sábado, 18 de julho de 2015

AS DELICADAS MÃOS DE DONA ELISA





·  
 EXEMPLO DE ARTE, SABEDORIA E PREOCUPAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE
 
(Lalau Mota)



Minha saudosa mãe ELISA MOTA COELHO, que cursou apenas o antigo primário das "Escolas Reunidas da Mestra Flora", adotava atitudes simples mas, que bem analisadas, constituem-se em verdadeiras e maravilhosas lições de vida saudável. Era ela, sem jamais ser sovina, uma mestra da economia e não admitia desperdícios de tempo e de dinheiro. E outra não poderia ser a sua maneira de gerir um batalhão de 12 filhos, mais os seus agregados que eram muitos. Além da casa sempre muito cheia, depois de ter ficado viúva, viu-se obrigada a assumir o comércio da tradicional LOJA DE ZÉ DURVAL, assim como todos os serviços do cartório em que o marido foi o titular e ela a era a substituta, o que lhe exigia grande dedicação e empenho. Contudo nunca abriu mão de ser ótima cozinheira, costureira e, principalmente bordadeira, ARTES em que sabia mostrar toda sua imensa criatividade e bom gosto. Um fato que muito me marcou, como um dos mais significativos, foi o de estando ela já quase nonagenária, mas conservando incrível lucidez,  teve sua saúde física agravada por problemas renais que a levou a permanecer constantemente em sua cadeira especial, sempre monitorada por equipamento moderno e computadorizado que lhe permitia um tratamento intensivo e mais eficiente, tanto quanto o que seria numa boa clínica especializada, cuja máquina ficava sob a competente e indispensável supervisão técnica de nosso irmão FELIPE MOTA, que, para isto, se colocou inteiramente disponível após ter passado por muitos treinamentos no Instituto Mineiro de Nefrologia, nessa finalidade. Em referência a este equipamento, que ela própria também aprendeu manejar, ela o considerava como uma "verdadeira pessoa", a quem ela acariciava e agradecia pelos recursos que a beneficiavam. Quando dele, por qualquer motivo, tinha que se afastar, para comparecer à clínica ou à igreja, dele se despedia bem alegre, mas lhe recomendava que se cuidasse, como se fosse uma pessoa de carne e osso. O mais interessante é que durante todo o seu prolongado tratamento, ninguém jamais a viu balbuciar qualquer queixa ou reclamação, conservando sempre o seu espírito altivo e bem humorado, tendo tudo à sua volta sob o seu mais completo controle. Contudo, não abria mão de suas leituras, fazia suas rezas, assistia seus programas favoritos na TV, mas o seu melhor entretenimento era bordar e produzir lindíssimos trabalhos de tricô, crochê, "fuxico", bordados "richiliê" e em "ponto de cruz", "aplicações" de rendas, de tiras-bordadas, de fitas de sedas colorias e outros mimos que ela, como ninguém, sabia emprestar beleza com o toque de suas abençoadas e benfazejas mãos. E tinha a maior paciência para ensinar a quem quisesse aprender. Nesse sentido, pouco tempo antes de seu falecimento, superando todos os obstáculos, fez absoluta questão de contribuir na organização do "enxoval de noivado" de minha segunda filha, a sua neta CATARINA, da mesma forma que o fez em relação ao enxoval de minha primeira filha, sua neta ESTEFÂNIA, que foi a primeira a se casar, ambas aqui em Bel Horizonte. E foi dessa forma que deixou, a ambas, um conjunto invejável de lindíssimos trabalhos manuais, todos admiráveis, mas nenhum deles tão significativo como um "jogo de toalhas" que ela confeccionou a partir de 150 guardanapos usados, de linho, que ela mesmo recolheu no salão de festas em que o buffet escolhido realizou a concorrida recepção, após a cerimônia religiosa que aconteceu na Matriz de Santa Luzia da Cidade Nova. Esses guardanapos, todos depois de usados na festa, naturalmente que seriam descartados no lixo, sendo que ela mesmo os recolheu e mandou que os higienizasse, com todo o cuidado e, depois desse trabalho ela os selecionou e passou a aplicar em cada um os "bicos" em crochê, seguido do ajuntamento de todas as peças que formaram aquele maravilhoso “mosaico”, que ficou uma das peças mais valiosas de todo o baú da noiva. Esse presente, como não poderia deixar de ser, suscitou grande ciumeira nas demais netas, pelo que ela, muito ciosa do carinho por todas, decidiu agir de igual maneira e, passou então a fazer trabalhos que igualmente enriqueceriam o enxoval da mais exigente noiva, estilista ou decoradora de fino gosto. 

Este é um guardanapo, com bicos de crochet, que minha mãe fez como "modelo", nele bordando, com sua inconfundível "caligrafia", o nome de minha esposa Nilda, com a data do casamento de minha filha Catarina (10.09.2011).  
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Vanda América Sousa Cruz Eu conheço a colcha de fuxicão que ela fez para Ju e que foi usada em uma procissão do Santíssimo Sacramento, em Timóteo. Belíssima! A nossa amiga Elisa tinha mesmo mãos de fada.


 

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