Acordei hoje cedo ouvindo vozes ao longe:"Essa é a voz da cidade, uma organização da Liga Católica Jesus Maria José, falando diretamente de seus estúdios, convocando aos liguistas para a Santa Missa logo mais às 07 horas e, a seguir, a Grande Procissão Festiva".
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Pulei da cama e quase não consegui tomar o meu café matutino, quando me lembrei que não estava em Minas Novas e então fiquei com a garganta embargada ao lembrar-me daqueles momentos maravilhosos.
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Que saudades de cidadãos tão queridos como o mestre Luiz Leite, o Dr. Vicente Mário Silva, o Mestre Zé Gomes, seu Levy Maria de S. Geraldo, Seu Zezinho, Zé de Araujo e tantos outros homens abnegados que cuidavam da Liga Católica e da Irmandade do Santíssimo Sacramento, bem como trabalhavam pela boa integração dos Operários e dos Lavradores, colocando-os todos, alegres e valorizados como verdadeiros Soldados de Jesus, marchando sob a Cruz, com São José e Maria, naquele emocionante desfile de homens graves, bem vestidos com seus trajes domingueiros, portando bandeiras, estandartes, insígnias e medalhas douradas.
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E, no meio daquela multidão de homens, não posso me esquecer da figura exemplar de Dona Áurea, aquela pessoa que tanta falta está fazendo e que no meio da Grande Família Liguista era uma verdadeira plataforma, devendo estar -- hoje -- cuidando junto de Nossa Senhora para que não deixe de ser servida a grande bandeija de café com broa e requeijão aos liguistas lá do Céu!
O dia de São José, que deve ser festivo, na maior parte das paróquias foi celebrado na semana passada. de vez que o dia de hoje -- no calendário católico -- por coincîdência recaiu no meio da Semana Santa, quando não se pode bater sino nem soltar fogos de artifício.
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Em Minas Novas, ontem à noite houve a PROCISSÃO DO DEPÓSITO, quando os homens sairam da Igreja da Matriz levando a imagem de Nosso Senhor dos Passos, deixando-a na Igreja do Rosário, e as mulheres seguirem com a Imagem de Nossa Senhora das Dores, deixando-a, em vigília, na Igreja de São Gonçalo do Amarante.
HOJE à noite, será a emocionante Procissão do Encontro, quadro de nossa Semana Santa de Minas Novas, em que se reproduz -- de forma admirável -- o famoso encontro de MARIA SANTÍSSIMA com seu Divino Filho, JESUS CRISTO, que nesta hora se apresenta debaixo da pesada Cruz sendo açoitado pelos soldados que o levam pelas "Ruas da Amargura" ou "VIA CRUCIS".
É, sem dúvida, uma representação artística da mais alta competência dos atores que se dedicam com zelo cidadão e com piedade religiosa, para manter sempre renovada a nossa cultura popular, acesa as tradições e a fé católica dessa respeitável Paróquia de São Pedro do Fanado das Minas Novas.
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Entretanto, a respeito de alguns comentários, não posso correr o risco de que fiquem eles ocultos, principalmente se a procedência for de uma tão grande importância como a que faço o maior empenho que seja divulgado.
Permito-me, assim, tornar público o texto enviado por meu ex-colega e sempre muito querido amigo João Raimundo Abreu, um cidadão minasnovense de incontestável supimpetude., de quem muito me orgulho em razão de nossa grande amizade e pelo fato de havermos lutado juntos, por mais de uma decada, pelo progresso de nosso município, através do nosso frutuoso trabalho na agência local do Banco do Brasil.
Ontem, nesta página, o tema escolhido foi a "importância da família" e tão logo publiquei o assunto do dia, deparei-me com o comentário do João Abreu , o que veio confirmar tudo o que havia escrito: O valor da boa formação dos filhos, o que podemos confirmar, tanto na própria pessoa do meu colega "Joãozinho de Dona Maria de Serafim Soldado", quanto no exemplo de sucesso, em termos de dignidade e de respeito, que ele e seus familiares representam para a nossa comunidade.
Na pessoa do João Abreu, homenageio todos os pais de família de Minas Novas que se preocupam em cuidar dos filhos como verdadeiras sementes do bem; aos pais, mães, avós e demais pessoas dignas que têm a sabedoria e o compromisso de fazer de suas crianças verdadeiros cidadãos, hoje e sempre.
Parabéns JOÃO ABREU, e que Deus Ilumine ao jovem GABRIEL para que ele, seguindo os passos do pai, possa continuar dando a sua valiosa contribuição no resgate da cidadania que, infelizmente, em nossa terra continua sendo negada à maior parte de nossos conterrâneos.
Meu pequeno cidadão
João Raimundo de Abreu
Mar/2002
Ontem estive no supermercado em compras. Sempre que saio nesta entediante missão, tenho a companhia do meu filho de seis anos que consegue transformá-la em lazer. Ele se apodera do carrinho guarda-compras, tão logo chegamos, e faz dos corredores formados pelas gôndolas de mercadorias colocadas paralelamente uma verdadeira pista de automobilismo. Trafega doidamente por todos os quadrantes do supermercado, o que até me causa receio de ser repreendido pelo gerente. Se o carrinho bate na base de uma daquelas pirâmides de óleo de soja que eles formam? Não gosto nem de imaginar...
Durante uma dessas voltas, à distância, verifiquei que ele fora abordado por uma senhora. Cinqüenta anos, aparentava. Com um objeto nas mãos, perguntou-lhe algo, que ele prontamente respondeu e novamente se afastou com seu brinquedo. Aproximei-me e indaguei o que queria aquela senhora. Comentou que ela queria saber o preço da xícara. – Um quarenta e cinco! – disse ter respondido. Em seguida, questionou-me o motivo pelo qual aquela senhora não sabia ler. Difícil explicar-lhe o que até mesmo para mim parece incompreensível. Respondi que, possivelmente, quando criança, não houvesse escolas na região onde ela morava, isto certo da próxima pergunta, que obviamente veio: - Por que não as havia?
Tais abordagens são costumeiras aqui em Minas Novas, notadamente aos sábados, ocasião em que os feirantes da zona rural vão às compras, após comercializarem seus produtos na feira livre do mercado municipal. Muitos confessam que não decifram os preços das mercadorias porque não têm leitiura, outros disfarçam sob a alegação de que não enxergam bem. Problemas nas vistas. Pobres criaturas, não têm porquê se envergonhar. Na verdade, são vítimas dos desequilíbrios sociais e da falta de políticas públicas que equacionassem o problema em sucessivos governos sem compromisso, alheios à obrigação de qualquer governo, que se preze, de proporcionar ao seu povo o acesso a direitos básicos, dentre eles a educação.
Fiquei ali num misto de satisfação e indignação. Indignado com visível disparidade social, onde pessoas que, vivendo num mundo que, em crescente competitividade, torna-se difícil sobreviver com os conhecimentos que se adquire em nível superior, não tiveram acesso sequer às primeiras letras. Por outro lado, satisfeito em presenciar meu garoto em flagrante lição de cidadania. Solícito, não hesitou em ser útil àquela senhora prestando-lhe a ajuda necessária e ainda posicionando-se criticamente, na medida em que questionara por quais motivos foram negados a ela os mesmos direitos que ele, felizmente, estava tendo acesso. É o que nos deixa esperançosos. E que a sociedade cultue esse sentimento de igualdade tão presente nas crianças, pois mais do que idéias, mais do que conceitos, mais do que discursos, cidadania é envolvimento, compromisso, doação.
João Raimundo de Abreu
Mar/2002
Ontem estive no supermercado em compras. Sempre que saio nesta entediante missão, tenho a companhia do meu filho de seis anos que consegue transformá-la em lazer. Ele se apodera do carrinho guarda-compras, tão logo chegamos, e faz dos corredores formados pelas gôndolas de mercadorias colocadas paralelamente uma verdadeira pista de automobilismo. Trafega doidamente por todos os quadrantes do supermercado, o que até me causa receio de ser repreendido pelo gerente. Se o carrinho bate na base de uma daquelas pirâmides de óleo de soja que eles formam? Não gosto nem de imaginar...
Durante uma dessas voltas, à distância, verifiquei que ele fora abordado por uma senhora. Cinqüenta anos, aparentava. Com um objeto nas mãos, perguntou-lhe algo, que ele prontamente respondeu e novamente se afastou com seu brinquedo. Aproximei-me e indaguei o que queria aquela senhora. Comentou que ela queria saber o preço da xícara. – Um quarenta e cinco! – disse ter respondido. Em seguida, questionou-me o motivo pelo qual aquela senhora não sabia ler. Difícil explicar-lhe o que até mesmo para mim parece incompreensível. Respondi que, possivelmente, quando criança, não houvesse escolas na região onde ela morava, isto certo da próxima pergunta, que obviamente veio: - Por que não as havia?
Tais abordagens são costumeiras aqui em Minas Novas, notadamente aos sábados, ocasião em que os feirantes da zona rural vão às compras, após comercializarem seus produtos na feira livre do mercado municipal. Muitos confessam que não decifram os preços das mercadorias porque não têm leitiura, outros disfarçam sob a alegação de que não enxergam bem. Problemas nas vistas. Pobres criaturas, não têm porquê se envergonhar. Na verdade, são vítimas dos desequilíbrios sociais e da falta de políticas públicas que equacionassem o problema em sucessivos governos sem compromisso, alheios à obrigação de qualquer governo, que se preze, de proporcionar ao seu povo o acesso a direitos básicos, dentre eles a educação.
Fiquei ali num misto de satisfação e indignação. Indignado com visível disparidade social, onde pessoas que, vivendo num mundo que, em crescente competitividade, torna-se difícil sobreviver com os conhecimentos que se adquire em nível superior, não tiveram acesso sequer às primeiras letras. Por outro lado, satisfeito em presenciar meu garoto em flagrante lição de cidadania. Solícito, não hesitou em ser útil àquela senhora prestando-lhe a ajuda necessária e ainda posicionando-se criticamente, na medida em que questionara por quais motivos foram negados a ela os mesmos direitos que ele, felizmente, estava tendo acesso. É o que nos deixa esperançosos. E que a sociedade cultue esse sentimento de igualdade tão presente nas crianças, pois mais do que idéias, mais do que conceitos, mais do que discursos, cidadania é envolvimento, compromisso, doação.
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