sexta-feira, 14 de março de 2008

ANALFABETO FUNCIONAL- O QUE É?

Um amigo, que se diz assíduo leitor do meu Blog, mandou-me um e-mail para minha caixa postal pedindo encarecidamente para não ser dentificado nos comentários. Em sua missiva, até mesmo colocada em termos elogiosos, faz várias indagações, arguíndo-me se realmente não tenho pretensões eleitorais, se não receio problemas para mim ou para minha família, ao divulgar minhas ideias ..., se não seria interessante, para mim, cuidar de qualquer outra atividade, ... se eu já avaliei o prejuízo que possa ter se uma outra pessoa se apoderar de meus textos e, por fim, queria uma definição do que seja ANALFABETO FUNCIONAL.

A princípio fiquei até amargurado e cheguei a pensar na possibilidade de parar com a publicação deste Blog, mas refleti, dei-me um "toque" e senti que as preocupaçõs do amigo, que a mim não me incomodam e nem são motivo de temores, não merecem nem mesmo ser respondidas, com excessão da última, pelo fato de imagionar que de fato esta, informando-lhe o que deseja, seja-lhe bastante útil – depois de analisar bem o que seja o verdadeiro significado de "analfabeto funcional", para a partir do entendimento esperado, poder dar-se, a si próprio, a resposta das demais indagações que, para mim, são irrelevantes.

Agradeço ao caro leitor os seus cuidados para comigo e adianto-lhe que não é preciso ser "letrado" para entender que um pingo pode ser uma letra. Machado de Assis escreveu durante toda a sua bem vivida vida e jamais se preocupou em viver de sua literatura ou saber se alguém poderia ganhar dinheiro com suas obras. Sem querer estabelecer qualquer paralelo com o maior de nossos literatos, o que me move é tão somente o prazer de escrever, de ser lido e, se alguém se sentir no direito de se aproveitar de minhas idéias, desde que seja para o bem e para o progresso de nossa Minas Novas, que faça bom proveito e terá todo o meu apoio e o meu pleno consentimento.

VOCÊ, MESMO SABENDO LER E ESCREVER,

PODE SER CONSIDERADO UM ANALFABETO:

Analfabeto funcional é a denominação dada à pessoa que mesmo tendo aprendido a decodificar minimamente a escrita, geralmente frases curtas, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos.

Analfabeto funcional pode ser definido também como o individuo maior de quinze anos e que possui escolaridade inferior a quatro anos.

Segundo dados recentes (Instituto Paulo Montenegro), no Brasil o analfabetismo funcional atinge cerca de 75% da população, ou seja, somente 25% da população é alfabetizada plenamente. Isso se deve à baixa qualidade dos sistemas de ensino (tanto público, quanto privado), ao baixo salário dos professores, à falta de infra-estrutura das instituições de ensino e à falta do hábito da leitura do brasileiro, ou até mesmo a falta de vontade do mesmo.

Em alguns países desenvolvidos esse índice é inferior a 10% (Suécia, por exemplo).

ANALFABETISMO FUNCIONAL


Termo que se refere ao tipo de instrução em que a pessoa sabe ler e escrever mas é incapaz de interpretar o que lê e de usar a leitura e a escrita em atividades cotidianas. Ou seja, o analfabeto funcional não consegue extrair sentido das palavras nem colocar idéias no papel por meio do sistema de escrita, como acontece com quem realmente foi alfabetizado. No Brasil, o analfabetismo funcional é atribuído às pessoas com mais de 20 anos que não completaram quatro anos de estudo formal. Mas a noção de analfabetismo funcional varia de acordo com o país. Na Polônia e no Canadá, por exemplo, é considerado analfabeto funcional todo adulto com menos de oito anos de escolaridade.

O conceito de analfabetismo funcional foi criado na década de 30, nos Estados Unidos, e posteriormente passou a ser utilizado pela UNESCO para se referir às pessoas que, apesar de saberem ler e escrever formalmente, por exemplo, não conseguem compor e redigir corretamente uma pequena carta solicitando um emprego. Segundo a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, mais de 960 milhões de adultos são analfabetos, sendo que mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento impresso, às novas habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e culturais. Na declaração, o analfabetismo funcional é considerado um problema significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento. Mais de um terço da população adulta brasileira é considerada analfabeta funcional.

Analfabetismo funcional atinge 38% em pesquisa

da Folha de S.Paulo

Apenas 25% dos brasileiros acima dos 15 anos têm domínio pleno das habilidades de leitura e de escrita, segundo pesquisa feita pelo Ibope. Isso significa que só um em cada quatro brasileiros consegue entender totalmente as informações de textos mais longos e relacioná-las com outros dados.

De acordo com o levantamento, 38% dos brasileiros podem ser considerados analfabetos funcionais --não conseguem utilizar a leitura e a escrita na vida cotidiana. Desses, 8% são absolutamente analfabetos, e 30% têm um nível de habilidade muito baixo --conseguem apenas identificar uma informação simples em um só enunciado, como um anúncio.

Outros 37% têm um patamar básico --são capazes de localizar uma informação em textos curtos, como uma carta ou uma notícia.

Para fazer a pesquisa, foi aplicado um teste com tarefas ligadas à leitura e à escrita. Além disso, os entrevistados responderam a um questionário. Em 2001 já havia sido feito um levantamento desse tipo, com resultado semelhante.

Uma das principais constatações da pesquisa é que o nível de analfabetismo funcional fica abaixo de 40% somente quando os anos de estudo passam de oito --nível fundamental completo. No estrato de um a três anos de estudo, o percentual dos que não têm condições básicas de alfabetização atinge 83%.

O domínio pleno da leitura e da escrita só ultrapassa os 50% entre os que já completaram ao menos o nível médio (11 anos ou mais de estudo).

O levantamento mostra uma tendência de queda no hábito de leitura entre 2001 e 2003. Houve diminuição, ainda que no limite da margem de erro, na leitura de jornais e livros. Segundo a pesquisa, mulheres lêem mais que homens.

A pesquisa é uma iniciativa de uma parceria da ONG Ação Educativa e do Instituto Paulo Montenegro (ligado ao Ibope).


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Por outro lado, muitas são as pessoas que se dizem cultas – algumas até possuindo títulos de bacharelado, mestrado, doutorado – adevogados - juizes, padres, pastores, coronéis, professores, políticos – que são considerados como VERDADEIROS ANALFABETOS e como indivíduos, apesar dos títulos, verdadeiros CRÁPULAS!

O que é ANALFABETISMO?

* Doutora em Educação pela PUC-SP, coordenadora de programas da ONG Ação Educativa

A definição sobre o que é analfabetismo vem sofrendo revisões nas últimas décadas. Em 1958, a Unesco definia como alfabetizada uma pessoa capaz de ler ou escrever um enunciado simples, relacionado a sua vida diária. Vinte anos depois, a Unesco sugeriu a adoção do conceito de alfabetismo funcional. É considerada alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a leitura e escrita para fazer frente às demandas de seu contexto social e de usar essas habilidades para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida. Em todo o mundo, a modernização das sociedades, o desenvolvimento tecnológico, a ampliação da participação social e política colocam demandas cada vez maiores com relação às habilidades de leitura e escrita. A questão não é mais apenas saber se as pessoas conseguem ou não ler e escrever mas também o que elas são capazes de fazer com essas habilidades. Isso quer dizer que, além da preocupação com o analfabetismo, problema que ainda persiste nos países mais pobres e também no Brasil, emerge a preocupação com o alfabetismo, ou seja, com as capacidades e usos efetivos da leitura e escrita nas diferentes esferas da vida social.

A capacidade de utilizar a linguagem escrita para informar-se, expressar-se, documentar, planejar e aprender cada vez mais é um dos principais legados da educação básica. A toda a sociedade e, em especial, aos educadores e responsáveis pelas políticas educacionais, interessa saber em que medida os sistemas escolares vêm respondendo às exigências do mundo moderno em relação ao alfabetismo e, além da escolarização, que condições são necessárias para que todos adultos tenham oportunidades de continuar a se desenvolver pessoal e profissionalmente.

No meio educacional brasileiro, letramento é o termo que vem sendo usado para designar esse conceito de alfabetismo, que corresponde ao literacy, do inglês, ou ao littératie, do francês, ou ainda ao literacia, em Portugal.

Índices e critérios de medida

No século 20, as taxas de analfabetismo entre os brasileiros com 15 anos ou mais decresceram de 65% em 1920 para 13% em 2000. Esse decréscimo resulta da expansão paulatina dos sistemas de ensino público, ampliando o acesso à educação primária. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tal como se faz em outros países, sempre apurou os índices de analfabetismo com base na auto-avaliação da população recenseada sobre sua capacidade de ler e escrever. Pergunta-se se a pessoa sabe ler e escrever uma mensagem simples. Seguindo recomendações da Unesco, na década de 90, o IBGE passou a divulgar também índices de analfabetismo funcional, tomando como base não a auto-avaliação dos respondentes mas o número de séries escolares concluídas. Pelo critério adotado, são analfabetas funcionais as pessoas com menos de quatro anos de escolaridade. Com isso, o índice de analfabetismo funcional no Brasil chega perto dos 27%, segundo o Censo 2000.

Mas ter sido aprovado na 4ª série garante o alfabetismo funcional? A pergunta não tem resposta categórica, pois o conceito é relativo, dependente das demandas de leitura e escrita existentes nos contextos e das expectativas que a sociedade coloca quanto às competências mínimas que todos deveriam ter. É por isso que, enquanto nos países menos desenvolvidos se toma o critério de quatro séries escolares, na América do Norte e na Europa toma-se oito ou nove séries como patamar mínimo para se atingir o alfabetismo funcional. E, mesmo já tendo estendido a escolaridade de oito ou até 12 séries para praticamente toda a população, muitos países norte-americanos e europeus continuam preocupados com o nível de alfabetismo da população, tendo em vista, principalmente, as exigências de competitividade no mercado globalizado. O grau de escolaridade atingido já não satisfaz como critério de alfabetismo. Por um lado, é cada vez mais patente que os resultados de aprendizagem dos sistemas de ensino são muito desiguais e, além disso, os governos estão interessados em saber quanto a população adulta encontra oportunidades de desenvolver as habilidades adquiridas na escola, mantendo a capacidade de aprender.

Com esse tipo de preocupação, na década de 90, muitos países desenvolvidos começaram a realizar pesquisas amostrais para verificar de forma direta, por meio da aplicação de testes, os níveis de habilidades de leitura e escrita da população adulta. O principal programa internacional é articulado pelo OCDE, o International Adult Literacy Survey, do qual participam mais de 40 países. Nesses estudos, o foco não é o analfabetismo mas a insuficiência das habilidades de leitura e escrita da população alfabetizada. A dicotomia analfabeto x alfabetizado cede lugar para o interesse em determinar e comparar níveis de habilidade de leitura e escrita.

Na América Latina e no Brasil, em particular, a questão tem características específicas e mais complexas. Aqui, enfrentamos ao mesmo tempo os problemas novos e os antigos. O analfabetismo absoluto ainda atinge milhões de brasileiros e precisa ser solucionado com políticas voltadas à superação da pobreza e da exclusão. Ao mesmo tempo, é preciso melhorar o desempenho dos sistemas de ensino e elevar a qualificação da força de trabalho em todos os níveis, tendo em vista a participação nos setores de ponta da economia mundializada e o fortalecimento das instituições democráticas.

O Inaf – Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional

A iniciativa de criar um Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional no Brasil, medindo diretamente as habilidades da população por meio de testes, foi tomada por duas organizações não-governamentais, a Ação Educativa e o Instituto Paulo Montenegro. Criado em 2001, o objetivo desse indicador, o Inaf, é gerar informações que ajudem a dimensionar e compreender o fenômeno, fomentem o debate público sobre ele e orientem a formulação de políticas educacionais e propostas pedagógicas. Quais são as habilidades de leitura e escrita dos brasileiros? Quantos anos de escolaridade e que tipo de ação educacional garantem níveis satisfatórios de alfabetismo? Que outras condições favorecem o desenvolvimento de tais habilidades ao longo da vida?

Para responder a perguntas como essas, o Inaf aplica anualmente testes de habilidades em amostras de 2 mil pessoas, representativas da população entre 15 e 64 anos, além de questionários que apuram o background educacional dos respondentes, seus hábitos e práticas de leitura e escrita em diversos contextos de vivência. Em 2001, 2003 e 2005, focalizaram-se as habilidades de leitura e escrita; em 2002 e 2004, foi a vez das habilidades matemáticas, já que esse novo conceito de alfabetismo compreende também a capacidade de processar informações numéricas presentes no dia-a-dia, no comércio, no trabalho ou nas páginas dos jornais.

Diferentemente dos estudos internacionais, o INAF ainda opera com o conceito de analfabetismo, já que esse é um problema que persiste no Brasil. Além disso, entretanto, distingue três níveis de habilidades na população alfabetizada: o nível rudimentar, o básico e o pleno. Ainda que os três níveis tenham algum grau de funcionalidade, ou seja, correspondam a habilidades que as pessoas podem aplicar em determinados contextos, somente o nível pleno pode ser considerado como satisfatório, aquele que permite que a pessoa possa utilizar com autonomia a leitura e a matemática como meios de informação e aprendizagem.

Leitura

Habilidades Matemáticas

Analfabetismo

Não domina as habilidades medidas.

Não domina as habilidades medidas.

Alfabetismo Nível Rudimentar

Localiza uma informação simples em enunciados de uma só frase, um anúncio ou chamada de capa de revista, por exemplo.

Lê e escreve números de uso freqüente: preços, horários, números de telefone. Mede um comprimento com fita métrica, consulta um calendário.

Alfabetismo Nível Básico

Localiza uma informação em textos curtos ou médios (uma carta ou notícia, por exemplo), mesmo que seja necessário realizar inferências simples.

Lê números maiores, compara preços, conta dinheiro e faz troco. Resolve problemas envolvendo uma operação.

Alfabetismo Nível Pleno

Localiza mais de um item de informação em textos mais longos, compara informação contida em diferentes textos, estabelece relações entre as informações (causa/efeito, regra geral/caso, opinião/fato). Reconhece a informação textual mesmo que contradiga o senso comum.

Consegue resolver problemas que envolvem seqüências de operações, por exemplo cálculo de proporção ou percentual de desconto. Interpreta informação oferecida em gráficos, tabelas e mapas.

Desde a primeira medição realizada pelo Inaf, a distribuição desses níveis na população brasileira vem se mantendo mais ou menos estável. Tanto em leitura quanto nas habilidades matemáticas, verificou-se uma ligeira diminuição nos níveis mais baixos que, na leitura, correspondeu a uma melhora apenas no nível básico (ver quadro a seguir). O analfabetismo matemático, ou seja, a incapacidade de ler números familiares, é menor que o analfabetismo em leitura (2% contra 7% nas últimas medições). Provavelmente, isso ocorre porque o sistema numérico é mais simples que o alfabético e porque a leitura de números é mais fortemente imposta pela vida diária. O que merece mais atenção, entretanto, são os percentuais próximos de 30% de pessoas que se encontram no nível rudimentar de domínio das habilidades, tanto em leitura quanto em matemática: só conseguem ler palavras e frases, só lêem números familiares sem fazer operações elementares. Surpreendente e sem dúvida também preocupante é o fato de que só cerca de um quarto da população atinge o nível pleno de domínio das habilidades medidas, tanto em leitura quanto em matemática.

Resultados do Inaf - Habilidades de leitura e habilidades matemáticas

Leitura e escrita

Matemática

2001

2003

2005

Diferença

2001 - 2005

2002

2004

Diferença

2002 - 2004

Analfabeto

9%

8%

7%

- 2 pp

3%

2%

- 1 pp

Alfabetizado Nível Rudimentar

31%

30%

30%

- 1 pp

32%

29%

- 3 pp

Alfabetizado Nível Básico

34%

37%

38%

+ 4 pp

44%

46%

+ 2 pp

Alfabetizado Nível Pleno

26%

25%

26%

-

21%

23%

+ 2 pp

Assim como os estudos internacionais, o Inaf comprova que a duração da escolaridade é o principal determinante das habilidades de leitura e escrita da população. No caso das habilidades de leitura, por exemplo, constata-se que, entre as pessoas que seriam consideradas alfabetas funcionais por não terem a 4ª série completa, um quarto está na condição de analfabetismo absoluto. Entre os que têm de 4ª série a 7a série, o nível rudimentar somado ao analfabetismo ainda é a situação majoritária. Se algum patamar de escolaridade precisa ser usado como indicador de alfabetismo funcional, o correto seria tomar a 8ª série como mínimo, pois só entre pessoas com esse grau de ensino temos mais de 80% que atingem pelo menos o nível básico de habilidade em leitura. Com relação à matemática, os resultados são semelhantes. Oito anos de ensino fundamental correspondem também ao que a Constituição garante como direito de todos os cidadãos e deve ser a referência quando o país estabelece metas para superar o analfabetismo e a exclusão educacional.

O acesso à informação e à aprendizagem

Correlacionando os resultados dos testes com as declarações dos sujeitos sobre suas práticas de leitura e escrita, podemos ter a dimensão do que os níveis de alfabetismo significam em termos de participação em práticas culturais, acesso à informação e aos postos de trabalho mais qualificados. Por exemplo, o Inaf constatou que a maioria dos alfabetizados no nível rudimentar e básico não costuma ler livros (29% e 16%) ou só lêem um tipo de livro (42%), geralmente a Bíblia ou livros religiosos. Só entre pessoas alfabetizadas no nível pleno temos uma maioria de leitores que diversifica seus interesses: 33% costumam ler dois gêneros e 34% três ou mais gêneros, incluindo, além dos religiosos, as obras de ficção, biografia e história, ensaios e livros técnicos, entre outros.

Ao lado dos impressos, os meios informatizados se impõem cada vez mais como meio de comunicação e informação. O uso de computadores ainda é restrito a um quarto da população brasileira, do qual 82% acessam a internet e 70% enviam e recebem e-mail. Como era de se esperar, o uso do computador é inexpressivo entre os analfabetos e alfabetizados no nível rudimentar. Entretanto, entre as pessoas mais escolarizadas, cujo acesso é maior, seu uso mostrou ter uma influência destacada no desenvolvimento das habilidades de leitura. Enquanto 44% dos alfabetizados no nível pleno afirmam usar computador todos ou quase todos os dias, entre os de nível básico esse percentual é de 26%.

A realização de cursos, para além do ensino formal, também é um fator de promoção das habilidades de leitura e escrita. A educação continuada é um setor em que os países desenvolvidos têm feito grandes investimentos, conscientes de que, na sociedade contemporânea, é essencial renovar constantemente os conhecimentos. Os estudos internacionais mostram que, em países como Suíça, Estados Unidos, Noruega e Canadá, aproximadamente 50% da população adulta participou de algum programa educativo nos doze meses anteriores aos levantamentos. Segundo o Inaf, a freqüência a cursos vem aumentando lentamente no Brasil, mas ainda é uma prática muito restrita. Em 2005, havia 44% de pessoas entre 15 a 64 anos que nunca tinham feito um curso além do ensino formal e só 16% haviam feito algum nos 12 meses anteriores à entrevista.

Os compromissos necessários para um Brasil alfabetizado

Os dados sobre o alfabetismo funcional confirmam que a educação básica é o pilar fundamental para promover a leitura, o acesso à informação, a cultura e a aprendizagem ao longo de toda a vida. Assim, para que tenhamos um Brasil com níveis satisfatórios de participação social e competitividade no mundo globalizado, um primeiro compromisso a ser reafirmado é com a extensão do ensino fundamental de pelo menos oito anos a todos os brasileiros, independentemente da faixa etária, com oferta flexível e diversificada aos jovens e adultos que não puderam realizá-lo na idade adequada.

É preciso também reconhecer que os resultados da escolarização em termos de aprendizagem ainda são muito insuficientes e que um eixo norteador para a melhoria pedagógica na educação básica deve ser o aprimoramento do trabalho sobre a leitura e a escrita. É preciso superar a visão de que esse é um problema apenas dos professores alfabetizadores e dos professores de Português. Grande parte das aprendizagens escolares depende da capacidade de processar informações escritas, verbais e numéricas, relacionando-as com imagens, gráficos etc. Todos os educadores precisam atuar de forma coordenada na promoção dessas habilidades, contando com referências claras quanto a estratégias e estágios de progressão desejáveis ao longo do processo, para que os avanços possam ser monitorados. Com apoio dos gestores, todos os professores devem agir sistemática e intensivamente no sentido de desenvolver nos alunos hábitos e procedimentos de leitura para estudo, lazer e informação, assim como proporcionar o acesso e a manipulação das fontes: bibliotecas com bons acervos de livros, revistas e jornais, computador e internet.

Finalmente, é preciso reconhecer que a promoção do alfabetismo não é tarefa só da escola. Os países que já conseguiram garantir o acesso universal à educação básica estão conscientes de que é necessário também que os jovens e adultos encontrem, depois da escolarização, oportunidades e estímulos para continuar aprendendo e desenvolvendo as suas habilidades. Os programas de dinamização de bibliotecas e inclusão digital são fundamentais e devem ser levados a sério pelas políticas públicas. Para a população empregada, o próprio local de trabalho pode ser potencializado como espaço de aprendizagem e, nesse caso, os empresários têm uma participação importante nos compromissos a ser assumidos. As empresas podem oferecer e incentivar o uso de acervos de jornais, revistas e livros, assim como de terminais de acesso à internet para fins de pesquisa, além de ampliar as oportunidades de participação em programas educativos relacionados ao desenvolvimento pessoal e profissional dos trabalhadores, dando especial atenção aos que têm menor qualificação e necessitam de mais apoio para superar a exclusão cultural.

HUMOR:

AULA DE PORTUGUÊS

Na escola, a professora pergunta a um dos alunos:

- Diga um verbo.
- Bicicreta.
- Não é bicicreta, é bicicleta. E bicicleta não é verbo!

Depois, pergunta a outro aluno:

- Diga um verbo.
- Prástico.
- Não é prástico, é plástico. E plástico não é verbo!

A professora, desesperada, pergunta a um terceiro aluno:

- Diga um verbo.
- Hospedar.
- Muito bem! Agora diga uma frase com o verbo que você escolheu!
- Os pedar da bicicreta são de prástico...

O ANALFABETISMO FUNCIONAL

Por Paulo Botelho

O Analfabetismo Funcional constitui um problema silencioso e perverso que afeta as empresas. Não se trata de pessoas que nunca foram à escola. Elas sabem ler, escrever e contar; chegam a ocupar cargos administrativos, mas não conseguem compreender a palavra escrita. Bons livros, artigos e crônicas, nem pensar! Computadores provocam calafrios e manuais de procedimentos são ignorados; mesmo aqueles que ensinam uma nova tarefa ou a operar uma máquina. Elas preferem ouvir explicações da boca de colegas. Entretanto, diante do chefe - isso quando ele é mesmo um chefe - fingem entender tudo, para depois sair perguntando aos outros o que e como deve ser realizado tal serviço. E quase sempre agem por tentativa e erro. O meu caro leitor deve estar imaginando que esse problema afeta apenas uma parcela mínima da população. Não é verdade. Calcula-se que, no Brasil, os analfabetos funcionais somem 70% da população economicamente ativa. No mundo todo há entre 800 e 900 milhões deles. São pessoas com menos de quatro anos de escolarização; mas pode-se encontrar, também, pessoas com formação universitária e exercendo funções-chave em empresas e instituições, tanto privadas quanto públicas! Elas não têm as habilidades de leitura compreensiva, escrita e cálculo para fazer frente às necessidades de profissionalização e tampouco da vida sócio-cultural.

A queda da produtividade provocada pela deficiência em habilidades básicas resulta em perdas e danos da ordem de US$ 6 bilhões por ano no mundo inteiro. Por que? Porque são pessoas que não entendem sinais de aviso de perigo, instruções de higiene e segurança do trabalho, orientações sobre processo produtivo, procedimentos de normas técnicas da qualidade de serviços e negligência dos valores da organização empresarial. Eis aí o "Calcanhar de Aquiles" de tantas organizações: Declaração e Prática de Valores. E o que são esses Valores? São crenças e princípios que orientam as atividades e operações de uma empresa, independente de seu porte ou ramo de atividade. Seus dirigentes devem mostrar, na prática, que os sistemas, procedimentos e atitudes comportamentais são respeitados e coerentes com os valores estabelecidos em função de seus clientes e da ética dos negócios. Se não for assim, os resultados serão desastrosos. Quem não se lembra de manchetes de jornais mencionando "problemas inesperados" que abalaram a imagem de tantas empresas? Um defeito no chip Pentium da Intel levou-a a substituir o produto no mercado. Um número desconhecido de cápsulas de Tylenol contaminado com cianureto mata oito pessoas nos Estados Unidos; a Johnson & Johnson retira todos os frascos do mercado americano e tem um prejuízo de US$ 100 milhões! Alguém tem dúvida de que tais exemplos, entre tantos, não sejam efeitos da ignorância?

Para que o analfabetismo funcional se erradique só existe uma saída: educar e treinar para a qualidade. E qualidade não tem custo; é investimento. O custo da qualidade é a despesa do trabalho errado, mal feito, incompleto, sem profissionalismo. É o custo do analfabetismo funcional!

Paulo Augusto de Podestá Botelho é Professor e Consultor de Empresas para Programas de Engenharia da Qualidade, Antropologia Empresarial e Gestão Ambiental. Membro da SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. http://www.paulobotelho.com.br/

Brasil Analfabetizado


por Ricardo Tiezzi

Eles sabem ler mas não compreender. Reconhecem números mas não conseguem passar das operações básicas. São os analfabetos funcionais, conceito criado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 1978 para referir-se a pessoas que, mesmo sabendo ler e escrever algo simples, não tem as habilidades necessárias para viabilizar o seu desenvolvimento pessoal e profissional.
No campo quantitativo relativo à educação o Brasil avançou muito: começamos o século 20 com cerca de 65% de analfabetos, tendo baixado para 51% em 1950 e apresentado reduções mais drásticas só a partir de 1975, para chegarmos ao ano 2000 com 13% de analfabetos. Hoje são 8%.
Mas na qualidade a coisa vai mal. Como ressalva o professor da FEA-USP, Daniel Augusto Moreira, "o problema do analfabetismo – entendido como a incapacidade absoluta de ler e escrever – costuma esconder um outro, tão ou mais perigoso, exatamente por passar despercebido a muitos: trata-se do analfabetismo funcional".
Vamos ver então o outro lado do analfabetismo.
As pesquisas mais confiáveis no Brasil são realizados pelo Instituto Paulo Montenegro, em parceria com a ONG ação educativa, que divulgam anualmente o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF). Existem dados oficiais, do IBGE, mas que considera analfabetos funcionais os que têm menos de quatro anos de estudo. Isso torna o dado pouco confiável, pois o número de anos de estudo considerados como mínimo para se atingir um nível de alfabetização suficiente é relativo.
De acordo com os últimos dados do INAF, 75% dos brasileiros são considerados analfabetos funcionais. Isso mesmo: 3 em cada 4 brasileiros. Destes, 8% são analfabetos absolutos, 30% lêem mais compreendem muito pouco e 37% entendem alguma coisa mas são incapazes de interpretar e relacionar informações.
O estudo indicou que apenas 25% dos brasileiros com mais de 15 anos têm pleno domínio das habilidades de leitura e de escrita. Com relação à Matemática, o último INAF mostra que 77% são analfabetos funcionais.
Se olharmos o problema de uma perspectiva curiosa, para não dizer trágica, o Brasil começa o século 21 com um número maior de analfabetos funcionais do que tinha de analfabetos absolutos no começo do século passado. Ok, podemos ficar felizes que as pessoas sabem ler e escrever. Mas isso não lhes adianta de nada.
Na Alemanha, a taxa de analfabetos funcionais é de 14%. Nos EUA, 21%. Na Inglaterra, 22% (para melhorar esta taxa, o governo britânico introduziu a "Hora da Leitura" no ensino fundamental ). Na Suécia, a taxa é de 7%. Estudantes da classe média brasileira lêem pior do que operários alemães.
Não é por acaso que o contingente de leitores de livros no Brasil seja tão pequeno em relação à população. Apenas 17 milhões de pessoas compraram ao menos um livro no último ano, 10% da população. Uma piada corrente nas rodas de editores, livreiros e escritores pode dar o tom preciso da história da literatura no Brasil. Na véspera do aniversário de um amigo, um rapaz, amante das letras, conta entusiasmado ao colega que vai presenteá-lo com um livro. O aniversariante, constrangido, diz: "Obrigado, mas eu já tenho um".
A média anual de leitura entre os que lêem é de 12 obras e a compra per capita de livro não-didático por adulto alfabetizado é de 0,66. Se comparado a países desenvolvidos, a média de leitura por habitante é lamentável. No Brasil, esse índice é de 1,8, contra 7 da França, 5,1 dos Estados Unidos, 5 da Itália e 4,9 da Inglaterra. Em todas as nações desenvolvidas, metade da população é razoavelmente letrada, o que tem favorecido o progresso.
Como mudar esse árido cenário? Estudos internacionais indicam que é necessário perceber que a familiaridade com a leitura não é adquirida de forma espontânea. A experiência mostra, segundo o Ministério da Cultura, que as nações avançadas produzem seus leitores em larga escala. Em todas elas, os fatores infra-estruturais envolvidos na de geração de leitores revelaram-se os mesmos: estímulo à leitura na família e na escola.
E, óbvia e urgentemente, investir na qualidade da educação para extirpar o analfabetismo funcional. "Afinal, vivemos na chamada 'sociedade do conhecimento', na qual os neurônios são muito mais importantes do que os músculos", ressalta o empresário Antonio Ermírio de Morais, em artigo na Folha de S. Paulo. E lembra: "Nenhum país consegue crescer 5% ou 6% ao ano por muito tempo com uma população tão mal preparada."
Para a professora Cileda Coutinho, da PUC-SP, "não adianta mudarmos currículos, fazermos projetos, se não trabalharmos tudo ao mesmo tempo. Projetos isolados não vão produzir resultados se não estiverem no bojo de um trabalho maior e contínuo".
O educador, escritor, teólogo, psicanalista e professor emérito da Unicamp, Rubem Alves, vai mais longe nas transformações de que necessita a educação no Brasil. "A escola tradicional é construída no modelo da linha de montagem, tempo mecânico. Então se transforma em uma experiência de sofrimento, e as crianças não aprendem. Eu acho que o caminho da reforma da educação não passa por novas tecnologias, nem novas ciências. Sendo romântico: passa pelo coração."
Em artigo na Folha, o jornalista Gilberto Dimenstein, lembrou que um dos mais graves problemas de somente um grupo seleto ser alfabetizado funcionalmente aparece em momentos decisivos como das eleições municipais prestes a acontecer: "Vamos falar quase exclusivamente para o Clube dos 20%, apresentando números, estatísticas, enquanto a maioria vai se encantar com os delírios embalados pelo marketing. Isso pela simples e óbvia razão de que, com baixa escolaridade, a democracia será sempre uma simulação de representatividade."


Leia mais:

Letramento no Brasil, de Vera Masagão (org)
Editora Global

Fomos Maus Alunos, de Rubem Alves e Gilberto Dimenstein
Editora Papirus

Analfabetismo Funcional: o Mal Nosso de Cada Dia, de Daniel Augusto Moreira
Editora Pioneira-Thomson Learning

Site do Instituto Paulo Montenegro


http://www.ipm.org.br/

09/09/2005 - Brasil tem 75% de analfabetos funcionais, diz Ibope

Apenas 25% da população brasileira entre 15 e 64 consegue ler e escrever plenamente. Os outros 75% apresentam muita dificuldade ou nenhuma habilidade na leitura e na escrita. É o que atesta a terceira pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) no Brasil sobre analfabetismo funcional e absoluto.

Entre os dois mil entrevistados, 68% são analfabetos funcionais, isto é, apresentam dificuldade em interpretar textos e não têm muita habilidade na escrita.

Uma pequena melhora foi notada entre o grupo do nível dois de alfabetismo, formado por pessoas capazes de ler textos curtos e localizar algumas informações. O aumento de 34% para 38% reflete uma melhora no ensino fundamental no Brasil. A prova aplicada pelo Instituto nos pesquisados tinha 20 perguntas sobre família, estudo e hábitos de leitura e escrita.

Os outros níveis de ensino da leitura e escrita abordados pelo Ibope mantiveram os índices da última pesquisa, realizada em 2001 pelo Instituto. O nível rudimentar, em que a pessoa consegue ler títulos e frases isoladas, manteve os 30%. Já o nível pleno continua com os mesmos 26%.

Fonte: Ig Educação

Analfabetos funcionais

O ensino brasileiro vai muito bem nas estatísticas e muito mal na realidade. Para piorá-lo, o governo FHC, com argumentos que até pareciam racionais (a necessidade de evitar a repetência), estabeleceu a famigerada progressão automática no Ensino Médio. Independentemente de seu desempenho escolar, todos os alunos das escolas públicas (imitadas pelas particulares) agora passam de ano, ficando com créditos a pagar na série seguinte, como já se fazia no ensino universitário. Com isso, diminuiu-se a repetência, sim, mas caiu a qualidade do ensino ministrado, que já não era muito alta e passou a ser alarmante.

O problema não pode ser atribuído somente à reforma adotada pelo ensino médio, pois o estrago original se situa no ensino fundamental, com a saída de milhares de alunos na verdade não alfabetizados, mas que formam uma categoria invisível para as contas dos governos, que é a dos analfabetos funcionais.

Essa realidade tem sido exposta com precisão desde o ano de 2001, quando o IBGE criou o Instituto Paulo Montenegro, ligado aos problemas educacionais, dedicando especial atenção à grande mancha oculta dos que dizem saber ler, assinam o nome ? e com isso obtêm seu título de eleitor ? mas não entendem claramente o conteúdo do texto lido. Há poucos dias, aquele Instituto divulgou mais um dos seus indicadores (o 5º) sobre o analfabetismo funcional no Brasil. Entenda-se: o número de pessoas que foi à escola, mas tem grandes limitações de leitura, escrita e contas.

Utilizando-se de uma amostra de 2.000 entrevistados, os pesquisadores chegaram à conclusão de que apenas um quarto da população brasileira é plenamente alfabetizada. Para o presidente do IPM, Fábio Montenegro, não adianta aumentar o número de matrículas, se os jovens pouco aprendem. Com toda razão, ele acredita que só deveria ter acesso ao ensino médio quem comprovasse saber, ao menos, ler, escrever e conhecer as quatro operações fundamentais, estando a partir dessa base mínima preparado para aprender o resto ? seja no campo profissional, ou do saber desinteressado.

Procurando dar aos seus auxiliares na produção o que a escola pública tem negado, alguns empresários estão investindo firmemente na oferta de cursos para os trabalhadores. Segundo a pesquisa, hoje no Brasil 10% dos homens de negócios demonstram preocupação clara com o analfabetismo funcional. Perceberam que pessoas mais qualificados aumentam a auto-estima e a produtividade, tendendo a crescer na empresa. O analfabeto funcional, enquanto mantém a sua carência educativa, influi negativamente na economia.

No Brasil, por anos seguidos, todo o esforço do governo parecia orientar-se apenas para a melhoria do ensino superior.

Em anos recentes, houve criação de novos cursos, nas áreas da informática, das ciências médicas e assim por diante, inclusive com mestrados e doutorados.

O objetivo seria preparar o cidadão para as novas exigências do mercado de trabalho, impostas pelas novas tecnologias. No entanto, no ensino fundamental e técnico médio não aconteceu nada de auspicioso, salvo uma ou outra exceção, como a recuperação do Ginásio Pernambucano, mas isso por iniciativa de empresas privadas.

Ocorre que a Universidade é alimentada pelos alunos que antes cursaram as séries do ensino fundamental e médio. E, se estes não funcionam satisfatoriamente, oferecer conhecimento de nível superior é o mesmo que construir edifícios sobre terrenos sem bases sólidas. O resultado é que os cursos ditos superiores também fabricam seus analfabetos funcionais: doutores pedantes e autores de teses, mas que não conhecem regras elementares de concordância gramatical.


[Jornal do Commercio ]

A situação da educação no Brasil apresentou melhorias significativas na última década do século XX: houve queda substancial da taxa de analfabetismo e, ao mesmo tempo, aumento regular da escolaridade média e da freqüência escolar (taxa de escolarização). No entanto, a situação da educação no Brasil ainda não é satisfatória, principalmente em algumas das cinco grandes regiões do país.

Veja nos gráficos que seguem as estatísticas educacionais produzidas pelo IBGE, mas antes, acompanhe no quadro abaixo a descrição sucinta do Sistema Educacional Brasileiro.

O Sistema Educacional Brasileiro

Educação infantil

§ destinada a crianças de 0 a 6 anos de idade. Compreende creche e pré-escola;

Ensino fundamental (1º Grau)

§ abrange a faixa etária de 7 a 14 anos e com duração de 8 anos. É obrigação do Estado garantir a universalidade da educação neste nível de ensino.

Ensino médio (2º Grau) e médio profissionalizante

§ Duração variável entre 3 e 4 anos;

Ensino superior

§ Compreende a graduação e a pós-graduação. Os cursos da graduação têm duração de 4 a 6 anos. Na pós-graduação, a duração varia de 2 a 4 anos, para os cursos de mestrado, e entre 4 a 6 anos, para o doutorado.

Além desses níveis, o sistema educacional atende aos alunos portadores de necessidades específicas, preferencialmente, na rede regular de ensino. Esse atendimento ocorre desde a educação infantil até os níveis mais elevados de ensino. Atende, também, ao jovem e ao adulto que não tenham seguido ou concluído a escolarização regular, na idade própria, através dos cursos e exames supletivos.

Taxa de analfabetismo

Na última década do século XX - 1991/2000, a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais de idade caiu de 20,1% para 13,6 % .

Confira na tabela abaixo.

Taxa de analfabetismo de pessoas
de 15 anos ou mais de idade Brasil

1970

33,60%

1980

25,50%

1991

20,10%

2000

13,60%

Fonte: Síntese de Indicadores Sociais 2000.

Essa queda continua sendo percebida ao longo dos primeiros anos do século XXI, chegando a 11,8% em 2002. No entanto, apesar dessa redução, o país ainda tem um total de 14,6 milhões de pessoas analfabetas.

Além do mais, a redução na taxa de analfabetismo não foi a mesma nas grandes regiões do país. No gráfico abaixo podemos identificar essas desigualdades:

Analfabeto funcional é a pessoa que possui menos de quatro anos de estudos completos.

Na América Latina, a UNESCO ressalta que o processo de alfabetização só se consolida de fato para as pessoas que completaram a 4ª série. Entre aquelas que não concluíram esse ciclo de ensino, se tem verificado elevadas taxas de volta ao analfabetismo (Boletim: Projecto Principal de Educação en America Latina e el Caribe, 1993).

De acordo com essa definição, em 2002 o Brasil apresentava um total de 32,1 milhões de analfabetos funcionais, o que representava 26% da população de 15 anos ou mais de idade.

Confira na tabela as diferenças das taxas de analfabetismo funcional entre as Grandes Regiões.

Taxa de analfabetismo funcional das pessoas de 15 anos ou mais de idade,
segundo as grandes regiões - 2002

1992

2002

Brasil

36,9%

26%

Norte

33,2%

24,7%

Nordeste

55,2%

40,8%

Sudeste

29,4%

19,6%

Sul

28,9%

19,7%

Centro-Oeste

33,8%

23,8%

Média de anos de estudo

A média de anos de estudo é uma forma de medir a defasagem escolar.

Quando uma pessoa não está cursando a série esperada para sua faixa etária, dizemos que ela está defasada. Por exemplo, uma criança com nove anos de idade deveria estar matriculada na terceira série do nível fundamental e não em uma série anterior.

Em 2002, considerando-se as pessoas com 10 anos ou mais de idade, a população do país tinha uma média de 6,2 anos de estudo. Em comparação a 1992, houve um aumento de 1,3 anos de estudo na média nacional.

Apesar do aumento no número de anos de estudo, ocorrido nos últimos dez anos, a defasagem escolar ainda é grande. Vejamos um exemplo prático desse problema:

As pessoas de 14 anos de idade deveriam ter em média 8 anos de estudo, ou seja, terem terminado o ensino fundamental (completado a 8ª série). Porém, é somente na faixa entre 19 e 24 anos de idade que a média da população alcança 8 anos de estudo.



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geraldo mota
http://geraldomotacoelho.blogspot.com/

Um comentário:

Anônimo disse...

Grande Lalau,

Parabéns pela iniciativa do Blog. Tomei conhecimento dele através do Felipe numa feijoada na AABB e fiquei surpreso com a diversidade de informações.

Muito completa a sua pesquisa sobre o ANALFABETISMO. É um sério problema nacional e do Jequitinhonha em particular.

Revirando meus textos localizei um que escrevi em 2002, que toca diretamente nesta "ferida", cujo conteúdo segue abaixo.

Grande abraço,

JOÃO RAIMUNDO DE ABREU
MINAS NOVAS (MG)


Meu pequeno cidadão

João Raimundo de Abreu
Mar/2002

Ontem estive no supermercado em compras. Sempre que saio nesta entediante missão, tenho a companhia do meu filho de seis anos que consegue transformá-la em lazer. Ele se apodera do carrinho guarda-compras, tão logo chegamos, e faz dos corredores formados pelas gôndolas de mercadorias colocadas paralelamente uma verdadeira pista de automobilismo. Trafega doidamente por todos os quadrantes do supermercado, o que até me causa receio de ser repreendido pelo gerente. Se o carrinho bate na base de uma daquelas pirâmides de óleo de soja que eles formam? Não gosto nem de imaginar...

Durante uma dessas voltas, à distância, verifiquei que ele fora abordado por uma senhora. Cinqüenta anos, aparentava. Com um objeto nas mãos, perguntou-lhe algo, que ele prontamente respondeu e novamente se afastou com seu brinquedo. Aproximei-me e indaguei o que queria aquela senhora. Comentou que ela queria saber o preço da xícara. – Um quarenta e cinco! – disse ter respondido. Em seguida, questionou-me o motivo pelo qual aquela senhora não sabia ler. Difícil explicar-lhe o que até mesmo para mim parece incompreensível. Respondi que, possivelmente, quando criança, não houvesse escolas na região onde ela morava, isto certo da próxima pergunta, que obviamente veio: - Por que não as havia?

Tais abordagens são costumeiras aqui em Minas Novas, notadamente aos sábados, ocasião em que os feirantes da zona rural vão às compras, após comercializarem seus produtos na feira livre do mercado municipal. Muitos confessam que não decifram os preços das mercadorias porque não têm leitiura, outros disfarçam sob a alegação de que não enxergam bem. Problemas nas vistas. Pobres criaturas, não têm porquê se envergonhar. Na verdade, são vítimas dos desequilíbrios sociais e da falta de políticas públicas que equacionassem o problema em sucessivos governos sem compromisso, alheios à obrigação de qualquer governo, que se preze, de proporcionar ao seu povo o acesso a direitos básicos, dentre eles a educação.

Fiquei ali num misto de satisfação e indignação. Indignado com visível disparidade social, onde pessoas que, vivendo num mundo que, em crescente competitividade, torna-se difícil sobreviver com os conhecimentos que se adquire em nível superior, não tiveram acesso sequer às primeiras letras. Por outro lado, satisfeito em presenciar meu garoto em flagrante lição de cidadania. Solícito, não hesitou em ser útil àquela senhora prestando-lhe a ajuda necessária e ainda posicionando-se criticamente, na medida em que questionara por quais motivos foram negados a ela os mesmos direitos que ele, felizmente, estava tendo acesso. É o que nos deixa esperançosos. E que a sociedade cultue esse sentimento de igualdade tão presente nas crianças, pois mais do que idéias, mais do que conceitos, mais do que discursos, cidadania é envolvimento, compromisso, doação.

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