UMA SERESTA MAL ENSAIADA, NO FINAL DOS ANOS 1950.-
No final dos anos cinquenta não
havia, ainda, em Minas Novas, qualquer sinal de TV e o “chique”, naquela época,
era curtir os sucessos de Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Orlando Silva e
outros astros da MPB, através das ondas radiofônicas da antiga Tupi e da
Mayrink Veiga, ambas do Rio de Janeiro. Tanto o serviço de autofalantes da “Liga
Católica” como os do “Cine-Teatro São José”, tocavam o dia todo aquelas canções
da moda, anunciando as próximas atrações de suas respectivas programações e do
palco-auditório. Mas, naquele ano, os grandes sucessos musicais eram cantados
pela grande “diva” Ângela Maria, a qual, até hoje, no seu gênero, é unanimidade
nacional. E os sucessos desta incrível cantora serviam de argumentos para os
namorados que desejavam encantar suas musas, ensaiando as letras e as músicas
para, logo mais, à noite, fazerem suas dolentes serenatas. Foi assim que o
saudoso ÉDSON DE ÁUREA, então ajudante de sacristão do vigário Padre José Antônio,
estava “de olho” numa linda garota, moça prendada, de boa família e que naquele
ano se formaria como normalista, estando de férias de meio de ano, na casa de
seus pais. Pensando numa possível conquista do coração desta “joia” que estava
na “crista da onda” conquistando o coração dos jovens minas-novenses, reuniu
alguns amigos, dentre eles o Frederico (Dico), que era bom cantor, mais o
aprendiz de violonista Zé Catitu. Fizeram alguns ensaios e resolveram partir
para ação. Chegada a hora da “seresta”, no lusca-fusca da Rua Direita, nas
proximidades do “sobradão”, posicionaram-se debaixo de uma das janelas da casa
de Tião Ourives e iniciaram a cantoria. Zé Catitu produziu seus primeiros acordes
da “modinha”, na qual ele, Édson, fazia o questionamento musical, com a letra
adaptada para o masculino, a que o Dico lhe daria a resposta, a exemplo do que
acontecia no sucesso da Ângela Maria. E assim ficaram naquela cantoria, onde um
perguntava: “Será que sou feio? “ ... e outro imediatamente respondia: “- não é
não sinhô...” ....então eu sou
lindo?..... você é um amô”.... Foi justamente neste ponto, que a janela se
abriu e nela apareceu bravo o pai de Dona Nilza que foi logo dizendo: “Podem
parar com essa zueira: você, além de muito feio, branquelo e banguela, também canta
muito mal, é desafinado e aqui em casa não tem tacho de cozinhar macaco...
Vocês devem é ir rezar essa missa mal ensaiada em outra paróquia” ... E fechou violentamente
a sua janela, espantando dali aquele bando de desocupados que estavam
importunando o sono de sua linda filhinha. https://www.youtube.com/watch?v=CtEL9Q6uHXE
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