sexta-feira, 10 de julho de 2015

DEUS ESCREVE CERTO EM LINHAS TORTAS


A Mão da Divina Providência

Eu conheci e tive a felicidade de com ele conviver por muitos anos, a figura saudosa de uma pessoa muito simples, parente distante, ótimo pai de família e um amigo de todas as horas e também vizinho da casa de minha mãe, de quem nunca me esqueço, em razão dos diversos momentos que compartilhamos, e que a respeito dele quero deixar alguns depoimentos, para melhor entender sua história de um grande cidadão. 

Em Minas Novas, era ele um oficial de justiça que, como a maioria dos homens do lugar, fumava muito. E ele, esse meu amigo, fumava mais ainda, descontroladamente, fazendo seu fedorento cigarro de fumo “banzé” com qualquer pedaço de palha que encontrava mais fácil. Certa vez, não encontrando palha alguma para fazer o seu "pito", ele enrolou o fumo picadinho num pedaço de um papel. Esse papel, porém, era um precioso documento, era um mandado de reintegração de posse que ele, juntamente com o "oficial companheiro", sob escolta armada de uma reforçada guarnição militar, já na adiantada diligência, deveria dar o seu cumprimento, com todas as formalidades legais, num lugar distante dentro daquela imensa jurisdição, quase do tamanho do Estado, num local da comarca onde estavam lhe aguardando vários advogados e até mesmo um diretor da ACESITA ENERGÉTICA, tamanha era a expectativa de verem terminada a insidiosa ação pública. A reintegração acabou sendo adiada por falta do dito instrumento judicial que, em razão daquele incidente que muitos consideraram como relapso e criminoso, parte virou cinzas, outra parte virou fumaça e todas as partes envolvidas ficaram a "ver navios".

De tal ato, em que o oficial passou a responder por processo administrativo e no qual foi severamente repreendido, dessa punição logo ficou ele livre em razão de uma nova decisão judicial que considerou como ‘VICIADOS” todos os ATOS e julgamentos anteriormente praticados naqueles autos judiciais, resultando, finalmente, em benefício a favor de muitos roceiros que seriam injustamente despejados. Na reforma da sentença, que foi exarada por um novo magistrado, competente, honesto, mais justo que o venal BEL Afanado, afinal o novo juiz era um BACHAREL, este sim com grafado com letras maiúsculas, por que não era cooptado pelas empresas reflorestadoras, de forma muito acertada entendeu que aquela ação, assim como muitas outras que beneficiavam apenas as partes mais poderosas, não poderiam, como de fato esta não prosperou, merecer o "pálio" da LEI. 

Este fato mereceu meus aplausos e eu, naquela oportunidade, tive a ventura de me encaminhar ao ilustre JUIZ e lhe apertar efusivamente as mãos, sob o olhar desaprovador de muitos serventuários e advogados que ainda hoje continuam sua militância naquele fórum de Minas Novas, que, pela primeira vez viram a frustração de seus interesses mesquinhos, sempre em detrimento das partes fracas e oprimidas. 

ZÉ BRANCO, esse era o oficial de justiça de quem me refiro, não sei se assim agiu deliberadamente, premido pelo força de seu vício de fumar desbravadamente ou, quiçá, tenha sido movido por uma força poderosa, bem maior que a da justiça terrena, aquela que, por linhas travessas, de fato encaminha todas as pessoas de bom espírito e bom coração em direção do que é CERTO E JUSTO. 

Talvez essa resposta possa ser dada pelo nosso amigo Heraldo Wilton, que como um dos mais competentes, eficientes e exemplares serventuários da Justiça em nossa comarca, alguma coisa deve ele saber a respeito deste fato, no qual acredito não haver qualquer gravame como sigiloso, dado o passar de tanto tempo em que tal foi ocorrido.
 

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