A Mão da Divina Providência
Eu conheci e tive a felicidade de com ele conviver por muitos anos, a
figura saudosa de uma pessoa muito simples, parente distante, ótimo pai
de família e um amigo de todas as horas e também vizinho da casa de
minha mãe, de quem nunca me esqueço, em razão dos diversos momentos que
compartilhamos, e que a respeito dele quero deixar alguns depoimentos,
para melhor entender sua história de um grande cidadão.
Em Minas
Novas, era ele um oficial de justiça que, como a maioria dos homens do
lugar, fumava muito. E ele, esse meu amigo, fumava mais ainda,
descontroladamente, fazendo seu fedorento cigarro de fumo “banzé” com
qualquer pedaço de palha que encontrava mais fácil. Certa vez, não
encontrando palha alguma para fazer o seu "pito", ele enrolou o fumo
picadinho num pedaço de um papel. Esse papel, porém, era um precioso
documento, era um mandado de reintegração de posse que ele, juntamente
com o "oficial companheiro", sob escolta armada de uma reforçada
guarnição militar, já na adiantada diligência, deveria dar o seu
cumprimento, com todas as formalidades legais, num lugar distante dentro
daquela imensa jurisdição, quase do tamanho do Estado, num local da
comarca onde estavam lhe aguardando vários advogados e até mesmo um
diretor da ACESITA ENERGÉTICA, tamanha era a expectativa de verem
terminada a insidiosa ação pública. A reintegração acabou sendo adiada
por falta do dito instrumento judicial que, em razão daquele incidente
que muitos consideraram como relapso e criminoso, parte virou cinzas,
outra parte virou fumaça e todas as partes envolvidas ficaram a "ver
navios".
De tal ato, em que o oficial passou a responder por
processo administrativo e no qual foi severamente repreendido, dessa
punição logo ficou ele livre em razão de uma nova decisão judicial que
considerou como ‘VICIADOS” todos os ATOS e julgamentos anteriormente
praticados naqueles autos judiciais, resultando, finalmente, em
benefício a favor de muitos roceiros que seriam injustamente despejados.
Na reforma da sentença, que foi exarada por um novo magistrado,
competente, honesto, mais justo que o venal BEL Afanado, afinal o novo
juiz era um BACHAREL, este sim com grafado com letras maiúsculas, por que não era cooptado pelas
empresas reflorestadoras, de forma muito acertada entendeu que
aquela ação, assim como muitas outras que beneficiavam apenas as partes
mais poderosas, não poderiam, como de fato esta não prosperou, merecer o
"pálio" da LEI.
Este fato mereceu meus aplausos e eu, naquela
oportunidade, tive a ventura de me encaminhar ao ilustre JUIZ e lhe
apertar efusivamente as mãos, sob o olhar desaprovador de muitos
serventuários e advogados que ainda hoje continuam sua militância
naquele fórum de Minas Novas, que, pela primeira vez viram a frustração
de seus interesses mesquinhos, sempre em detrimento das partes fracas e
oprimidas.
ZÉ BRANCO, esse era o oficial de justiça de quem me refiro,
não sei se assim agiu deliberadamente, premido pelo força de seu vício
de fumar desbravadamente ou, quiçá, tenha sido movido por uma força
poderosa, bem maior que a da justiça terrena, aquela que, por linhas
travessas, de fato encaminha todas as pessoas de bom espírito e bom
coração em direção do que é CERTO E JUSTO.
Talvez essa resposta
possa ser dada pelo nosso amigo Heraldo Wilton, que como um dos mais
competentes, eficientes e exemplares serventuários da Justiça em nossa
comarca, alguma coisa deve ele saber a respeito deste fato, no qual
acredito não haver qualquer gravame como sigiloso, dado o passar de
tanto tempo em que tal foi ocorrido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário