a várias
finalidades. Uma delas era a de conseguirem a própria liberdade, através da
compra da Carta de Alforria. E nesse objetivo, contavam com a ajuda de pessoas
bem intencionadas, religiosos e, por incrível que pareça, até mesmo de judeus
(sefarditas) que não eram adeptos da escravidão, por questões de sua origem
religiosa.
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