TOMBAMENTO
DOS CIDADÃOS COMO PATRIMÔNIO MORAL
(Lalau Mota)
O “tombamento” dos bens históricos, com a justa e tão
necessária preservação da memória, é um recurso que deve sempre ser valorizado
e incentivado pelo poder público, pela sociedade organizada e por todos os
cidadãos. Não existe história sem memória e um povo sem memória, portanto, é um
povo inculto, sem identidade e sem propostas de futuro. O recurso do
tombamento, portanto, deve ser utilizado no sentido de se registrar, em
documentação própria, todos os bens culturais que de fato mereçam ser
considerados de algum valor, no seu contexto comunitário, sejam imóveis,
móveis, sítios, monumentos, documentos, publicações, paisagens, locais,
conjuntos arquitetônicos, cidades e até alguns países, como um todo, a exemplo
da Turquia, da Grécia e muitos outros. Esse cuidado é de uma importância tão
incalculável, que estamos assistindo, no atual momento de nossa história, os
fatos relacionados à questão econômica lamentável em que se encontra o Estado
Grego, em que toda a Comunidade Europeia está empenhada em solucionar, de
melhor forma possível, pois consideram que os problemas que afetam a Grécia,
não é responsabilidade apenas do povo grego, mas de toda a humanidade que tem,
naquele país, a origem da nossa civilização ocidental, a qual não pode correr o
risco de ser afetada na sua memória e nos bens culturais que ali são preservados
e que precisam ser protegidos, tendo aquele país como o fiel depositário de
riquezas que são maiores que as que envolvem a própria economia e os interesses
financeiros.
Contudo, um dos mais perfeitos objetivos do tombamento deve
ser o de PRESERVAR A MEMÓRIA DOS CIDADÃOS e, para isto, é importante a
organização dos MEMORIAIS PÚBLICOS onde se registrem todas as referências – que
devem ser catalogadas – acerca das pessoas importantes da comunidade, as
lideranças, os bons políticos, os pais e mães de famílias exemplares, enfim, de
todos aqueles cidadãos de bem que mereçam a distinção e a honra de participarem
do pavilhão histórico de nossa história.
Certa vez, em conversa informal com a saudosa Professora LÉLIA
COELHO FROTA, quando estávamos no interior do “Sobradão” ali com o objetivo de
fazer alguns levantamentos que iriam subsidiar um projeto de restauração
daquele prédio, eu a serviço da Fundação Banco do Brasil e ela por indicação do
IEPHA-MG, ela tomada de grande embevecimento diante daquele imenso conjunto de
riquezas ociosas, fez-me um desabafo que até hoje não me sai do pensamento.
Disse-me ela, naquela oportunidade: “De nada adianta a existência do bem
material, físico, tangível, preservado e disponível se não houver a existência
do bem principal que é a vontade humana e a sua determinação em agir a favor
desse bem”. Portanto, a primeira providência em qualquer projeto cultural,
antes de mais nada, é efetuar o “tombamento” das pessoas importantes para esta
finalidade. Aquele desabafo tem um significado enorme, não somente em razão de
seu profundo sentido filosófico, mas, também, pelo fato de ter sido feito por
uma autoridade em todos os assuntos relacionados à cultura. A professora LÉLIA
COELHO FROTA, como é do conhecimento de todos que são envolvidos nas questões
culturais de Minas e do Brasil, foi por diversas vezes reconhecida como
“expert” nesse segmento, sendo ela uma profissional da área de antropologia, de
museologia e de curadoria de artes com ampla atuação junto dos principais
organismos nacionais e estrangeiros.
Várias vezes, depois daquela época, tive a honra e a
satisfação de estar em contato com a PROF. LÉLIA COELHO FROTA, a qual – apenas em
razão da coincidência de nosso sobrenome – me considerava um seu parente,
fazendo-o com muito gosto, tanto no seu endereço no Rio de Janeiro, como aqui
em Belo Horizonte, onde a família dela mantinha um apartamento na Floresta (Rua
Salinas), quando trocávamos de ideias sobre o folclore, sobre o artesanato e,
principalmente sobe a cultura popular do Vale do Jequitinhonha que merecia dela
especial predileção. Para mim, foi um golpe muito grande ver estampada nos
jornais a infausta notícia de sua morte em 2010.
Para quem não teve a ventura de conhecer a saudosa figura
dessa grande mulher, culta, alegre, amiga das artes e especialmente admiradora
das belezas de Minas Novas, publico
abaixo o que está no GOOGLE:
Lélia Coelho Frota
Lélia Coelho Frota (Rio
de Janeiro 11 de Julho
de 1938 - 27 de maio de 2010) foi uma crítica de arte, curadora de arte, poetisa, tradutora e antropóloga brasileira.
É autora de inúmeros livros sobre arte e cultura
brasileiras.
Seu foco de estudo é a arte brasileira,
pesquisando principalmente as manifestações da arte popular. Foi diretora do Instituto Nacional do Folclore
da Funarte, atual Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
(CNFCP) do Iphan, presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional e diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de
Janeiro.
Em sua gestão à frente do INF, atual CNFCP, de 1982
a 1984, foi criado o programa Sala do Artista Popular.
Foi responsável pelas representações brasileiras
nas Bienais de Veneza de 1978 e 1988 e curadora da exposição Brésil, Art
Populaire Contemporain, no Grand Palais (Paris, 1987)
e fundadora do Museu de Arte Popular Edson Carneiro.
Premiações
Foi agraciada com o Prêmio Jabuti (Câmara Brasileira
do Livro) em 1979, na categoria poesia e o prêmio Olavo Bilac pelo livro Menino
Deitado em Alfa (Editora Quíron, 1978).
Livros Publicados
- Mitopoética de 9 Artistas Brasileiros (Rio de Janeiro, Funarte, 1978);
- Ataíde (São Paulo, Editora Nova Fronteira, 1982);
- Mestre Vitalino (Editora Massangana, 1986);
- Burle Marx: Paisagismo no Brasil (Câmara Brasileira do Livro/Brasiliana de Frankfurt, 1994) 1 ;
- Pequeno Dicionário da Arte do Povo Brasileiro (Editora Aeroplano, 2005).
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