sábado, 23 de julho de 2016

A IRA SANTA

Sem querer justificar a RAIVA que me invade diante da falta de civismo, de bom senso, de cidadania e de outros “maus modos” de alguns conterrâneos que de forma alguma não se movem no sentido de se esforçarem para modificar e para melhorar o ambiente da comunidade onde vivem, lembro-me de que até mesmo JESUS CRISTO teve seus momentos de ira ao se deparar com a bagunça e os desmandos praticados pelos fariseus no Templo Sagrado de Israel, quando literalmente o nosso Divino Mestre se revoltou e “botou pra quebrar”, “derrubou o pau da barraca” ou “chutou o balde”, como diria no linguajar mais popular e de fácil entendimento para aqueles que não querem entender o meu ponto de vista ou simplesmente preferem ficar na “zona de conforto” e permanecerem solidários aos corruptos e irresponsáveis que estão infelicitando a nossa Minas Novas.
Eu, às vezes, procuro me conter, tentando não me imiscuir nas questões que envolvem minha terra natal, até mesmo pelo fato de já estar tanto tempo longe dela e aonde nem mesmo sou sequer um simples eleitor, condições que, a priori, constituir-se-iam alguma razão com a qual eu pudesse justificar o meu direito de dar palpites onde não sou chamado a opinar ou até de fazer críticas a procedimentos administrativos que afetam a vida comunitária de um lugar do qual não faço mais parte como morador, embora ali tenha irmãos e muitos outros parentes muito estimados por mim, sem se falar em antigos companheiros e fiéis amigos que ainda me consideram como conterrâneos e nada mais, além disto.
Acontece, porém, que não resisto a uma força atávica, a um clamor que vem do meu âmago e que me incomoda a consciência não me deixando ficar alheio aos fatos lamentáveis ou, simplesmente, me colocar omisso diante de notícias escabrosas sobre o que se passa exato naquele lugar onde nasci, onde vivi minha infância e minha juventude e para onde voltei, depois de adulto, para ali viver com minha esposa e filhas, para poder contribuir com meu trabalho e meu esforço de cidadão preocupado unicamente com o desenvolvimento social e com o progresso de meu município. Pois, enquanto ali labutei, durante mais de duas décadas como funcionário de uma grande empresa, sempre tive como diretriz o fiel cumprimento de minhas obrigações funcionais e o firme desejo de ser útil, com honestidade, dedicação e luta constante a favor das boas causas sociais e do aperfeiçoamento comunitário.
Sempre comigo estiveram como certos os desafios impostos pela vida que devem seguir em frente, sendo estes os compromissos que me fizeram buscar novos caminhos e me levaram a sair de minha cidade ao encontro de novas oportunidades profissionais e para oferecer às minhas filhas um ambiente mais favorável à continuidade de seus estudos secundários e universitários, demandas normais que ainda hoje são frustradas aos que lá ficaram.
E foi assim, por falta de opções, premido pelas circunstâncias, que tomei a iniciativa de sair de minha terra, mas nunca me foi possível tirar a minha terra de dentro de mim, como de fato me tem ocorrido de considerar algo impossível, por mais que tentasse levar avante tal divórcio. E carregando sempre no meu peito toda a saudade de minha terra, sempre acalanto os mais ternos sonhos de vê-la, ainda, uma terra desenvolvida, pujante e capaz de segurar seus filhos e não mais precisar vê-los se afastarem, da forma que comigo aconteceu, em busca de oportunidades, as quais possam ser todas atendidas, ali mesmo, com a oferta de trabalho digno, de condições salutares e de boa qualidade de vida para todos em todos os segmentos comunitários.
Reafirmo que adoro a terra onde nasci e tenho o maior carinho pelos meus conterrâneos. Que não me esqueço, um dia sequer, de me lembrar de cada momento que vivi em Minas Novas e não me canso de agradecer a Deus pela ventura de ser FANADEIRO, pois tenho a mais absoluta certeza de que o meu DNA é o mesmo de milhares de descendentes de um daqueles mineradores sefarditas que, lá no início do século XVIII, anteciparam-se à chegada dos bandeirantes paulistas e nas confluências do Acari com o Tamboá, ali já fundiam o ouro em seus cadinhos e encastoavam “pingos d’água” para ludibriar a Coroa, mas nunca tiveram o propósito de serem infiéis ao solo sagrado que os acolheu. A meu ver, está faltando a este mesmo solo, nos dias atuais, é o calor da IRA SANTA, um calor necessário e benéfico que talvez esteja arrefecido nos corações da maior parte de nosso povo, que seja descendente sefardita, de bandeirante, de escravo ou de índio, todos que se esqueceram do ensinamento de Jesus Cristo – o Pai do Amor e do Perdão – mas que um dia também foi levado pelas circunstâncias a chutar o balde dos cambistas que conspurcavam o templo sagrado de Jerusalém, pois diante de fatos idênticos que nos ocorrem, não devemos nos esquecer de uma grande verdade: quem cala consente e quem se omite diante de desaforos, de injustiças e que aceita ser desrespeitado é porque não merece respeito e nem faz jus ao nome de CIDADÃO MINAS-NOVENSE.
Vamos refletir sobre estas COISAS, que não são pequenas e muito menos, não são picuinhas, boatos ou intrigas, mas que são duras verdades que precisam ser ditas a quem não queira escutá-las, mas que, antes de tudo, precisam aprender que não se pode ESCONDER O SOL COM UMA SIMPLES PENEIRA.

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