ARTE E RELIGIOSIDADE
POPULAR
(Lalau Mota)
A arte e a religiosidade popular estão na alma da gente
simples, no cotidiano dos que vivem no morro, no campo, na roça, nos
aglomerados urbanos e nas periferias. São dois atributos naturais que brotam de
dentro de cada um de nós, espontaneamente, naturalmente, como a água límpida da
fonte que rola pelos regatos da vida, sem muito compromisso, quando esse
líquido vital segue livre dizendo de sua fé, de sua esperança, da sua dor, de
sua vontade de vencer e de chegar a algum lugar e o faz com muito mais
intensidade e realismo, na sua imensa alegria de viver, mesmo diante das
desigualdades, das injustiças e dos sofrimentos. Afinal, arte, para ser
apreciável, tem de ser o fiel retrato da vida. E a vida é um dom que Deus
concedeu, não somente às pessoas simples, mas também às pessoas mais instruídas
e com melhores oportunidades sociais que precisam externar seus sentimentos,
angústias e satisfações e nem sempre se deixam enamorar por coisas simples,
singelas e delicadas. Não digo que estas pessoas, por serem mais aquinhoadas
pela sorte, mesmo que mais exigentes, sejam elas mais cultas que aquelas, de
vez que cultura é um vocábulo que cabe muitas interpretações e variados
sentidos. Para mim o que importa, porém, no mundo da arte, nem sempre é a
autoria, mas a mensagem que fica ou que leva em seu curso, assim como a água natural
e pura que segue o seu destino sem qualquer necessidade de uma marca ou de explicar
de onde vem e para onde vai. A arte, portanto, é expressão não só do “belo”
mas, acima de tudo, da liberdade e do direito que todos nós temos de expressar
tudo o que vai em nossa ALMA.
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Nos últimos tempos, para a nossa felicidade, a Arte
Popular tem alcançado posições de destaque que antes era privilégio da obra
clássica, tradicional, bem enquadrada e rebuscada ou aquelas reservadas às produções
encomendadas -quase sempre de gosto duvidoso ou incompreensível- mas que a
crítica movida pela pecúnia lhe incensava e lhe concedia os créditos
necessários para o alcance do sucesso mercantilizado, com suas curadorias e
recomendações ditas “abalizadas e especializadas”. E com essa providencial conquista, ganham todos
os verdadeiros artistas e também o próprio mercado que se renova e se realimenta
da arte, de vez que, a cada dia, sem sofrer o efeito da banalização, pelo
contrário, se fortalecendo com o surgimento de novas possibilidades, em
diferentes suportes e tendências, a arte se torna melhor, mais democrática e
valorizada de forma justa e agradável.
Tem sido assim, aqui em Belo Horizonte, uma metrópole que se
afirma como uma das capitais que, atualmente, mais cresce no sentido de
oferecer espaços bem estruturados, diversificados e dignos para incentivar
todas as artes e mostrá-las, com a pujança do sentimento mineiro. na sua inconfundível
capacidade criativa de sentir, de observar, de pensar e de se expressar com as
mãos, com a voz e, sobretudo, com essa magia, com a qual o povo montanhês, muito mais que qualquer outro
povo, é capaz de administrar com o coração e mente no compasso do Amor, da Beleza e
da Justiça.]
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Neste espaço pretendo publicar algumas ideias, de minha
humilde observação – embora leigo nessa seara – que espero poder contribuir no
sentido de serem utilizadas como um roteiro artístico para aqueles que, de
alguma forma, não têm tido a oportunidade ou a motivação de visitar museus,
galerias e teatros.
Hoje vou dedicar meu tempo a duas importantes figuras de
nosso cenário cultural. Uma delas – por demais conhecida pelos mineiros - é um
homem dedicado às letras, das melhores que conheço, que é o escritor e
jornalista OLAVO ROMANO, atual presidente da Academia Mineira de Letras. O
outro, que ainda só o conheço pela belíssima arte, é o artista plástico CLÁUDIO
ROCHA OLIVEIRA, os quais, muito sabiamente uniram seus esforços de verdadeiros
mestres para nos brindar com essa expressiva e emocionante combinação de cores,
poesia e fé:
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