SERAFIM
AMERICANO ROXO Nasceu no dia 12 de outubro do ano de Mil, novecentos e
burrachinha e morreu, ou melhor, preferiu nos abandonar de uma vez por
todas - desde que vinha aos pouco nos abandonando, sorrateiramente,
desde que se mudou, de mala e cuia para a sua amada Toflotoni -
fazendo-o num triste dia do ano atrasado. Mas o fato é o de que SERAFIM,
sendo quem foi, de tão especial, que dele não precisamos de muitos
rodeios para se dizer daquela sua bendita figura de quem jamais nos
haveremos de esquecer. Era o nosso peterpan, o eterno rapazote que
gostava de dançar, de jogar bola como ninguém e, principalmente, de
colecionar namoradas em todos os lugares por onde andava. Nesse último
quesito, certa vez, lá no boteco de Eva de Moacir, ele nos ajudou a
contar nos dedos dos oito, que com ele, bebíamos algumas cachaças. E foi
justamente por causa desse seu gosto, de namorar e de jogar bola, que
ele resolveu ir-se embora de Minas Novas, onde já não encontrava muito
encantamento. E partiu ele para aquela terra estranha, onde ninguém o
conhecia. Lá ele ficou conhecendo um carpinteiro, de quem se tornou
muito amigo, que era o "cão chupando manga" quando tomava umas pingas e
se achava no direito de criar caso com qualquer um. Estava acontecendo
uma quermesse, lá pelos lados do "PAU VELHO", onde eles alugaram um
barraco e a festa estava da melhor. Havia uma fila para entrar no salão
onde acontecia um forró e o amigo de Serafim, levando a namorada, furou a
fila e já estava quase entrando sem pagar na portaria do "Caninha
Verde", quando um baita dum porteiro o agarrou pela gola do paletó, para
o impedir de entrar. E ele, então, muito cheio de si, assim disse para o
brutamontes: - "Você sabe com quem está falando?" E o guarda: - "Num
sei, nem quero saber". E o amigo de Serafim: - "Pois fique ocê sabeno
que sou amigo do Serafim de Roxo, engenheiro-chefe da estação lá de
Minas Novas, que é amasiado com Florina que é irmã da rapariga do Cabo
do Poté". E com essa explicação, entraram ambos pro baile e dançaram até
o dia amanhecer, como se fossem altas autoridades naquele animado
lugar.
SERAFIM era alto, bem falante e gostava de se vestir bem. Não se sabe com quais intenções, o político MURILO BADARÓ, quando foi candidato a deputado estadual, pela primeira vez, arrastou o seu amigo Serafim para dentro de um aviãozinho teco-teco e foram os dois para Nanuque, onde se encontrariam com o candidato a deputado federal com quem seria feita a famosa "dobradinha". Esse tal candidato era o famoso PADRE PEDRO VIDIGAL, que era muito querido em toda a região do Mucuri. E a chegada de Murilo e Serafim, naquele campinho de Nanuque, foi marcado pelo entusiasmo da grande carreata que se formou até se chegar ao centro da cidade, sobre a carroceria de uma pick-up e Serafim, ao lado de Murilo, todos de terno e gravata, acenando para o povo. Uma outra multidão já os esperava em frente da Prefeitura, quando Murilo, surpreso, viu que o deixaram só e levavam foi o Serafim, nos braços do povo e saudando a todos com o seu chapéu de feltro, conduzindo-o, no ar, até o palanque que estava cheio de autoridades, que receberam-no como se fosse uma celebridade. Depois dos discursos costumeiros, foi dada a ele a palavra e ele, pegando o microfone, disse: "Mui obrigado pela recepicione, mai io não falar a lingua de ocês. Vou dar o meu lugar pro meu candidato Murilo Badaró para quem peço seus votos". As palmas e o foguetório foram ensurdecedores e Murilo, depois de apuradas as urnas, graças ao prestígio conquistado pelo companheiro de viagem, teve mais votos que o Padre Vidigal, naquela cidade de Nanuque, onde Serafim ficou tão querido que o Prefeito propôs mudar o nome da Rua Minas Novas, para Rua Engenheiro Serafim d'El Rocio.
Serafim é um desses raríssimos espécies de hoje em dia, como o "pau de moer rapé" e ainda a "madeira que cupim não rói".
SERAFIM era alto, bem falante e gostava de se vestir bem. Não se sabe com quais intenções, o político MURILO BADARÓ, quando foi candidato a deputado estadual, pela primeira vez, arrastou o seu amigo Serafim para dentro de um aviãozinho teco-teco e foram os dois para Nanuque, onde se encontrariam com o candidato a deputado federal com quem seria feita a famosa "dobradinha". Esse tal candidato era o famoso PADRE PEDRO VIDIGAL, que era muito querido em toda a região do Mucuri. E a chegada de Murilo e Serafim, naquele campinho de Nanuque, foi marcado pelo entusiasmo da grande carreata que se formou até se chegar ao centro da cidade, sobre a carroceria de uma pick-up e Serafim, ao lado de Murilo, todos de terno e gravata, acenando para o povo. Uma outra multidão já os esperava em frente da Prefeitura, quando Murilo, surpreso, viu que o deixaram só e levavam foi o Serafim, nos braços do povo e saudando a todos com o seu chapéu de feltro, conduzindo-o, no ar, até o palanque que estava cheio de autoridades, que receberam-no como se fosse uma celebridade. Depois dos discursos costumeiros, foi dada a ele a palavra e ele, pegando o microfone, disse: "Mui obrigado pela recepicione, mai io não falar a lingua de ocês. Vou dar o meu lugar pro meu candidato Murilo Badaró para quem peço seus votos". As palmas e o foguetório foram ensurdecedores e Murilo, depois de apuradas as urnas, graças ao prestígio conquistado pelo companheiro de viagem, teve mais votos que o Padre Vidigal, naquela cidade de Nanuque, onde Serafim ficou tão querido que o Prefeito propôs mudar o nome da Rua Minas Novas, para Rua Engenheiro Serafim d'El Rocio.
Serafim é um desses raríssimos espécies de hoje em dia, como o "pau de moer rapé" e ainda a "madeira que cupim não rói".
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