quarta-feira, 29 de julho de 2015

VÁ DORMIR COM MAIS ESTA...




SEBASTIÃO MARTINS, o nosso saudoso seresteiro e futebolista GATO MARTINS foi, também, um irreverente produtor de “causos”, entre vários consagrados artistas de nossos palcos e auditórios – dos bons tempos em que tínhamos o Teatro Municipal e o Salão da Liga Católica – onde se despontaram cantores, compositores, intérpretes, músicos, dançarinos, figurinistas, humoristas que ainda hoje sustentam a nossa fama de cultura e de bom gosto.

A vida artística nunca foi fonte de renda para nenhum de nossos conterrâneos daquele tempo, que tinham seus afazeres domésticos e profissionais, mas não se negavam de fazer sacrifícios no sentido de se preparar adequadamente para a vida de sonhos, de glamour e de cultura que sempre motivou o protagonismo de quem acredita no seu potencial.

A maior parte de nossos artistas sempre foi de pessoas simples, como funcionários públicos, policiais, professores, donas de casas, comerciantes, operários da construção civil, lavradores, motoristas, oficias de serviços gerais, garimpeiros, alfaiates, barbeiros, carpinteiros, pedreiros e pintores de paredes, aliás, sendo esta última a atividade que representava a fonte de rendimento de nosso amigo GATO MARTINS. Contudo, era para ele uma atividade na qual só se verificava maior demanda de serviços nas proximidades das festas juninas, quando grande parte da população se animava a melhorar a aparência de suas casas, mandando pintar as fachadas, os muros e os meios-fios das calçadas. Fora desse tempo o recurso era procurar outros “bicos” para garantir a sobrevivência. E aquele nosso amigo não era de fazer feio, pois sempre se apresentava bem vestido, usava ternos alinhados, camisas bem engomadas e gostava de colecionar gravatas. Não dispensava uma boa água de colônia e seus sapatos eram sempre bem lustrosos. Vendo-o em boa roda de amigos e numa reunião dançante, não ficava a dever a qualquer outro frequentador daquele ambiente, tanto pelo seu bom gosto no vestir como no seu jeito elegante de comparecer, de se comportar e de se relacionar com todos da comunidade, um costume que sempre foi cultivado pelas pessoas de bem, independentemente de sua classe social ou de sua condição financeira. 

Mas, como em todo grupamento social, sempre existe os invejosos, os ciumentos e algumas pessoas que se julgam superiores e não admitem o sucesso alheio e passam a menosprezar aqueles que julgam serem inferiores.  Certa vez um desses cidadãos implicantes, dirigiu-se ao GATO, com certa ironia, indagando dele a origem de seus recursos, ao que ele, imediatamente, respondeu que além dos pincéis, das brochas e da cal, ele vivia da bateia e do frincheiro. E que também, como ferramenta de seu ganha-pão, tinha para si uma escada muito boa, na qual podia subir onde bem quisesse chegar, com isto indicando seu trabalho honesto de pintor e de garimpeiro, enquanto que seu interlocutor não sabia exercer qualquer ofício ou profissão, sendo eternamente um dependente do pai, não podendo, assim, por seus próprios méritos subir na vida. E para reforçar, ainda mais a sua crítica velada, ele completou que entre seus amigos e colegas de serenata, havia um que era possuidor de DÓLAR (Valdir Marcolino, violonista, cujo filho – já falecido – tinha esse apelido); que seu padrinho AGENOR SANTOS, além de político e farmacêutico tinha uma bem guardada e secreta “Esmeralda”, sendo que seu sobrinho TÓ DE ALICE, tinha em casa uma PEPITA que pesava quase três arrobas. Portanto a sua família estava cheia de tesouros e ele não tinha que dar satisfação de sua vida a um boboca, filho de papai rico, mas que nada tinha o que fazer ou contar. E saiu de perto, dando suas risadinhas de muxoxo e gozo, deixando-lhe seu tradicional jargão de grande sabedoria: VÁ DORMIR COM MAIS ESTA!!!

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